Mentiras de Azeredo em juízo viabilizaram pena de 20 anos

Afirmação é da juíza Marisa Costa Lage, da 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte, responsável pela condenação do ex-governador tucano que liderou “Mensalão mineiro”

Foto: José Cruz/ Agência Brasil

A condenação do ex-governador e senador mineiro Eduardo Azeredo (PSDB) a 20 anos e 10 meses de prisão, pela juíza Marisa Costa Lage, só foi possível após ela identificar uma série de mentiras ditas pelo réu durante depoimentos à Justiça, informa reportagem publicada nesta sexta-feira pelo portal de notícias Brasil 247.

A juíza da 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte relata em sua sentença, segundo o portal, que executou um “trabalho extremamente árduo” de caça a provas, mas que conseguiu “retirar das entranhas do processo, o detalhe, a contradição, a mentira”, que acabaram resultando na condenação. Azeredo disse que vai recorrer.

Marisa define como “despudoradas” as mentiras do tucano. “Em todas as oportunidades que teve para se manifestar nos autos, o acusado (Eduardo Azeredo) mentiu, objetivando, de todas as formas, confundir o julgador e se esquivar de sua responsabilidade penal”, declarou Marisa.

Azeredo relatou, por exemplo, não ter tido conhecimento do uso de caixa dois em sua campanha eleitoral por – ocupado na função de governador –, não poder acompanhar as atividades do seu comitê.

Muitas mentiras – A listagem de mentiras relacionadas na sentença de 125 páginas é grande. “Ele mentiu sobre suas relações pessoas com os demais envolvidos, para parecerem superficiais; mentiu que não se envolvia na campanha e de nada sabia sobre questões financeiras”, disse Marisa.

Também “mentiu ao afirmar que Claudio Mourão (que foi o tesoureiro da campanha de Azeredo em 1998) fora o único responsável por toda a questão financeira da campanha”, numa contradição ao depoimento do próprio acusado.

Outra mentira ajudou a desmontar a argumentação de Azeredo de que não sabia detalhes da contratação do publicitário Duda Mendonça. Segundo ela, ele “mentiu sobre a contratação de Duda Mendonça, afirmando ser o único político envolvido na campanha que não sabia dos valores que seriam pagos a ele”.

Depoimentos de Clésio Andrade (seu vice na campanha de 1998) e de Walfrido dos Mares Guia, bem como documentos do publicitário Marcos Valério nos autos, contradisseram a afirmação do governador.

A juíza também afirma que Azeredo mentiu sobre a participação de Marcos Valério e a SMP&B naquela campanha eleitoral de reeleição, confrontando declarações de Clésio Andrade (novamente), Marcos Valério, Cláudio Mourão, Denise Landim, Leopoldo José de Oliveira, José Vicente Fonseca e Alezandre Rogério Martins da Silva.

O ex-governador mentiu ainda sobre os patrocínios determinados pelo Governo do Estado às empresas estatais Copasa (água e saneamento), Cemig (energia elétrica) e Bemge (banco), “restando claro que foi o próprio acusado que os determinou”, diz outro trecho da sentença.

Ele “mentiu sobre o pagamento das dívidas de Cláudio Mourão e Marcos Valério, sendo que, nesse caso, a mentira foi tão despudorada que prescindível depoimento de testemunha. A análise das próprias declarações do acusado já seria suficiente para demonstrar o tamanho da inverdade”, afirma Marisa.

“Aliados a todos os depoimentos, declarações e documentos que, por si sós, foram capazes de demonstrar o caminho de mentiras em que se enveredou o acusado Eduardo Azeredo, encontram-se as declarações de Clésio Andrade, que afirmou que todas as decisões da campanha eram tomadas por Eduardo Azeredo, Walfrido dos Mares Guia, Cláudio Mourão, Álvaro Azeredo e João Heraldo”.

Conforme a juíza, várias testemunhas “são uníssonas em afirmar que o acusado tinha conhecimento de toda trama envolvida em sua campanha eleitoral, tornando-se essa, portanto, a única versão possível e plausível para os fatos dos autos”.

Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias

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