Mídia internacional denuncia golpe em curso no Brasil

Veículos estrangeiros questionaram legalidade do processo de impeachment de Dilma, lembrando que maioria dos deputados a favor tem denúncias de corrupção

A cobertura da imprensa internacional sobre o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff vem apresentando muitas críticas à maneira que é conduzido, aos deputados envolvidos e faz denúncias de que há um Golpe de Estado em curso no Brasil. Diversos veículos e jornalistas em todo o mundo questionam a legalidade do processo, ressaltando que a maioria dos parlamentares que votaram a favor do impeachment tem denúncias de corrupção, com destaque para o presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). As justificativas dos deputados para votar pelo afastamento da presidenta, que vão desde o nascimento da filha ou da neta, a renovação carismática, até homenagens a torturadores, também foram abordadas pela mídia internacional.

Veja abaixo as principais notícias em publicações do mundo todo sobre a situação do Brasil:


Le Monde, França

A edição desta segunda (16/5) do jornal francês “Le Monde” faz um balanço dos primeiros passos do presidente golpista Michel Temer. Um dos periódicos mais respeitados do país europeu afirma que o governo não seduziu os brasileiros e sentencia: “Temer fracassou na estreia”.

As primeiras medidas de Temer, diz o jornal, deixou qualquer um perplexo. Entre as quais, destaca os ministério sem mulheres; a extinção da pasta da Cultura, reduzida a uma secretaria de Estado; e sete ministros citados em inquéritos judiciais. “Le Monde” também diz que Temer carrega as marcas da continuidade e do conservadorismo.

Leia mais.

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LIBÉRATION, França

O “Libération”, jornal de opinião diário de Paris, publicou um manifesto sobre o processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. Para eles, todos os democratas devem apoiar Dilma, que está sob ameaça de um golpe institucional que tem por objetivo acabar com as políticas sociais e de educação do Brasil.

“Decidimos nos expressar, impulsionado pelo nosso compromisso de defender em todos os lugares a democracia e a justiça social”, diz um trecho do manifesto. O jornal também criticou Eduardo Cunha e a votação na Câmara. “Eduardo Cunha é acusado de vários atos de corrupção, que fomentaram o golpe contra uma mulher de integridade. Outros parlamentares também invocaram Deus e a família para justificar o seu voto para o impeachment. O deputado Jair Bolsonaro dedicou o seu voto para a memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o torturador na ditadura militar”.

Veja a matéria na íntegra

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FINANCIAL TIMES, Inglaterra

O “Financial Times”, um dos mais importantes jornais da Inglaterra, entrevistou o presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos, Roberto Caldas, que disse ser preocupante haver declarações públicas de legisladores brasileiros de como eles pretendem votar à frente de importantes decisões do processo de impeachment. “O que é preocupante é que haja antecipação do voto. A antecipação de uma votação em um acórdão anula essa decisão. É algo muito grave. ”

O jornal ainda criticou o fato de que muitos deputados dedicaram seu voto às suas famílias e “até mesmo homenageando um ex-torturador de Rousseff durante a Ditadura Militar no Brasil”.

“Isso foi uma violação de um princípio estabelecido pelo tribunal de que um processo de impeachment deve ter algum tipo de base legal e não deve ser uma ação puramente política”, escreveu o periódico.

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NEW YORK MAGAZINE, EUA
Uma das revistas semanais mais lidas de Nova Iorque, a “New York Magazine” publicou artigo na última sexta-feira (22) em que acusa a campanha de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff de ser “violentamente sexista”. A publicação lembra que os dois últimos presidentes – ambos homens – também enfrentaram acusações similares e nenhum sofreu processo de perda do mandato. O artigo é assinado por Marc Hertzman, doutor em história da Universidade de Wisconsin (EUA).

No texto, ele afirma que Eduardo Cunha e outras lideranças que pedem a saída de Dilma “são acusados de roubar somas espetaculares dos cofres públicos para seus próprios bolsos” e o vice Michel Temer também é acusado de corrupção. “Não há dúvidas de que o processo de impeachment advém de um longo histórico de tratamento misógino relegado à Dilma”, afirma.

Leia mais sobre o artigo da NYMag aqui.

NYMag

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DE VOLKSKRANT, Holanda
O jornal holandês ‘de Volkskrant’ também denunciou golpe em curso no Brasil. Um dia após após a votação do impeachment da presidenta Dilma na Câmara, o veículo publicou uma entrevista com a professora de Estudos Latino-Americanos e especialista em Brasil da Universidade de Leiden, na Holanda, Marianne Wiesebron, que é categórica ao afirmar que “um golpe de Estado está em curso no Brasil”.

“Todo mundo sabe que é justamente Rousseff quem não é corrupta”, afirmou Wiesebron. Para ela, o processo de impeachment contra Dilma é antidemocrático e é evidente o papel do vice-presidente Michel Temer (PMDB) no golpe contra a presidenta.

Leia mais sobre a matéria do “de Volkskrant”aqui.

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de Volkskrant

 


MIAMI HERALD, EUA

O jornal norte-americano escreveu que Dilma é uma das poucas lideranças políticas que não é acusada de corrupção. “Mas entre os acusados está Eduardo Cunha, a cabeça do Legislativo brasileiro, o homem liderando o processo de impeachment. Ele tem sido investigado por lavar dinheiro e aceitar suborno. Muitos dos acusados, como ele, estão entre os parlamentares que decidirão o destino da presidenta”.

Publicado no sábado (23), o artigo diz ainda que Temer é uma figura política pouco querida e que substituiria Dilma, a depender do resultado da votação no Senado. “Depoimentos ligam seu nome e aliados próximos a escândalos de corrupção na Petrobras”.

Leia mais sobre o artigo do Miami Herald aqui.

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Miami Herald

 

 


LE MONDE, França

O jornal “Le Monde” publicou texto neste sábado (23) intitulado “O Le Monde foi parcial?”, em que analisa o questionamento de leitores sobre um primeiro editorial publicado em 31 de março chamado “Brasil: isto não é um golpe de Estado”.

O novo artigo, assinado pelo mediador Franck Nouchi, diz que o jornal não lembrou que “entre os apoiadores da destituição de Rousseff, muitos estão implicados em casos de corrupção, a começar por Eduardo Cunha, o atual presidente da Câmara dos Deputados”. Também considera que, em um jornal ideal, teriam enviado um repórter ao país para ajudar a “descrever, ademais, as fraturas sociais reveladas durante essa crise”. “O país do futuro ainda não terminou como o espectro de um retorno ao passado”, diz o jornal.

Leia na íntegra o artigo do Le Monde.


FORTUNE, EUA
Outra publicação americana, Fortune, disse que o impeachment de Dilma pode significar mais corrupção no Brasil e destaca que a presidenta Dilma não está sendo diretamente implicada em denúncias de corrupção. “Em contrate, os principais nomes do PMDB estão sob investigação, assim como políticos da maioria dos partidos do Brasil. Colocar o PMDB ao poder para limpar a política brasileira é semelhante a limpar o chão com um pano sujo”, afirmou.

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Fortune

 

 


FOREIGN POLICY, EUA

Estes parlamentares estão prontos para substituir Rousseff? É o que questiona a revista norte-americana “Foreign Policy”. Publicado na quinta-feira (21), o texto descreve que, durante uma votação de seis horas, o parlamentar Newton Cardoso Jr. (PMDB) se aproximou de seu microfone para anunciar que votaria para devolver “esperança ao coração de todos os brasileiros”. E explica que esta tem sido a linha argumentativa usada pelos que querem enfraquecer o governo do PT. Para a publicação, este é um momento dramático, em que se questiona que tipo de características a liderança política no Brasil vai adquirir.

Reprodução: Revista Foreign Policy

Revista Foreign Policy

 

 


THE ECONOMIST, Reino Unido
Revista britânica “The Economist” lamenta os argumentos utilizados pelos deputados brasileiros para justificar suas posições favoráveis ao impeachment. O veículo é crítico do governo Dilma, mas questiona, pela segunda vez, a legitimidade do impeachment. Desta vez, a crise política foi chamada na capa.

Leia mais sobre a matéria da The Economist aqui.

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The Economist

 

 


CNN, EUA
A rede de TV norte-americana, CNN, veiculou o diálogo entre o jornalista Glenn Greenwald e Christiane Amanpour, da própria emissora, sobre o momento politico brasileiro. O mais premiado jornalista da atualidade e uma das principais apresentadoras dos EUA fazem um diagnóstico preciso e devastador. No vídeo, a TV afirma que Dilma não foi sequer acusada de corrupção e questiona se os ‘pedaladas fiscais’ são realmente motivo para o pedido de afastamento.

Assista ao vídeo legendado:


DEMOCRACY NOW
O veículo internacional independente de notícias, Democracy Now, publicou texto, nesta quarta-feira (20), abordando o processo de impeachment da presidenta Dilma. Segundo o portal, o Brasil está mergulhado em escândalo de corrupção, “mas Dilma não foi acusada de nenhuma irregularidade financeira”. “Entretanto, 318 membros do Congresso brasileiro, incluindo muitos que apoiaram seu impeachment, estão sob investigação ou enfrentam acusações”, afirmou. Em outra passagem, a matéria denuncia a ida do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) aos Estados Unidos, para participar de reuniões a portas fechadas com várias autoridades e lobistas dos EUA. O senador estaria se reunindo com o presidente e membro da Comissão de Relações Exteriores do Senado americano, o republicano Bob Corker, para discutir a situação no Brasil. “Ele também teria comparecido a um almoço oferecido pela empresa lobista de Washington, Albright Stonebridge Group”, escreve o Democracy Now.

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Democracy Now

 

 


THE NEW YORK TIMES, EUA
Em editoral publicado na segunda-feira (18), o The New York Times explicitou o golpe parlamentar, afirmando que as chamadas ‘pedaladas fiscais’ foram um pretexto para um referendo sobre o PT, no poder desde 2003. Para o jornal, o caso contra Dilma pouco tem a ver com as pedaladas, “que outros governantes eleitos no Brasil fizeram sem provocar escrutínio”.

O jornal trouxe, ainda, a preocupação de analistas políticos brasileiros com o que classificou como danos a longo prazo para a “jovem democracia brasileira, restabelecida em 1985 após duas décadas de ditadura militar”. Ao falar do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o maior jornal dos Estados Unidos mencionou as acusações de que Cunha usou contas em bancos suíços para esconder “milhões de dólares em propina”.

“Há a questão de quem e o que virá a seguir”, escreveu o NYT. O jornal norte-americano destacou que Michel Temer pode enfrentar as mesmas acusações que Dilma. “O próximo na linha da presidência após Temer é Eduardo Cunha, o poderoso líder da Câmara dos Deputados. Cristão evangélico que usa sua conta no Twitter para disseminar versos bíblicos, Cunha é acusado de usar uma conta em um banco na Suíça para esconder R$ 40 milhões em propinas”, definiu.

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New York Times

 

 


DIE ZEIT, Alemanha

O jornal alemão Die Zeit classificou de “carnaval político” a sessão da Câmara dos Deputados sobre o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. A publicação alemã destaca que a oposição “bloqueia” quase todos os atos da presidenta e ressalta que há grande concentração de mídia no Brasil. “Desde a reeleição da presidente brasileira no final de 2014, a oposição bloqueou quase todas as decisões no parlamento. Os principais meios de comunicação do país fornecem um fogo contínuo de propaganda antigoverno: a maioria pertence a oligarcas influentes com opiniões de direita e padrões jornalísticos relaxados”, escreveu o Die Zeit.

 


LA JORNADA, México

A publicação mexicana informa que a presidenta ficou “indignada” com a votação na Câmara dos Deputados porque não cometeu nenhum crime que justifique a abertura do processo. “Recebi 54 milhões de votos e me sinto indignada pela decisão”, disse Dilma.

 


FORBES, EUA
A revista americana “Forbes” publicou texto ironizando a reportagem da revista brasileira “Veja”, classificada pela própria Forbes como o veículo de maior tendência conservadora do Brasil, que fez matéria enaltecendo a esposa do vice-presidente Michel Temer (PMDB) como uma mulher ‘Bela, recatada e do lar‘.

“A última edição da revista ‘Veja’, veículo de inclinação para a direita da grande imprensa brasileira, apresenta um extenso perfil da esposa do atual vice-presidente do Brasil, Michel Temer, o homem agora posicionado para assumir o País se Rousseff for formalmente deposta por um julgamento no Senado nas próximas semanas”.

Segundo a revista norte-americana, os brasileiros usaram as redes sociais para responder à revista, em uma campanha bem humorada que viralizou ao refutar a insinuação da matéria de que a mulher ideal deve ser recatada, vestir-se de forma adequada e permanecer em casa, explicitando o machismo na sociedade brasileira.

 


L’HUMANITÉ, França

Sob o título de “esta burguesia revanchista quer a pele da esquerda”, o jornal francês analisa os dias que correm no Brasil.

 


ESQUERDA.NET, Portugal

Publicação portuguesa traz artigo de Francisco Louçã em que o autor parafraseia uma afirmação do pensador e revolucionário Louis Antoine Léon de Saint-Just sobre a Revolução Francesa. Para ele, “o Brasil faz sua democracia pela metade e cava sua própria sepultura”.

 


FINANCIAL TIMES, UK
Um dos jornais mais influentes da Europa, o britânico Financial Times, ironizou, em sua versão impressa da terça-feira (19), as dedicatórias feitas pelos parlamentares, em honra das esposas, filhos, etc. O veículo afirmou que a maioria dos deputados aparentou ser desinformada, citando um que dedicou seu voto à ‘população de rua que vive na rua’. O texto termina com uma referência ao parlamentar que anunciou o voto decisivo, Bruno Araújo, do PSDB, ter sido mencionado nas investigações do escândalo da Petrobras. “Com tantos entre os defensores do impeachment envolvidos ou mencionados na investigação, Temer terá um período difícil se assumir a presidência”, conclui o jornal.

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Financial Times


LE MONDE, França
Na França, o jornal Le Monde enfatizou que muitos deputados que ratificaram a admissibilidade são suspeitos de questões mais pesadas do que aquelas supostamente praticadas pela presidenta Dilma.

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Le Monde


SPIEGEL, Alemanha
O alemão Spiegel, em sua matéria intitulada ‘A revolta dos Bonzinhos’, adotou tom crítico, ao afirmar que “o Congresso brasileiro mostra a sua verdadeira face”. “A maioria dos parlamentares não votou somente pela suspensão da presidenta Dilma Rousseff. Usando métodos mais do que questionáveis, eles conduziram o navio brasileiro para uma rota de direita”, escreveu. A mesma revista já havia denunciado o golpe em curso anteriormente.

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Der Spiegel


THE ECONOMIST, EUA
O jornal norte-americano The Economist publicou, na mesma segunda-feira (18), que quase nenhum dos deputados federais em favor do impeachment usou o suposto crime de responsabilidade como razão para o voto. “Ao invés disso, eles citaram um monte de motivos mais ecléticos para os votos”, afirmou o jornal, enumerando as principais razões ditas pelos parlamentares na hora da votação.

Na lista publicada pelo jornal constam como justificativas para o voto a favor do impeachment o nascimento da filha ou da neta, ou o aniversário de 93 anos da mãe, e até a renovação carismática, a fundação do cristianismo ou a congregação da igreja Quadrangular.

O The Economist também falou do motivo dado pelo deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que citou o torturador da ditadura militar, Carlos Alberto Brilhante Ustra.

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The Economist

 


THE IRISH TIMES, Irlanda
O jornal irlandês The Irish Times fez matéria em 20 de abril intitulada ‘Brasil envia os palhaços para votar em Dilma impeachment’, na segunda-feira (18), onde afirmou que os deputados se comportaram “com todo o decoro de fãs de futebol bêbados”. “Apenas alguns da esmagadora maioria que votou pelo impeachment se importaram em abordar as acusações contra a presidente contidas no processo”, escreveu.

Para o jornal, os deputados que acusavam Dilma e o PT de corrupção não tinham nenhum senso de ironia, “já que ao menos 299 dos 513 membros da Câmara estão sendo investigados por má conduta”. The Irish Times finaliza o texto afirmando que o impeachment de Dilma, ao invés de limpar o Brasil da corrupção, pode apenas “aprofundar o pântano moral na qual a vida pública brasileira está afundando”.

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The Irish Times


Miguel Sousa Tavares
Em Portugal, cientista político Miguel Sousa Tavares, disse que nunca viu o “Brasil ser tão baixo”. “O que se passou no Congresso brasileiro ultrapassa tudo que é discutível. Foi uma assembleia geral de bandidos, comandada por um bandido chamado Eduardo Cunha”, afirmou.


Glenn Greenwald
O jornalista premiado conhecido pelo caso Edward Snowden, Glenn Greenwald, também condenou a votação do impeachment. Para ele, “foi uma votação muito polarizada e muito feia” por causa de atitudes como a do deputado Jair Bolsonaro. Na avaliação do jornalista, a votação reflete esse sentimento crescente no Brasil que o país esteja dividido de uma maneira muito perigosa e instável.


EL PAÍS, Espanha
Para o jornal espanhol “El País“, a imensa maioria dos deputados que votaram a favor do impeachment da presidenta Dilma “pareceu esquecer os verdadeiros motivos que estavam em discussão”, e que cerca de 60% dos presentes, incluindo o presidente Eduardo Cunha, têm casos pendentes de corrupção nos tribunais.

“Os deputados defenderam a destituição de Rousseff pelas razões mais diversas: ‘por minha esposa Paula’, ‘por minha filha que vai nascer e minha sobrinha Helena’, por meu neto Gabriel’, ‘por minha tia que cuidou de mim quando pequeno’, ‘por minha família e meu estado’, ‘por Deus’, ‘pelos militares de 64’, ‘pelos evangélicos’, ‘pelo aniversário da minha cidade’, ‘pela defesa do petróleo’, ‘pelos agricultores’, ‘pelo café’ e inclusive ‘pelos vendedores de seguros do Brasil’ ”, destacou.

Em tom de chacota, o El País fez um paralelo entre os parlamentares e os telespectadores de Xuxa, “que aproveitavam sua participação no programa para saudar sua mãe, seu marido, sua amante, seu primo, seu neto, seu vizinho, seu amigo, seu porteiro”.

“A defesa da família, da propriedade, de Deus e da ordem nas mãos dos militares mostram a verdadeira foto do Congresso mais conservador desde 1985 e sugerem, ainda, que ninguém leu o relatório com os fundamentos jurídicos que justificariam o crime de responsabilidade, necessário para a saída de Rousseff – ou, ao menos, ninguém se esforçou em demonstrar”, completou.

“O ex-militar Jair Bolsonaro, sempre passando dos limites, dedicou seu voto a favor do Coronel Ustra, reconhecido pela Justiça como um torturador durante a ditadura brasileira”, afirmou o El País.

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El País

Não foi a única vez em que a Câmara brasileira foi assunto no jornal espanhol. Mais de uma semana após a votação, a edição digital da segunda-feira (25) publicou uma reportagem sobre corrupção entre os que votaram a favor do impeachment. O texto começa citando o deputado Maluf, e em seguida informa que 53,7% dos 513 deputados têm ou teve pendências com a justiça, segundo dados da organização Transparência Brasil. A porcentagem seria equivalente a 273 parlamentares.


THE GUARDIAN, Reino Unido
O voto do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) também foi registrado pelo jornal The Guardian, que classificou como o “ponto mais baixo” da sessão. “Em uma noite escura, sem dúvida o ponto mais baixo foi quando Jair Bolsonaro, o deputado de extrema-direita pelo Rio de Janeiro, dedicou seu voto ‘sim’ a Carlos Brilhante Ustra, um coronel que liderou a unidade de tortura no Doi-Codi durante o período da ditadura. Rousseff, uma ex-guerrilheira, foi uma das torturadas”, escreveu.

O jornal britânico elencou outros votos “em nome de Deus” e feitos por deputados com denúncias de corrupção, com pó próprio presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Paulo Maluf (PP-SP), Nilton Capixiba (PTB-RO) e Silas Câmara (PRB-AM).

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The Guardian


RFI, França
A publicação francesa faz um apanhado de depoimentos críticos sobre a situação brasileira.


PÁGINA 12, Argentina
Periódico argentino, o Página 12, disse que a votação do processo de impeachment foi “um golpe que se viu ao vivo”. “Ontem, a Câmara dos Deputados, presidida por Eduardo Cunha, que é réu no Supremo Tribunal Federal por vários crimes, que vão desde a corrupção pura e simples a manter contas ocultas na Suíça, decidiu por fim a um governo de quem nem sequer é investigada”, ressaltou.

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Página 12

 

Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias

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