Pedro Benedito Maciel Neto: Moro e a vitória de Pirro

Valores recuperados pela Lava Jato devem ser infinitamente menores que prejuízos da operação à economia do país

Fernando Santos Cunha Filho/CC 3.0
Tribuna de Debates do PT

É preciso punir os culpados pelos crimes, não a economia brasileira

O juiz Sérgio Moro apresenta-se (ou é apresentado) à sociedade como um magistrado técnico e imparcial, cujos valores e atuação ética estariam seguros da vileza vicejante na sociedade brasileira, especialmente aquela presente no quadrante da política.

Sua atuação imaculada estaria a garantir ao país vitória sobre os corruptos e malvados.

A chamada “força-tarefa” que envolve o Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal (PF) e Justiça Federal estima que a Operação Lava Jato pode recuperar até R$ 12 bilhões.

Mas é essa a vitória que se anuncia? Se for isso mesmo é possível afirmar que “o molho está mais caro que o peixe”, pois segundo estudo da consultoria GO Associados, os impactos diretos e indiretos da Operação Lava Jato na economia tiraram mais de R$ 140 bilhões da economia brasileira apenas em 2015, o equivalente a uma retração de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

Mas não é só. A Operação Lava Jato, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), provocou a desorganização da cadeia de óleo e gás e contribuiu para o crescimento do desemprego do país.

Outro aspecto merece atenção: a Operação Lava Jato não está sabendo diferenciar dirigentes corruptores e corruptos de instituições e empresas. Isso é péssimo para o Brasil. Os corruptos, se cometeram crimes, devem ser penalizados, mas jamais as suas empresas, pois elas são um ativo brasileiro.

Moro parece desconsiderar que em algum momento o Brasil voltará a crescer e, se a Lava Jato quebrar as empresas brasileiras, pergunta-se: quais serão as empreiteiras que retomarão o ciclo virtuoso no país? Teremos de recorrer a empresas internacionais?

Olhando por esse prisma parece claro que a “vitória” de Moro será uma vitória pírrica ou vitória de Pirro, ou seja, uma vitória obtida a alto preço, potencialmente causadora de prejuízos irreparáveis.

Sérgio Moro desconsidera que as instituições jurídicas não estão fora do sistema econômico, suas decisões desconsideram os efeitos econômicos catastróficos causados ao país.

Qual será de fato o objetivo de Sérgio “Pirro” Moro? O tempo, primo-irmão da verdade, haverá de revelar.

Por Pedro Benedito Maciel Neto, advogado e autor de “Reflexões sobre o estudo do Direito”, Ed. Komedi, 2007, para a Tribuna de Debates do 6º Congresso. Saiba como participar.

ATENÇÃO: ideias e opiniões emitidas nos artigos da Tribuna de Debates do PT são de exclusiva responsabilidade dos autores, não representando oficialmente a visão do Partido dos Trabalhadores

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