Mulheres vão às ruas contra o retrocesso e a cultura do estupro

Atos “Por TODAS ELAS” mobilizaram milhares no Brasil e exterior para denunciar violência contra mulheres e risco de perda de direitos no governo Temer

Paulo Pinto/Agência PT

Em ato, mulheres repudiam violência sexual

Na noite desta quarta-feira (1º) aconteceram manifestações simultâneas contra violência de gênero em pelo menos 50 cidades de 16 estados brasileiros e em 3 cidades portuguesas. Com o tema “Por TODAS ELAS”, mulheres ocuparam as ruas para denunciar a cultura do estupro, violência de gênero e a perda de direitos no governo golpista de Michel Temer. Atos ganharam força após o estupro de uma adolescente de 16 anos por 33 homens no Rio de Janeiro.

Em São Paulo, onde aconteceu a maior manifestação, pelo menos 30 mil mulheres fecharam a Avenida Paulista. A concentração começou às 16h no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (MASP) e seguiu, às 18h, para a Praça Roosevelt. Por volta das 18h30, cruzou com a ocupação do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) no prédio da Presidência da República em São Paulo. Juntas e cercadas por tropas da Polícia Militar (PM), as duas manifestações gritavam “Nem recatada, nem do lar, a mulherada está na rua pra lutar”.No Rio de Janeiro, milhares de mulheres fizeram um protesto próximo à Candelária, no Centro do Rio. Levaram cartazes com “Machismo Mata” e “Estamos todas sangrando”. Criticaram o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e o pré-candidato à prefeitura do Rio, o secretário Pedro Paulo Carvalho (PMDB), recentemente acusado de agredir sua ex-mulher.Em Brasília, duas manifestações se uniram na luta por mais direitos: “Por Todas Elas” se reuniu na Universidade de Brasília (UnB) e seguiu em direção à Esplanada até a Praça dos Três Poderes, em frente ao STF, onde encontrou grupo Mulheres pela Democracia.  A Ministra Eleonora Menicucci, que esteve presente no ato, criticou o “puxadinho” se referindo ao rebaixamento da perda de competência da Secretaria de Políticas para Mulheres, órgão que agora é ligado ao ministério da Justiça acoplado com as pastas da Secretaria Nacional de Segurança Pública e a Secretaria Nacional de Direitos Humanos. “Estão pensando que o enfrentamento a violências contra as mulheres é apenas uma questão de polícia, não é não, é uma questão de educação e cultura. Nós precisamos romper com essa cultura” declarou, se referindo a possibilidade da gestão golpista criar um departamento na Polícia Federal para coordenar o combate a crimes contra a mulher.Na capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, grupo de mais de mil mulheres – segundo a PM – se reuniu na Praça Sete e seguiu em passeata pelo Centro. Carregando faixas e cartazes e com um carro de som as manifestantes fecharam o trânsito na Avenida Afonso Pena, por volta das 18h30, no sentido Mangabeiras, carregando cartazes com frases como “ensinem os homens a respeitar, não as mulheres a temer”, e outras frases feministas.Em Goiânia, capital do estado de Goiás, marcha seguiu em direção a praça Cívica, onde ocorreram manifestações artísticas no monumento das Três Raças. “Para dar voz a todas as mulheres, para dar visibilidade as reivindicações de direito da mulher, para libertar o grito muitas vezes preso: basta a cultura de estupro, basta ao machismo, e aos casos que ocorreram na última semana de absurdos na InterUFG (evento festivo da Universidade Federal de Goiás) – uma lista que incentivava homens a ficarem com mulheres em troca de pontos num suposto jogo”, pedia o ato.Na capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, a manifestação começou no fim da tarde na Esquina Democrática, no Centro, e terminou por volta das 19h30min em frente ao Palácio Piratini, onde as manifestantes pintaram mãos vermelhas no asfalto. A organização estima que 3 mil pessoas tenham participado. A Brigada Militar não informou o número de pessoas no protesto.

Foto: Anselmo Cunha / Caco Argemi

Foto: Anselmo Cunha / Caco Argemi

A capital de Sergipe, Aracaju, também foi às ruas contra a cultura do estupro e o machismo.

Fotos: Pritty Reis / OCUPA MINC - SE

Fotos: Pritty Reis / OCUPA MINC – SE

Fotos: Pritty Reis / OCUPA MINC - SE

Fotos: Pritty Reis / OCUPA MINC – SE

Manifestações pelo Brasil

Além das capitais São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Goiânia (GO), Brasília (DF), Aracajú (SE), Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC), Recife (PE), cidades no interior do Brasil como Taubaté, Botucatu, Campinas, Santos (SP); Ouro Preto, São João Del Rey e Mariana (MG) também tiveram atos e passeatas.

Manifestações no exterior

Em Portugal, centenas de jovens se reuniram em pelo menos três cidades: Lisboa, Porto e Coimbra. Em Lisboa, a concentração reuniu cerca de 300 pessoas na Praça da Figueira, centro da capital portuguesa.Junho lilás

O coletivo Juntas iniciou a campanha #JunhoLilás, convocando uma série de protestos para que junho seja um mês marcado pela luta contra o machismo. A organização dos atos começou após a repercussão do estupro de uma adolescente de 16 anos por 33 homens no Rio de Janeiro.

Além da indignação pelo crime, outra das razões do protesto são as medidas adotadas por Temer que representam retrocesso para as mulheres. Após o golpe contra a presidenta eleita Dilma Rousseff, o interino fez indicações de outros nomes para os ministérios e não havia nenhuma mulher em sua lista para o primeiro escalão.

Temer também tirou o status de ministério da Secretaria das Mulheres e indicou um nome polêmico para assumir a pasta. A ex-deputada Fátima Pelaes é conhecida por ser contra o aborto em casos de estupro – um direito que a lei brasileira já assegura.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações de “Mídia Ninja”

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