Na ENFF, Gleisi defende criação de rede de proteção aos movimentos sociais

Coordenador do MST, João Pedro Stédile lembrou que a liberdade de Lula é uma questão central na resistência; encontro contou com presidentes nacionais do PCdoB e Psol

Felipe Kfouri

Escola Nacional Florestan Fernandes do MST recebeu encontro de parlamentares da esquerda

Jair Bolsonaro (PSL) não tem apreço pela democracia, nem pelo Brasil. Sua atuação como deputado, seus discursos de ódio e suas escolhas na montagem do seu futuro governo mostram que o fascismo é sua base. Tanto que um dos seus principais ataques é a tentativa de criminalização dos movimentos sociais. O presidente eleito quer classificar como “terrorismo” a atuação de movimentos como o MST e MTST, por exemplo.

Por isso, uma frente ampla em defesa da democracia precisa ter como uma das questões centrais a criação de uma rede de proteção, é o que aponta a presidenta nacional do PT, a senadora Gleisi Hoffmann, em encontro de parlamentares, nesta sexta-feira (23), na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema.

“O MST e tantos outros movimentos sempre estiveram juntos conosco. A Vigília Lula Livre é um exemplo de como o MST nos ajudou com as lutas ao longo da história, e na organização da resistência pela liberdade do presidente. Agora, temos que demarcar esse governo Bolsonaro desde já, que quer incluir na Lei Antiterrorismo ‘motivação ideológica e política’ como possibilidade de aplicação. Temos que criar uma rede de proteção aos movimentos sociais, que são fundamentais na retomada das bases”, aponta Gleisi.

A presidenta do PT lembrou ainda a importância de retomar o debate político, principalmente em relação ao legado de políticas sociais e aos efeitos do governo Temer para o país. “A democracia para a classe trabalhadora não é apenas ter a liberdade para falar o que pensa, é ter emprego, salário, conseguir comprar botijão de gás barato. Temos que lembrar que quem quebrou a economia foi o Temer”, destaca.

Presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann

Lula Livre, uma questão central

O coordenador nacional do MST, João Pedro Stédile, reforçou o discurso sobre a necessidade da retomada do trabalho de base. Para ele, a esquerda no Brasil precisa se reconectar com os trabalhadores, e isso passa pela liberdade de Lula.

“A forças de esquerda precisam refazer as pontes com o povo e voltar a fazer o trabalho de conscientização para que o povo volte a se indignar. E isso passa pela liberdade do ex-presidente. Porque quem está preso não é só o Lula pessoa física. Estão presos os trabalhadores e a esquerda. Por isso, precisamos lutar pela liberdade do ex-presidente, que é o maior agitador das massas. Quem é que coloca 50 mil pessoas facilmente onde vai?”, ressalta o coordenador.

Stédile ainda lembrou que governo Bolsonaro usará todos os meios para reprimir e ameaçar os movimentos sociais, mas que essa é uma luta que o MST já teve que lidar. “Bolsonaro não poderá nos criminalizar facilmente. O MST sempre agiu de forma legal e não há como usar a Constituição para nos atacar. Não se pode ter medo, é preciso seguir fazendo a luta de massas e defender nossos direitos. O acúmulo de forças agora não será pela conquista do hectare, mas sim para resistir”, destaca.

João Pedro Stédile, coordenador do MST

Bolsonaro e a agenda ultraliberal e fascista

O presidente nacional do Psol, Juliano Medeiros, também destacou a urgência da defesa dos movimentos populares. “Bolsonaro é muito perigoso porque ele acredita no que diz. Para ele, o MST, o MTST e os outros movimentos sociais são troféus. Por isso, não tem essa de fazer oposição propositiva, é fazer oposição de combate a um governo que vai trazer sofrimento. Não podemos ficar só na agenda defensiva”, aponta Medeiros.

Luciana Santos, presidenta nacional do PCdoB, falou sobre a necessidade da unidade da esquerda para fazer a resistência a Bolsonaro. “A campanha de Haddad e Manu foi capaz de aglutinar forças além do campo da esquerda. Os democratas perceberam os riscos que Bolsonaro representa. Precisamos unir as forças progressistas contra essa agenda ultraliberal que ele quer impor ao país”, revela Luciana.

Gleisi lembrou que o governo Bolsonaro vai aprofundar os desmontes e entreguismos iniciados pelo golpista Temer e ainda rechaçou que um possível sentimento contra o PT tenha sido a principal força que elegeu o candidato do PSL.

“Não podemos dizer que ganhou o projeto de privatização, que é isso que o povo quer porque é mentira. Bolsonaro não discutiu com a população. Também não foi um antipetismo que deu a vitória a ele, o antipetismo é uma fake news, afinal de contas nós elegemos 56 deputados federais, a maior bancada, centenas de deputados estaduais e quatro governadores. O PT não tem pretensão nenhuma de hegemonizar. Entendemos que todas as forças são necessárias com aqueles que de fato queiram ser oposição”, diz a presidenta do PT.

Por Erick Julio da Agência PT de Notícias

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