Novo diretor de Serviço Florestal é a favor da caça e do desmatamento

Representante da bancada ruralista, Valdir Colatto tem currículo que atesta contra cargo que assumirá no governo como o projeto que revoga crimes ambientais

Arquivo pessoal

Valdir Colatto, novo secretário de Serviço Florestal

Quando Jair Bolsonaro anunciou a deputada Tereza Cristina para o Ministério da Agricultura o alerta já havia sido dado: além de processos e suspeitas de corrupção, a ruralista é defensora implacável do uso de agrotóxicos e ganhou a alcunha de “ministra veneno” entre os colegas parlamentares. Não demorou para que a nova mandatária da pasta mostrasse a que veio ao anunciar para a direção do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) outro nome cujo currículo atesta contra as próprias funções: o deputado Valdir Colatto, autor de projeto que revoga a lei de crimes ambientais e declaradamente favorável à liberação da caça no Brasil.

Criado em 2006, o Serviço Florestal Brasileiro era vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, mas passou para o Ministério da Agricultura no primeiro dia do governo do radical Jair Bolsonaro por meio de Medida Provisória (MP), fato que causou enorme preocupação em ambientalistas e entidades ligadas ao setor.

Catarinense de Lagoa Vermelha, o emedebista que agora comandará o SFB exerceu dois mandatos como deputado federal sem grandes feitos e sua biografia disponível na internet se limita a citar posicionamentos em favor do golpe de 2016, da PEC do Teto de Gastos Públicos e o voto contrário à abertura de inquérito contra Michel Temer. Fatos que, na verdade, só pioram a sua imagem perante à opinião pública.

Sua atuação parlamentar só virou notícia quando passou a apresentar projetos de lei que deixaram a comunidade ambiental brasileira em estado de choque. Um deles é a proposta de reformular o Código Florestal Brasileiro para abrandar as regras impostas para proteger o meio ambiente. Desde que entrou para a vida pública, Colatto acumulou discursos contrários à defesa das florestas nacionais sob a justificativa de que “o agricultor não pode pagar a conta “pela preservação”.

Em 2016, ele voltou a ganhar destaque negativo ao apresentar projeto de lei que libera a caça no país – algo que nem os governos militares eram favoráveis, tanto que a tornaram proibida em 1967. Cinicamente, o então deputado argumentou no projeto que a alteração seria uma “medida protetiva contra algumas espécies consideradas invasoras e que supostamente oferecem perigos ao agronegócio.

Para se ter ideia, o PL poderia servir de álibi para a caça de onças-pintadas que, por terem seu habitat reduzido, apareciam em propriedades privadas – o animal já está ameaçado de extinção justamente pelo extermínio causado por ruralistas durante décadas.

Ainda aguardando parecer da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS), o projeto deve ser barrado tamanha a atrocidade que propõe.  Em suma, a escolha de Colatto é mais um símbolo de um governo afundado em crises, contradições e retrocessos. Isso tudo em pouco mais de duas semanas.

Da Redação da Agência PT de Notícias

 

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