O direito de opinião e o direto de tendência perante o 6º Congresso do PT

Perante o 6º Congresso Nacional do PT, cabe aos núcleos de base partidária, recobrar a capacidade da disputa hegemônica outrora existente no partido

Tribuna de Debates do PT

Foto: Lula Marques/Agência PT

Ao tempo em que as resoluções do 5º Encontro Nacional do PT, em sua forma hegemônica – coerção e consentimento – jaziam em holocausto sobre o altar da política partidária; a força alienígena que, então, operava o sacrifício, houve por bem e para a efetiva consecução de seu desiderato, lançar mão, no teatro da política, de um bode expiatório.

Findava o ano de 1999 e a cidade de Belo Horizonte sediava o 2º Congresso Nacional do PT, instituído em momento final do transe de passagem do centro hegemônico do partido em ‘campo majoritário’.

Transe iniciado em 1995, após a segunda derrota de Lula à presidência da república, objetivando alterar o duplo e longo caminho da transformação da sociedade brasileira pela via eleitoral, somada à pressão dos movimentos sociais organizados, apontando para a hegemonia da classe trabalhadora nessa mesma sociedade; restando na curta via única de ascensão pelo voto a manutenção da hegemonia burguesa, indisputada.

O PT eleitoral que surgia necessitou, então, calar aquela voz que desde o nascimento do partido, fora a mais lídima e direta expressão da participação democrática da classe trabalhadora na política: os núcleos de base partidária, que na grande revolução democrática que pusera fim à ditadura militar constituíra-se em legítima forma de expressão do direito de opinião de sua ativa base militante.

Calado o direito de opinião expresso pelos núcleos de base partidária, restou como obstáculo à ascensão ao poder do centro majoritário do partido, constituído em poderosa máquina eleitoral, aquele apanhado de tendências mesmas que jamais houvera suplantar o centro hegemônico do partido ao tempo de sua existência.

Fez-se assim a chegada ao poder do partido da classe trabalhadora brasileira, lançando mão da hegemonia racionada em expressão eleitoral, entre o primeiro e último domingo do mês de outubro de anos eleitorais.

No presente momento, quando a estratégia urdida outrora, facilmente fenece, solapada pela maneira hegemônica com que o golpe de 2016 rompeu o pacto democrático vigente; faz-se necessária a definição de outra estratégia, adequada à outra conjuntura que hoje vivemos.

Requer para tanto apontar alternativas à via eleitoral não mais garantida pela criminalização mesma da política democrática, destinada a tirar ao partido da classe trabalhadora no Brasil a capacidade, mesmo que temporária, da disputa do poder.

Frente à impossibilidade do retorno ao status quo eleitoral anterior à perpetração do golpe, urge como tarefa apontar a direção na qual poderá a classe trabalhadora recuperar a qualidade contra-hegemônica, que devido à sua condição de classe, exerce no capitalismo.

Cabe ao Partido dos Trabalhadores encontrar uma nova via para a disputa de poder na sociedade, que permita à classe trabalhadora contrapor aos aparelhos ideológicos burgueses, vitoriosos no golpe; outra forma de organização social, que recupere os valores de classe por ela mesma disseminados ao longo de sua história na contraposição realizada pelo socialismo à barbárie capitalista.

Perante o 6º Congresso Nacional do PT, cabe aos núcleos de base partidária, recobrar a capacidade da disputa hegemônica outrora existente no partido, permitindo ao direito de opinião contrapor à via eleitoral de acesso ao poder de estado, a via hegemônica de acesso ao poder social.

Por NEC PT – Núcleo de Estudos d’ O Capital do Partido dos Trabalhadores, que subscreve a tese (Estado de Emergência Petista) ao 6º Congresso do PT e é composto pelos seguintes filiados: Agnaldo dos Santos, André Tomio Lopes Amano, Antonio David, Carlos César Félix Vieira, Ciro Seiji Yoshiyasse, Eduardo Bellandi, Flávio Perez, Francisco de Souza, Francisco Del Moral Hernandez, José Rodrigues Máo Júnior, Juliana Casagrande, Karina Morais, Lígia Kimie Yamasato, Lincoln Secco, Luis Fernando Franco Martins Ferreira, Marianne Reisewitz, Marisa Yamashiro, Maurício Barbará, Pedro Crem Alves Porto, Suzi Alves, Takao Amano, Valéria Garcia e Walcir Previtale Bruno, para a Tribuna de Debates do 6º Congresso. Saiba como participar.

ATENÇÃO: ideias e opiniões emitidas nos artigos da Tribuna de Debates do PT são de exclusiva responsabilidade dos autores, não representando oficialmente a visão do Partido dos Trabalhadores

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