Parlamento atual não fará a reforma política com profundidade, diz Rui Falcão

Presidente do PT conversou, na noite de quinta-feira (28), com internautas. Ele também falou sobre financiamento de campanha, taxação de grandes fortunas, ajuste fiscal, a importância da participação popular na política, entre outros

O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão, avaliou, em bate-papo com filiados, militantes e simpatizantes da legenda pela internet, a reforma política em curso na Câmara dos Deputados. Para ele, o atual Parlamento não fará uma reforma profunda.

“O Parlamento, tal como está aí hoje,  não fará a reforma política com profundidade”, declarou.

Sobre a reviravolta e aprovação do financiamento privado de campanhas eleitorais, na última quarta-feira (27), Falcão disse que “foi rompido um acordo”. Um dia após os parlamentares rejeitarem a inclusão do financiamento de campanha na Constituição, a Casa recolocou o tema em pauta e realizou nova votação. Desta forma, as doações de empresariais foram aprovadas pelos deputados.

“Todos perceberam que houve uma manobra, um rompimento de acordo, por meio do qual se instituiu na Constituição brasileira, se pretende instituir, o financiamento empresarial das campanhas e dos partidos, que a nosso ver é um dos males da política brasileira”, disse.

No entanto, ele garantiu que o PT continuará a defender a reforma política.

Durante a conversa online, o presidente do PT respondeu aos questionamentos sobre financiamento de campanha, taxação de grandes fortunas, ajuste fiscal, a importância da participação popular na política, entre outros assuntos. As perguntas dos  foram feitas pelos participantes nas redes sociais com a hashtag #EtapaLivrePT.

Sobre a opção de deixar de receber, de forma voluntária, doações de empresas privadas, o petista informou que a legenda tem trabalhado para organizar uma ferramenta para orientar e explicar, de forma detalhada, como será a forma de financiamento adotada pelo partido.

No dia 17 de abril, após reunião da Executiva da legenda em São Paulo, Rui Falcão informou que a sigla suspenderia doações de empresas aos diretórios.

Grandes Fortunas –  Para Rui Falcão, o a implementação do Imposto sobre Grandes Fortunas seria uma importante fonte de recursos para o País.

“É preciso retirar o peso dos impostos sobre a produção e os salários e fazer incidir impostos sobre a riqueza, o patrimônio e as grandes heranças. A transmissão das grandes heranças é onde se perpetua a desigualdade no mundo todo”.

Ele fez uma análise sobre a arrecadação quando existia a Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira (CPMF).

“É importante que nós resgatássemos recursos para financiar a saúde e educação. A CPMF acabou por ter transparência na arrecadação”, avaliou.

O presidente do PT relembrou que há vários projetos que tratam do Imposto sobre Grandes Fortunas em tramitação no Congresso, mas que ainda precisam ser analisados. Além disso, ele declarou que a forma de cobrança de impostos no Brasil é “injusta”.

“Quem compra um litro de leite, um quilo de carne, paga o mesmo imposto”, disse.

Corrupção – “Ninguém mais que o PT combate a corrupção no país”, afirmou Falcão. Para o presidente da sigla, não houve nenhum tipo de censura sobre os escândalos de corrupção divulgados pela mídia na gestão petista. Durante o bate-papo, ele voltou a criticar a tentativa de criminalização contra o PT.

“Não dar para dizer que doação do PT é propina e aos outros partidos é doação de quermesse”, disse.

Falcão defendeu que outros casos de corrupção sejam investigados, como o episódio do “Aécioporto”, o “trensalão”, a Operação Zelotes e o escândalo do HSBC.

Sobre a saída da senadora Marta Suplicy da legenda, Falcão garantiu que a legenda fará um “combate político ferrenho à candidatura dela no campo das ideias”. O diretório estadual do PT de São Paulo protocolou, na última terça-feira (26), no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), uma ação na qual reivindica o mandato da ex-petista. A sigla alega que ela decidiu deixar o partido não por divergências éticas ou programáticas, mas por “ambição política” e “oportunismo eleitora”.

Ao criticar a atitude da senadora, o presidente do PT foi enfático ao dizer que ela  “cuspiu no prato que comeu”.

Ajuste Fiscal – Falcão defendeu que o ajuste fiscal proposto pelo governo da presidenta Dilma Rousseff deve incidir mais fortemente em quem tem condições de pagar. Ele também relembrou que o governo elevou a contribuição social dos bancos como resposta a essa questão. Além disso, o presidente da legenda cobrou  mais discussão sobre a cobrança de lucros e dividendos das empresas e dos juros sobre Capital Próprio (JSCP).

“a taxa de juros não pode continuar crescendo. Não faz sentido, o juros tem um efeito corrosivo na economia”, declarou.

5º Congresso – Para o presidente do PT, o 5º Congresso Nacional da legenda, que acontecerá entre os dias 11 e 13 de junho, em Salvador (BA), servirá para discutir a importância da participação dos militantes, petistas e simpatizantes nas ações futuras da sigla. Além disso, a intenção é debater e orientar o partido para novos rumos.

“Nós defendemos na última resolução da executiva uma frente popular que preserve os direitos dos trabalhadores, a defesa da Petrobras, ampliação da reforma agrária, reforma urbana com uma plataforma que reuna centrais sindicais e movimentos para que seja possível conquistar uma governabilidade mais ampla”, defendeu.

Ainda segundo Falcão, as etapas livres e preparatórias para o Congresso, realizadas em diversas cidades, foram importantes para fortalecer as propostas a serem votadas na Bahia.  “Estou muito otimista de termos um movimento mais amplo”, disse.

Rui ainda defendeu que o PT deve alimentar, de forma constante, a participação e o interesse pela política. “Quando a população percebe que é ouvida, ela passa a se sentir mais parte do país e que está ajudando o Brasil a avançar”, declarou.

Questionado sobre as ações do PT para cobrar o governo de São Paulo, comandado por Geraldo Alckmin (PSDB), sobre a falta de água no estado, o petista criticou a proteção feita pelo bloco tucano na Assembleia Legislativa de São Paulo. Segundo ele, os deputados federais e estaduais do partido organizaram ações para questionar a gestão tucana, porém, “o bloco majoritário do PSDB não permite investigações”, avaliou.

“São Paulo é o núcleo da classe dominante e da grande mídia monopolizada. O estado da crise da água é gravíssimo. Mas o governo tucano protege a Sabesp. O racionamento é mascarado”, avaliou.

Assista ao vídeo completo do bate-papo:

Por Michelle Chiappa, da Agência PT de Notícias

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