Onda reacionária é movimento internacional, dizem especialistas

Participantes do Diálogos Internacionais destacam a mudança de perfil dos golpes que ferem democracias na América Latina; saem fuzis, entram tribunais

EBC

Ex-ministro Celso Amorim

O golpe que se chamou de impeachment no Brasil, bem como a caçada jurídica por meio do lawfare que se dá contra o ex-presidente Lula, são parte de um movimento internacional, que atinge uma série de países da América Latina, e nada mais é do que uma reação ao avanço progressista que se deu no subcontinente nos últimos anos.

“As juntas militares foram substituídas por juntas civis, formadas por banqueiros ao lado de magistrados e promotores, em uma onda reacionária orquestrada pela imprensa dominante”, avalia o português Antonio Avelãs Nunes, professor da Universidade de Coimbra.

A avaliação de Nunes resume um pouco do que disseram na tarde desta segunda-feira (22) os convidados dos “Diálogos Internacionais pela Democracia”, organizado em Porto Alegre pelas fundações Perseu Abramo e Maurício Grabois (PCdoB), dentro da programação de eventos em defesa da democrata e do direito de Lula ser candidato.

Para Francisco Cafiero, vice-presidente da Coppal (Conferência Permanente de Partidos Políticos da América Latina), a democracia está sendo “golpeada” em diversos países do continente e o Brasil é o “epicentro” deste processo.

“Enfrentamos a dicotomia de defender o Estado de bem estar social ou deixar avançar a agenda do capital financeiro internacional. O que se busca com o impedimento de Lula concorrer, com a perseguição a Cristina Kirchner, é fazer prevalecer o modelo neoliberal que extingue direitos, que foi derrotado nas urnas”.

Já o ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que esta nova onda conservadora e golpista veio em um momento em que “estávamos consolidando uma integração da região, com a criação da União Sul-Americana de Nações (Unasul), com uma escola de Defesa na América do Sul. Isso está sendo interrompido em todo o continente.”

Segundo o secretário-geral da Confederação Sindical das Américas, Victor Baez, em outros países, acontecerá o mesmo que está ocorrendo agora aqui. “O Brasil foi uma potência regional que apresentou ‘problemas’ para o sistema, como a iniciativa dos Brics, a Unasul e o apoio à integração regional do continente”, disse ele.

“Lula é o símbolo. Qual é o outro grande líder de esquerda no mundo? Não tem. Ele não pode ser condenado, não apresentaram provas. Se for condenado, será a prova de que o capitalismo e a democracia são antagônicos”, concluiu.

Na mesma linha de raciocínio, o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário Miguel Rossetto disse que “a sociedade brasileira viveu com Lula um novo país. É isso que a população está querendo de volta. Por isso haverá uma caminhada amanhã [23, terça] em Porto Alegre, em direção à legalidade e à Constituição, estará lotada e será um sucesso.”

O ex-ministro encerrou falando sobre o “clima” que se formou às vésperas do dia 24, quando o TRF-4 vai julgar a sentença de Moro no caso do Triplex da OAS: “Chegamos ao dia 24 com uma unidade de compromisso democrático impressionante no país. Está claro que esse processo jurídico contra Lula não se sustenta.  O lado da Justiça só admite a anulação da sentença de Moro e a liberdade para que o povo possa escolher o seu presidente da República.”

Da Redação da Agência PT de Notícias

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