Para garantir água, Sabesp paralisa esgoto

Com faturamento reduzido, empresa é obrigada selecionar obras que asseguram o abastecimento de água ao consumo como prioridade dos investimentos

Com a empresa de saneamento vivendo uma crise do “cobertor curto”, a Sabesp teve de optar entre o abastecimento de água potável e os serviços de coleta e tratamento de esgotos na região metropolitana de São Paulo, com mais de 20 milhões de habitantes.

A suspensão das ações na rede de esgotos pelo prazo de 120 foi informada aos fornecedores e empreiteiras contratadas para os serviços. Também foram adiadas ações de despoluição do Rio Tietê. Ao público usuário não consta comunicado da medida, normalmente feito por meio da página eletrônica da empresa na internet.
A justificativa da paralisação temporária das obras de esgotamento sanitário pela empresa, segundo reportagem do portal “O Estado de São Paulo” publicada nesta segunda-feira (22), é que foi preciso remanejar recursos das ações na rede de esgotos para assegurar o andamento prioritário dos projetos destinados à oferta de água potável.

A empresa de saneamento paulista está descapitalizada por causa da queda no faturamento mostrada pelo seu balanço anual 2014. O lucro líquido da Sabesp caiu 53% (mais da metade) de 2013 para 2014, de acordo com as contas aprovadas em março – de 1,92 bilhão para R$ 903 milhões, exatos R$ 1 bilhão em perdas.

A situação da Sabesp ficou tão grave que o governo Geraldo Alckmin fechou, dias antes de divulgar o balanço, um acordo para pagar à companhia uma dívida histórica de R$ 1,012 bilhão.

Acumulada entre os anos de 1986 e 2001, essa dívida teve origem no pagamento pela empresa de benefícios previdenciários (como aposentadoria de funcionários) de seis estatais que, submetidas a fusão, deram orgigem à Sabesp,

A região metropolitana passa por grave crise hídrica, que reduziu o faturamento e suspendeu 55% dos investimentos em coleta e tratamento de esgotos deste ano. O corte de investimentos foi anunciado com o a publicação do balanço 2014.

Os reservatórios estão vazios devido à falta de chuvas nos últimos dois anos e ausência de planejamento para adoção de medidas preventivas de racionalização do consumo pelos usuários, em tempo hábil.

As medidas para atenuar os baixos níveis de precipitação só vieram, com atraso, no fim do ano passado (2014), após as eleições de outubro. Mesmo cenário vive a Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde o governo tucano omitiu a gravidade da situação hídrica, mas acabou perdendo as eleições após 12 anos no poder.

Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias

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