Para tentar desmonte da Previdência, Temer usa dados “obscuros”

Estudo de economistas demonstra que governo utilizou parâmetros questionáveis para justificar desmonte da aposentadoria, que retirará direitos de milhões de brasileiros

Lula Marques/Agência PT

Michel Temer

Para justificar o desmonte da Previdência, o governo utilizou projeções com parâmetros pouco realistas. É o que indica estudo organizado pelo economistas Cláudio Puty e Denise Gentil. Puty foi secretário executivo da Previdência durante o governo da presidenta eleita Dilma Rousseff (PT) e, conhecendo a fundo a dinâmica desses modelos, revisou a conta feita pelo governo golpista em parceria com Gentil e outros economistas.

O modelo do governo é catastrofista: nos moldes atuais, a Previdência será insustentável em 2060, vaticinam. Esse é inclusive o mote da campanha do governo para a Previdência: se não reformar, vai acabar. Os números alarmistas, no entanto, estão errados, segundo Puty.

A investigação do economista descobriu que os parâmetros principais estavam alterados. Para projetar as contribuições e despesas da aposentadoria até 2060, o governo utilizou parâmetros fixos do mercado de trabalho de 2009. Ou seja: considerou que, em 2060 (e em todos os anos anteriores até lá), o Brasil terá as mesmas condições de emprego que em 2009 (um ano após a crise econômica de 2008, e que a economia do país sofreu queda de 0,2%).

Puty, em parceria com outros economistas, revisou a conta feita pelo governo golpista

Além disso, segundo os parâmetros de Meirelles, a economia do Brasil será decrescente até 2060. “Nosso futuro vai ser horroroso”, ironiza Puty. Por outro lado, no modelos dos golpistas, o salário mínimo é superestimado e tem aumentos muito acima da inflação. Hoje, o cálculo de reajuste é feito a partir da inflação e do PIB de anos anteriores. Por exemplo, em 2017, o cálculo é feito com a inflação de 2016 e o PIB de 2015. Mas na projeção, enquanto a inflação é de 3,5% e o PIB de 1%, o aumento do salário mínimo é de 6,2%.

O salário mínimo superestimado aumenta as despesas com a Previdência, já que grande parte dos benefícios está atrelado a esse valor (a aposentadoria dos trabalhadores rurais, por exemplo, é sempre de um salário mínimo). Segundo o estudo, se utilizado o atual parâmetro para definir o salário mínimo, os gastos previdenciários apresentariam queda até 2060, e não aumento.

Além disso, em um intervalo tão longo e tão distante de tempo, seria necessário uma margem de erro de cerca de 10 pontos percentuais para mais ou menos. Ou seja, poderia ser 7,% do PIB, ou 27,5%.

“Esses métodos obscuros e instrumentos ineficazes estão guiando e visam a dar legitimidade (falsa) ao discurso oficial que propõe retirar direitos de milhões de brasileiros”, conclui o estudo.

Na previsão do governo, o déficit da Previdência em 2050 alcança o valor R$1.447 bilhões. Mesmo no cenário mais pessimista da projeção dos economistas autores do estudo, esse déficit seria de R$749 bilhões – 50% inferior àquele previsto pelo cenário de referência do governo. Já nos cenários moderados e otimistas, esses números se invertem e a Previdência passaria a obter um superávit de R$654 bilhões em 2050; e, no “cenário otimista”, o superávit alcançaria R$3.796 bilhões nesse ano.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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