Petistas condenam ataque nos EUA e alertam para crime de ódio

Assim como Dilma e Lula, diversos petistas lamentaram a morte de 50 pessoas em Orlando. Segundo eles, o atentado teve motivação no preconceito

Foto: Fotos Públicas

Na avaliação dos petistas, o atentado ocorrido na boate em Orlando, nos Estados Unidos, foi um crime de ódio e preconceito contra homossexuais. Na madrugada do domingo (12), um norte-americano de 29 anos, de religião mulçumana e cujos pais são afegãos, abriu fogo em uma casa noturna popular entre a comunidade gay, matando pelo menos 50 pessoas e ferindo outras 53.

No mesmo dia da tragédia, a presidenta eleita Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva usaram as redes sociais para lamentar e repudiar o ocorrido.

Porém, eles não foram os únicos petistas a se manifestarem contra o crime que foi muito além de um atentado terrorista. Para eles, está clara a conotação de preconceito, homofobia e intolerância que motivou o ataque.

É o que afirmou a deputada federal Erika kokay (PT-DF). “O discurso é a ponte entre o pensamento e a ação. O que aconteceu nos EUA foi a concretude um discurso de ódio. Porque antes das pessoas serem desumanizadas literalmente, ou seja, serem mortas, elas são desumanizadas simbolicamente”, destacou.

Para ela, essa realidade não está longe do Brasil, pois os fundamentalistas na Câmara dos Deputados, “que estão incrustados e representados nos golpistas que assaltaram o Palácio do Planalto”, constroem ações de ódio diariamente.

“Se você impede que as pessoas amem, que as pessoas sejam como são, que as pessoas possam ter famílias, possam ter direitos, então você está desumanizando simbolicamente e prepara a estrada para a desumanização literal”, afirmou.

A Coordenadoria-geral de Promoção dos Direitos LGBT da Secretaria de Direitos Humanos do governo Dilma, Symmy Larrat, concorda com Kokay.

“Foi realmente um atentado terrorista, ninguém está negando o ato terrorista, mas não dá para negar a ação movida pelo ódio, porque ele vem por conta de um ódio que muitas vezes é impetrado pelo discurso religioso, de algumas pessoas que exageram e usam sua fé para disseminar o ódio. Foi realmente um atentado terrorista e podia ter sido em qualquer outra boate, em uma boate heterossexual, mas foi escolhida uma boate onde tinham rapazes homossexuais”, ressaltou.

Primeira travesti a ocupar o cargo na SDH, Simmy lembrou que o próprio pai do rapaz que cometeu o atentado confirmou que ele tinha ódio a homossexuais. “Acho que é minimizar demais o atentado simplesmente falando de terrorismo”.

Kokay acrescentou que o mesmo fundamentalismo que levou ao horror do atentado nos EUA está presente no Brasil, “nas entranhas do golpe, na construção do próprio golpe”, pois, segundo a deputada, não suportam a democracia e não suportam a liberdade.

“A tragédia nos EUA é uma expressão do que pode e do que tem sido construído todos os dias pelos fundamentalistas que estão no útero e no cerne do próprio golpe aqui no Brasil e que vão se fortalecer porque há compromisso dos golpistas de pagar essa fatura do esforço dos fundamentalistas na construção do golpe”. Kokay finaliza: “sem democracia, os direitos ficam todos ameaçados”.

Segundo o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), “o maior atentado a tiros da história dos EUA tem motivação homofóbica” e “os porta-vozes do ódio”, como o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), “são cúmplices do crime”.

Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), o senador Paulo Paim (PT-RS) classificou de “barbárie” o ataque à boate e pediu o fim do que chamou de “cultura do ódio”.

Já o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) apontou que o alvo do atirador extrapola os 50 mortos e mais de 50 feridos. “Seu alvo também não se limita aos homossexuais de sua cidade ou país. Tampouco se restringe aos homossexuais do mundo. O alvo do atirador são os direitos civis, as liberdades individuais, a cidadania. Seu alvo é a HUMANIDADE”.

E acrescentou que como o atentado ocorreu no Dia dos Namorados no Brasil, serviu para lembrar “que ainda existe uma cultura conservadora que busca nos mostrar, o tempo todo, que nem todos os namorados e todas as namoradas estão realmente livres para se amar. E também para nos lembrar que é preciso seguir em frente. A luta contra a homofobia, assim como o feminismo, segue urgente e necessária. Para construir não apenas o mundo que queremos, mas principalmente o mundo de que precisamos. E logo”.

O caráter homofóbico do ataque está nítido para a deputada Maria do Rosário (PT-RS). Ela afirmou que a Organização das Nações Unidas (ONU) precisa considerar os crimes violentos que atingem lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros como crimes de ódio.

“Assim como o racismo, o machismo e todos os outros crimes de ódio, a Homofobia e todas as variáveis de Lgbtfobias, devem ser consideradas crime de ódio e não podem ficar impunes. Por este motivo apresentei um projeto de lei com este objetivo: especificar na legislação brasileira o que são crimes de ódio”.

Não apenas petistas repudiaram o crime. Conhecido pela sua pauta em defesa da comunicação LGBT, o deputado federal pelo PSOL do Rio de Janeiro, Jean Wyllys, destacou que os “assassinatos em Orlando, motivados pela homofobia mais sórdida, nos matam a todos nós, gays, lésbicas, bissexuais e transexuais em todo o mundo; levam um pouco de todas e todos nós junto com as vítimas”.

“A homofobia e a transfobia não é uma abstração nem uma invenção”, afirmou, “ela produz vítimas fatais. No Brasil, são quase 300 assassinatos por ano”.

Jean Wyllys também lembrou a forte ligação dos fundamentalistas e homofóbicos ao golpe contra a presidenta eleita Dilma.

Outro a se manifestar foi o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos.

Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias

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