Polícia Federal desocupa Palácio Capanema em ação truculenta

Por ordem do governo golpista, manifestantes e artistas ligados ao movimento de resistência Ocupa MinC foram expulsos da sede da Funarte no Rio

Lula Marques

Lula Marques

A Polícia Federal realizou, sem aviso prévio e de forma truculenta, a desocupação do Palácio da Cultura Gustavo Capanema, sede da Fundação Nacional de Artes (Funarte) no Rio de Janeiro, na manhã desta segunda-feira (25). De acordo com os manifestantes, a a reintegração de posse foi marcada pela arbitrariedade e pela falta de diálogo típicas do governo golpista de Michel Temer.

O prédio estava ocupado há mais de dois meses, desde o dia 16 de maio, por artistas ligados a diversos coletivos de cultura organizados no movimento Ocupa MinC, que se tornou símbolo de resistência contra o golpe. A ocupação foi motivada pela extinção do Ministério da Cultura anunciada por Temer e, mesmo após o recuo dos golpistas, os manifestantes decidiram manter o protesto.

O palácio foi cercado logo cedo por uma tropa fortemente armada e, apesar de os ocupantes terem concordado em deixar o local de forma pacífica, uma mulher foi agredida por um policial e advogados dos manifestantes foram impedidos de acompanhar a desocupação.Em maio, o recém-empossado ministro golpista da Cultura Marcelo Calero havia dito em entrevista que não procederia à reintegração de posse dos prédios públicos em poder do movimento Ocupa MinC.

No dia 15 de julho, no entanto, o pedido de reintegração foi feito pela gestão golpista e negado pelo juiz Federal Paulo André Espírito Santo, da 20ª vara federal do Rio de Janeiro.

Após a saída de todos os manifestantes, uma espécie de muro foi erguido ao redor do palácio para impedir novas ocupações. Em assembleia realizada ainda no local, o movimento decidiu continuar a resistência, acampando do lado de fora do muro. Em sua página no facebook, o OcupaMinC RJ convocou artistas, músicos e toda a população para participar de uma vigília cultural.

Na divulgação, o movimento afirma que a resistência será ampliada. “O governo golpista tira artistas e coloca a força opressora do Estado. A nossa resistência só se amplia a partir de agora! Vamos continuar ocupados em frente ao prédio, porque o Capanema é do povo e não de um governo”.

Durante os quase 70 dias de ocupação, pelo menos mil atividades culturais foram promovidas gratuitamente no palácio, mobilizando cerca de 100 mil pessoas. Artistas como Arnaldo Antunes, Lenine, Caetano Veloso e Seu Jorge se apresentaram no local em apoio ao movimento.

Por Luciana Arroyo, da Agência PT de Notícias

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