Discurso de Dilma no Senado é elogiado internacionalmente

Força da presidenta é aspecto mais reconhecido por diversos veículos internacionais. Ela respondeu, por mais de 15 horas, a perguntas no Senado

Dilma Rousseff durante discurso no Senado Federal. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

A presença da presidenta Dilma Roussef no Senado nesta segunda-feira (29), em um dia histórico de defesa contra o golpe parlamentar, repercutiu em todo o mundo.

O jornal norte-americano “New York Times” publicou uma reportagem, destacando a seguinte fala da presidenta: “Não esperem de mim o silencio obsequioso dos covardes”.

O texto conclui que “Dilma fez alusão ao fato de que ela continua a ser rara entre as principais figuras políticas brasileiras: não foi acusada de enriquecer-se ilegalmente, em contraste com uma ampla gama de legisladores que procuram sua expulsão”.

Por meio de artigo assinado pela jornalista Carol Pires, NYT escreveu “diferentemente da resignação do ex-presidente Fernando Collor em 1992, que foi provocada por acusações de corrupção e considerou o progresso das instituições democráticas, a saída de Dilma deixa um rastro de ressentimento”.

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O espanhol “El País” classificou a fala de Dilma como “dura e emocionante”. Em artigo, El País escreveu que Dilma “apelou aos sentimentos, à sua história política, ao seu caráter e à sua trajetória para deixar claro de que está sendo expulsa [da Presidência] injustamente”.

“Ela sabe. Sabe que só um milagre a salvará [do impeachment], sabe que tudo está perdido. Ou quase. Por isso, apesar desta interpelação, Rousseff não dirigiu seu discurso só aos senadores, mas ao país inteiro, aos livros de história, ao seu próprio retrato e à sua própria biografia, consciente da dimensão do momento, da importância do discurso”, destacou o autor do texto, Antonio Jiménez Barca.

O argentino “Clarín“, conhecido por sua posição conservadora, publicou o texto “Dilma denuncia um golpe para dar espaço a ‘governo usurpador’”. Sem adjetivos, o jornal ressaltou a argumentação de Dilma em que ela indica que o processo de afastamento começou depois que ela se recusou a ceder a uma chantagem do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, “afastado por suspeitas de corrupção”.

“Ele queria que eu dissesse que o meu partido votaria a seu favor na comissão de ética e eu neguei”, ressaltou um trecho do depoimento de Dilma citado por “Clarín”.

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Já o britânico “The Guardian” definiu em sua cobertura que “na sua declaração de 40 minutos, Rousseff serenamente proclamou sua inocência e adotou um tom que oscilava entre a de uma guerreira desafiadora na defesa dos direitos sociais e uma mulher vitimada e injustiçada por seus usurpadores”.

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O francês “Le Monde” destacou que “Dilma Rousseff denuncia como ‘golpe de Estado’ seu processo de impeachment”. Fala que “durante meses, a primeira mulher eleita para a chefia do Brasil, em 2010, clama por sua inocência e denuncia um complô do seu ex-vice-presidente e agora rival, Michel Temer”.

Em entrevista ao canal dos EUA “Democracy Now”, Glenn Greenwald destaca “coragem de Dilma e covardia de Temer”.

Apoio no Brasil 

Desde que começou o debate no Senado, Dilma recebeu apoio de artistas, intelectuais e militantes independentes, principalmente pelas redes sociais.

Para o jornalista Xico Sá, Dilma mostrou que é uma mulher resistente.

A jornalista Lola Aronovich, autora do blog feminista Escreva Lola Escreva, ressaltou a força da presidenta

De acordo com a professora titular de ciência política da Universidade de São Paulo Maria Hermínia Tavares de Almeida, “o processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, vai encolher a presença do Brasil no mundo”. Além disso, há dúvidas sobre sua legitimidade e o impeachment arranhou a imagem externa do país.

O jornalista Paulo Henrique Amorim se manifestou publicamente:

O cartunista André Dahmer também elogiou a presidenta.

Em entrevista, Wanderley Guilherme dos Santos, cientista político que analisou a conjuntura brasileira que antecedeu a ditadura civil-militar (1964-1988), disse que o impeachment de Dilma é um golpe muito pior do aquele de 1964.

O jornalista Bob Fernandes definiu o impeachment como golpe e farsa para escapar à Lava Jato

Da Redação da Agência PT de Notícias

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