Presidente golpista do BC defendeu desemprego para reduzir inflação

Ilan Goldfajn escreveu artigo defendendo não haver “almoço grátis” e ser preciso estar disposto a “abrir mão de coisas valiosas”, como o emprego

Foto: Lula Marques/ Agência PT

Sabatinado nesta terça-feira (7) pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para ocupar a presidência do Banco Central no governo golpista de Michel Temer, o economista Ilan Goldfajn já defendeu o aumento do desemprego como forma de reduzir a inflação no Brasil. Seu nome foi aprovado no plenário do Senado por 56 votos a favor e 13 contra.

No artigo intitulado “Combater a inflação, mexer no emprego”, publicado em 5 de março de 2013 no jornal “O Estado de S.Paulo”, Goldfajn escreveu que “não há almoço grátis” e que os brasileiros precisam estar dispostos a “abrir mão de coisas valiosas” para ter uma inflação menor.

“Pleno emprego, salários altos e consumo forte têm sido valiosos para a economia brasileira”, avaliou Goldfajn. “A inflação sob controle também é um valor. Não está claro se há consciência na sociedade de que para manter a inflação sob controle possa ser necessário temporariamente reduzir o consumo e desaquecer o mercado de trabalho.”

A sugestão de diminuir as vagas de emprego no país trabalha com a lógica recessiva. Isso porque pressupõe que conferir menor poder aquisitivo à população provoca o desaquecimento do consumo, e consequentemente a economia, reduzindo a pressão sobre os preços. Ocorre que a medida penaliza justamente os que são mais afetados pela inflação, porque provoca consequências altamente nocivas para as famílias impactadas pelo desemprego, desagregando-as.

“Na atual conjuntura talvez seja necessário desaquecer temporariamente o consumo, adequando-o, no curto prazo, à oferta mais restrita, quanto o mercado de trabalho”, defendeu Ilan Goldfajn em seu artigo.

Reprodução do artigo publicado por Ilan Goldfajn no jornal “O Estado de S.Paulo”

Antes de assumir o BC, Goldfajn atuava como economista-chefe e era um dos sócios do banco Itaú Unibanco. Já havia sido diretor de Política Econômica do Banco Central durante o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, entre 2000 e 2003, quando Armínio Fraga era presidente do BC e vigorava a política neoliberal.

Economista, com mestrado pela PUC-RJ e doutorado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), Goldfajn também foi sócio da Gávea Investimentos (entre 2003 e 2006) e consultor de organizações como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), tendo origem na iniciativa privada.

Por Camilo Toscano, da Agência PT de Notícias

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