Proposta de Temer é neoliberal e quebrou a Europa, diz Requião

Segundo o senador do PMDB, o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff é uma “asneira monumental”

Foto: Beto Barata/Agência Senado

Para o senador Roberto Requião (PMDB-PR), o impeachment da presidenta Dilma Rousseff é uma “monumental asneira”. Em fala no plenário, nesta quarta-feira (11), ele defendeu que não ocorreu crime de responsabilidade por parte da presidenta.

“Se tivesse ocorrido, então também teria crime de responsabilidade em 16 estados, inclusive no estado do relator”, afirmou Requião, sobre o relator do processo no Senado, Antônio Anastasia (PSDB-MG).

Neoliberalismo e a crise na Europa

O senador afirmou que as propostas defendidas pelo vice-presidente Michel Temer, seu correligionário, são uma “série de ideias vinculadas à utopia neoliberal”. E mencionou a proposta de Temer de aumentar a idade de aposentadoria para 65 anos. “Sabem vocês, Senadores, qual é a idade média dos homens em Alagoas? É 65 anos e 8 meses. Então, os alagoanos estariam condenados, se sobrevivessem, na média, a terem 8 meses de uma aposentadoria depois de uma contribuição na vida inteira.”

Requião ainda lembrou que essa utopia quebrou diversos países da Europa. “Toda a proposta arquitetada pela assessoria de Michel Temer é neoliberal, fala em cortes, mesma proposta que desgraçou a Europa, trouxe crise na Espanha e que praticamente liquidou a Grécia”, afirmou. “Quando vejo o entusiasmo de pessoas mais inocentes e desinformadas da economia com o que vai acontecer no dia seguinte da derrubada da Dilma, eu fico imaginando que são todos uma espécie de meninos a aprender a jogar xadrez pela primeira vez, não conseguindo raciocinar sobre um segundo, um terceiro ou um quarto lance. Vejo o desastre se aproximando, porque ninguém conserta este País com o liberalismo que arrebentou a economia da Europa.

“Vejo o desastre se aproximando, porque ninguém conserta este País com o liberalismo que arrebentou a economia da Europa”

“Em 2010, quando a Grécia utilizou esse remédio neoliberal, da forma como é proposto para o Brasil agora, o déficit público era 104% do PIB. Era um desespero para os gregos e o temor de toda a Europa. Privatizaram tudo, cortaram na saúde, cortaram na educação, cortaram na previdência, liquidaram aposentadorias. Em 2015, que é o último dado oficial que eu tenho, o déficit tinha ido para 184% do PIB, e a crise havia se aprofundado.”

O senador mostrou-se descrente em relação às soluções propostas pelo peemedebista Temer, e criticou quem acredita nelas como saída para a crise: “Estamos com um entusiasmo que não sei de onde vem, a não ser que venha realmente da ignorância sobre a economia e sobre o que acontece no mundo, imaginando que vamos derrubar a Presidente da República e iniciar uma mudança com um Ministério que tem algumas figuras notáveis, mas uma maioria de pessoas absolutamente inadequadas para o comando da República”, disse, antes de votar pelo não-afastamento da presidenta Dilma Rousseff, enfatizando: “meu voto é contra a besteira, a monumental asneira do impeachment da Presidente da República neste momento”.

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Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias

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