Quem é Olavo de Carvalho, o “guru” de Bolsonaro que já indicou 2 ministros

O ‘intelectual’ que guia os passos do novo governo já foi astrólogo, esotérico e ficou famoso com as teorias delirantes que oferece em um curso virtual de filosofia

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A eleição de Jair Bolsonaro traz à reboque uma figura talvez não tão conhecida, mas muito influente nos grotões virtuais da extrema-direita brasileira. É Olavo de Carvalho, o “guru” que guia os passos vacilantes do novo governo em direção ao abismo.

É ele o grande propagandeador de uma teoria seminal do bolsonarismo: há um domínio de esquerda na imprensa, universidades e elite financeira do Brasil, cuja missão é ‘destruir a família e os valores tradicionais’. E só um retorno aos tempos da palmatória, do chicote e da decoreba podem salvar o país. Tudo isso seria parte de um grande complô mundial, é claro.

Olavo se apresenta como ‘filósofo conservador’, mas fez carreira como polemista. Militou contra a ditadura nos anos 60. Trabalhou como astrólogo na década de 70, flertou com o misticismo nos anos 80 e ganhou algum espaço como articulista em jornais e revistas brasileiros entre os anos 90 e o começo dos anos 2000. Nesse meio tempo, se reaproximou da linha-dura da igreja católica e hoje considera a ditadura “genial”.

A notoriedade veio mesmo em meados de 2005, graças às ‘aulas’ que dava para pequenas turmas via internet – dessas fileiras brotaram vários assessores, blogueiros e agitadores ligados a bolsonarismo. O conteúdo vai de filosofia a esoterismo, literatura, história e religião comparada.

Olavo de Carvalho mora no pacato estado da Virgínia Ocidental, nos Estados Unidos. Sem botar os pés no Brasil, ele hoje fala diretamente a 500 mil seguidores nas redes sociais. É elogiado por figuras como Janaína Paschoal, Alexandre Frota, Lobão e, é claro, Jair Bolsonaro e seus filhos.

Em entrevistas, ele diz não pertencer a essa nova direita e até critica correligionários. “Fui o parteiro dela, mas o parteiro não nasce com o bebê”, disse à BBC Brasil. Noutra ponta, dá conselhos e costura alianças com o novo governo. Já emplacou duas indicações no ministeriado de Jair Bolsonaro: Ernesto Araújo nas Relações Exteriores e o colombiano Ricardo Vélez na Educação.

O primeiro considera chama o PT de “Partido Terrorista” e acha que a esquerda quer impedir o nascimento do menino Jesus (sm, é isso mesmo). Já o futuro chefe do MEC acha que a ditadura deve ser comemorada e é contra uma suposta “doutrinação cientificista” nas escolas.

A linguagem taxativa e recheada de palavrões do beato Olavo mistura conceitos aparentemente coerentes sobre filosofia, história e política com declarações completamente esdrúxulas. As referências que menciona não resistem uma checagem mais atenta. ” São pensamentos em sua maioria descolados dos fatos. Olavo cita fontes proficua­mente, mas fontes que elucubram tanto quanto ele, que se baseiam tão somente no plano das ideias”, registrou a revista Época.

Ele já disse, por exemplo, que a Pepsi é adoçada por células de fetos humanos. Que o petróleo NÃO é um combustível fóssil. E que a Terra não gira em torno do sol. Também já acusou o governo dos Estados Unidos e a família real inglesa de trabalhar em prol da islamização (!) mundial. (Confira algumas delas aqui.)

Como se vê agora, seus admiradores ainda não conseguem diferenciar ficção, piada e realidade. E o olavismo ficou sério demais.

Da Redação Agência PT de Notícias

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