Robercil da Rocha: O PT como Think Tank da Esquerda

O que proponho com o PT como Think Tank da Esquerda é, principalmente, a direção da sociedade no campo político e ideológico

Lula Marques/Agência PT
Tribuna de Debates do PT

Proponho o PT como Think Tank da Esquerda Brasileira e da AL. Planejamento Estratégico de Longo e Médio Prazos, Táticas em Sintonia com tal planejamento, Ação concreta na Conjuntura para criar as condições ideais pensadas no Núcleo Estrategista Multidisciplnar composto por diferentes Especialistas.

A Direita Planeja e Executa Planos de Longo Curso em todo o Mundo, notadamente na periferia do Capitalismo. E faz parecer, aos olhos do Povo, como algo impossível de ser feito, classificando como “Teoria da Conspiração “. E muita gente boa acredita. Mesmo no meio Acadêmico.

Nós podemos fazê-lo também!

Temos Intelectuais Orgânicos para tanto. Basta darmos as meios materiais para que nossos Pensadores tenham as condições de se dedicarem Full Time a esta tarefa, sem que tenham que se preocupar com sua subsistência. Ou seja, nossos(as) pensadores(as) devem ser adequadamente Remunerados(as) para que nos entreguem o Produto de seu Labor Intelectual: Plano Estratégico nas várias áreas de interesse nacional com observância da conjuntura Internacional, permanentemente, haja vista a dinâmica dos movimentos das Forças Políticas, Sociais e Econômicas, interna e externamente.

O Nucleo Estrategista deve, portanto, estar mobilizado permanentemente, produzindo Inteligência na forma de Papers Orientadores da Ação do PT e das Frentes, no Poder e fora dele e devem ser utilizados internamente, nos diferentes niveis de poder político, bem como externamente nas relações com Países e Blocos de forma a que toda estratégia adrede preparada norteie as negociações sem tropeços.

Segundo Friedrich A. Sorge, em texto publicado em 15 de Dezembro de 1872 na revista belga La Sciense Populaire:
—“Uma coisa é certa, comprovada por nossa própria experiência: A Sociedade Burguesa moderna, embora dividida em frações hostis entre si e sempre em guerra declarada ou siçenciosa, se apresenta unida e compacta quando se trata de manter a qualquer preço sua dominação política e econômica sobre o trabalhador.

Ela se opõe então, com uma inflexível obstinação a toda tentativa da Classe Trabalhadora de produzir uma modificação favorável da Ordem Social atual(…)

Considerando-se que a Sociedade Burguesa possui uma organização centralizada , potente para nos oprimir, como poderíamos avançar um só passo em direção à nossa Emancipação mediante a descentralização, divisão, isolamento e desorganização?

Quando, ao nascer, a sociedade burguesa proclamou solenemente ” A Liberdade Individual”, desse princípio resultou uma nova escravidão das Classes Trabalhadoras.(…)”

Mais recentemente, Rene Armand Dreifuss, no seu livro A Internacional Capitalista, nos revela como o empresariado transnacional não satisfeito com o exercício de seu poder econômico aprendeu, eles mesmos, a fazer política e a determinar diretrizes econômicas tratando de zelar por arrumações políticas que forneçam fértil terreno à salvaguarda dos interesses multinacionais, se necessário com violentas “cirurgias”, e foram responsáveis da formulação da politica interna dos EUA, Japão, Europa Ocidental e na criação de congêneres na Ásia, Caribe e América Latina.

Sua capacidade de intervenção, muito clara em momentos como 1964 no Brasil e 1973 no Chile quando tomaram de assalto as Instituições destes Países, revela que a sempre comentada Luta de Classes nao é um processo unilateral levada a cabo pelos grupos oprimidos contra os opressores, significa também a luta que as Classes Dominantes travam atualmente e de forma consciente contra os segmentos sociais subalternos.

Na construçao da Soberania Pppular Brasileira temos que corrigir nossas proprias desarticulaçoes e unir forças em torno a este objeto comum às Esquerdas, Movimentos Sociais, Coletivos, Sindicatos, Centrais, enfim, qual seja: Reverter o Golpe e interferir na Conjuntura Golpista na AL.

Está claro hoje, como nas páginas 17 e ss de A Internacional Capitalista, que o empresariado nacional e internacional passou a fazer da Política o Negócio ostensivo e prioritário. Se antes se escondia atrás de intermediários na gestão e gerência dos assuntos da Sociedade, financiando campanhas, elegendo e derrubando Presidentes, hoje o próprio empresario ocupa os espaços no Executivo e Legislativo, vide Trump, Doria, etc.

Vivemos em sociedades capitalistas que se internacionalizaram produtiva e politicamente e as classes dominantes são fundamento e expressão deste processo de Globalização. A ação política-ideológica do capital internacional é tema praticamente desconhecido do grande público e pouco debatido no interior do partido. No entanto se faz presente desde sempre. Na página 19 da obra em tela corroborando o que venho de afirmar, consta a viagem do então vice-presidente do Brasil aos EUA no ano de 1984 dando conta de que se trataria de contribuição de empresarios brasileiros para contratar os serviços de uma certa Public Affairs Analyst pela soma de aproximadamente 85,000 Dólares, na área da Promoção e Relações Públicas.

Nos dias que correm, novamente nos chegam notícias de viagens de “Treinamento” de Juízes; Cortesia de Senadores e grandes figuras políticas e empresariais aos EUA antes, durante e depois do Golpe de 2016 no Brasil.

Na página 21 da mesma obra citada, o autor questiona se sabemos a respeito do jogo mais profundo e sutil dos poderosos. Se sabemos como é que os indivíduos da Classe Dominante em uma Sociedade se organizam e desenvolvem a luta política, destinada a perpetuar Privilégios ou conquistar novas posições; Como desarmam e cooptam, anulam e liquidam adversários ou neutralizam e desviam as questões em pauta; Como é que uma Clssse traduz suas capacidades estruturais como predomínio econômico na esfera da produção, sua formação intelectual e seu acervo cultural, suas ligações pessoais e vinculos familiares ampliados em capacidade política-organizacional?

Em Gramsci, a Grande Política integra os varios níveis de reflexão: estratégia e tatica; campanha, manobra e batalha; conjuntura e processo; circunstância e traço dominante; política parlamentar, do quotidiano e politica de estado, entre outras.

O que proponho com o PT como Think Tank da Esquerda é, principalmente, a direção da sociedade no campo político e ideológico, no sentido do duplo exercício Gramsciano de força e autoridade, dominação e hegemonia, violÊncia e civilização. E discenir como se criam relações de poder numa ação nova extraídas do Real, não esquecendo de separar Partido, Governo e Povo.

Por Robercil da Rocha Parreira, secretário de Comunicaçao do Diretorio Zonal 2 – Grande Tijuca do DMPTRio, advogado, para a Tribuna de Debates do PT.

ATENÇÃO: ideias e opiniões emitidas nos artigos da Tribuna de Debates do PT são de exclusiva responsabilidade dos autores, não representando oficialmente a visão do Partido dos Trabalhadores

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