São Paulo celebra centenário da Greve Geral de 1917

Para lembrar o histórico movimento dos trabalhadores, capital paulista terá o primeiro ato oficial pelo Dia da Luta Operária e lançamento de memorial

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Greve Geral de 1917 em São Paulo

O mês de julho marca um período de lutas na história operária brasileira. Há 100 anos, trabalhadores do setor têxtil iniciaram uma greve contra os baixos salários e as longas jornadas de trabalho impostas a homens, mulheres e crianças, que chegavam a durar 14 horas diárias.

Na ocasião, a polícia interveio de maneira truculenta e causou a morte do sapateiro José Ineguez Martinez, de apenas 21 anos. Uma revolta se espalhou por outras cidades brasileiras, que culminou com a Greve Geral de 1917.

A paralisação mostrou como sindicatos e associações poderiam ser efetivos na defesa dos interesses desta classe e o levante tornou-se um marco no processo de construção da identidade operária e sindical no Brasil.

Em memória a essa história de resistência, a cidade de São Paulo celebrará, no domingo (9), o Dia da Luta Operária com ato e lançamento de memorial.

É a primeira vez que a data será celebrada oficialmente na capital paulista, institucionalizada pela Lei 16.634 de 2017, de autoria do vereador Antonio Donato (PT).

“A ideia surgiu a partir da comemoração dos 100 anos da primeira greve geral do Brasil. Essa greve é simbólica para o movimento dos trabalhadores do Brasil. Ela começou em uma fábrica, liderada principalmente por mulheres. A luta na época era por questões básicas, trabalhava-se de 12 a 14 horas”, afirmou o vereador.

Donato ainda ressalta que não havia hora extra nem folga semanal. “Então, os trabalhadores se mobilizaram por uma jornada de trabalho menor e por um salário maior, porque na época havia uma grande inflação. Enfim, lutas que inspiraram muitas conquistas posteriores”.

O vereador explica que a morte do jovem José Martinez trouxe unidade à luta, levando-a da capital para o interior e outras cidades do país. “Esse jovem espanhol, anarquista, foi assassinado durante o confronto da polícia com trabalhadores. A manifestação no enterro do Martinez contou, segundo a imprensa da época, com mais de 70 mil pessoas. Um terço da cidade se mobilizou”.

O 9 de julho foi a data que morreu o jovem trabalhador. “É uma data para rememorar a luta dos trabalhadores”, concluiu Donato.

Agenda de lutas

A CUT-SP está promovendo eventos de celebração em parceria com o mandato do vereador Donato. No domingo, será realizado o Ato em Memória da Primeira Greve Geral do Brasil, no bairro do Brás, região central da capital.

Já na segunda-feira (10) será lançado o Memorial ao Movimento Operário e Sindical Brasileiro de 1917, no Cemitério do Araçá, onde Martinez foi enterrado.

“É fundamental que façamos essas celebrações políticas e de luta. Queremos homenagear Martinez e os protagonistas da greve geral de 1917, mas também contar a nossa história, a história da classe trabalhadora”, afirma o presidente da CUT-SP, Douglas Izzo.

O sindicalista reforça a importância de valorizar a união e a luta dos trabalhadores na atual conjuntura política nacional. “As reformas trabalhista e da Previdência, que querem nos colocar nas mesmas condições de trabalho do início do século 20, são importantes demonstrações de que a luta é cada vez mais necessária”, disse.

Lgo. da Batata em São Paulo tomado por greve geral, em abril de 2017

Recentemente, a greve geral de 2017 reviveu o descontentamento dos trabalhadores, como manifestado há 100 anos, desta vez em luta contra as propostas de retirada de direitos pelo governo golpista de Michel Temer e seus aliados com perspectiva de piora nas condições de trabalho.

A exemplo do movimento de 100 anos atrás, a greve se espalhou nos 26 estados e no Distrito Federal, e coincidentemente também houve truculência policial contra os trabalhadores, a ponto de Temer chamar o Exército para conter manifestantes em Brasília. Sinais de que a luta contra todo tipo de repressão ainda continua.

 

Serviço

Dia 9 (domingo) – 9h

Dia da Luta Operária’ – Ato em memória da primeira Greve Geral do Brasil

Rua do Bucolismo, 81, Brás, centro de São Paulo

Dia 10 (segunda) – 12h

Lançamento do Memorial ao Movimento Operário e Sindical Brasileiro de 1917

Cemitério do Araçá – Acesso pelo portão Pacaembu da rua Angatuba, esquina com a rua Major Natanael.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da CUT e Rede Brasil Atual

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