Sem gestão, seca em SP já ameaça Sistema Alto Tietê

No ritmo atual, em cinco meses reservatório terá esgotado o seu volume útil a exemplo do que ocorreu com Cantareira

Depois da crise do Sistema Cantareira, a população de São Paulo corre o risco de enfrentar problemas semelhantes com outra reserva, o Sistema Alto Tietê.  Com apenas 28,1% de seu volume armazenado, a seca já começa a chamar a atenção de especialistas.

Diariamente, o volume do reservatório apresenta uma queda de 0,2%. Por segundo, 12 mil litros de água são perdidos. Levando em consideração a capacidade de armazenamento de 519 milhões de metros cúbicos de água, em cerca de cinco meses esse volume útil poderá se esgotar, segundo o engenheiro José Roberto Kachel dos Santos.

O Alto Tiete abastece quase quatro milhões de pessoas da zona lesta da capital e dos municípios de Arujá, Itaquaquecetuba, Poá, Ferraz de Vasconcelos, Suzano, Mauá, Mogi das Cruzes, parte de Santo André e Guarulhos. Nos anos de 2012 e 2013, os índices pluviométricos apresentaram números abaixo do normal.

No ano passado, os reservatórios não passaram de 65%. Nenhuma medida foi adotada pela Companhia de Abastecimento do Estado de São Paulo (Sabesp) para impedir esse esvaziamento.

“Quem gerencia achou que estava tudo bem. Tem que reduzir a vazão retirada, mas a Sabesp afirma que não é necessário”, explica Santos.

Membro do Comitê da Bacia do Alto Tietê, o especialista acredita que o volume da reserva está se esvaindo rápido demais. “Fazendo uma conta simples, verifica-se que tem água apenas para 140 dias”, alertou.

O Alto Tietê é o segundo maior manancial do estado. Ele é abastecido pelos rios Tietê, Claro, Paraitinga, Biritiba, Jundiaí, Grande, Doce, Taiaçupeba-Mirim, Taiaçupeba-Açu e Balainho.

Santos afirma que, na última reunião do Comitê de Bacias, propôs a criação de um grupo técnico para monitorar o Alto Tiete, assim como o GTAG, do Cantareira. Após votação, ficou decidido que uma câmara técnica fará o monitoramento hidrológico do sistema.

Mês – No domingo (15), o uso da captação abaixo das comportas do Sistema Cantareira completou um mês. Desde que passou a utilizar as águas do volume morto, o reservatório apresentou queda acima de 4%.

O volume total do Cantareira passou dos 26,7%, registrados no dia 16 de maio, para os 22,7%, registrados nesta quarta-feira (18). O governo do estado ainda não oficializou o racionamento, mas a população já sente os efeitos das suspensões de fornecimento.

Problemas são provocados, segundo ambientalistas, por falta de gestão ambiental dos recursos hídricos pelos sucessivos governos tucanos no estado.

 

Por Camila Denes, da Agência PT de Notícias

 

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