Situação do Brasil é preocupante, dizem convidados internacionais

Observadores do 6º Congresso do PT afirmam que golpe e a caçada judicial ao ex-presidente Lula fazem parte de projeto neoliberal internacional

6º Congresso Nacional do PT

Representantes de partidos e movimentos de esquerda de dezenas de países, presentes no 6º Congresso Nacional do PT, apontam que há um projeto supranacional de resgate do neoliberalismo. O golpe contra a presidenta Dilma Rousseff (PT) e a perseguição judicial ao ex-presidente Lula fazem parte deste contexto.

O 6º Congresso reuniu uma delegação de 79 observadores internacionais de movimentos e partidos de esquerda de todo o mundo. Eles manifestaram preocupação em relação ao que ocorre hoje no Brasil. “Nos doeu muito esse golpe em que os usurpadores do poder estão retirando todos os avanços dos governos petistas”, afirmou Mônica Xavier, senadora pelo Partido Socialista Uruguaio e ex-presidenta da Frente Ampla.

Mônica Xavier, senadora pelo Partido Socialista Uruguaio

Xavier afirmou estar preocupada com a situação no Brasil e que tem denunciado o golpe em todos as instâncias internacionais das quais participa. “O mundo tem que saber que o governo do Brasil não é legítimo”, disse.

Para Jorge Schafik Randal, da Frente Farabundo Martí para Libertação Nacional, de El Salvador, tanto o golpe quanto a perseguição ao ex-presidente Lula fazem parte de uma frente de ataques contra a esquerda mundial. “É necessário estar aqui pelo intercâmbio de experiências, para sabermos como a esquerda de vários lugares da América Latina estão enfrentando o plano comum que o império tem traçado contra o governo de esquerda”, afirmou.

Korge Schafik Randal, da FMLN de El Salvador

“São golpes de Estado, como o que foi dado no Brasil. Tem 54 milhões que expressaram uma opinião, e ao império e seus representantes locais isso importa pouco. Eles falam de democracia, mas é a sua democracia. Não tem nada a ver o povo, as pessoas, e nem com o sistema de votação”, disse.

E, para ele, destruir Lula é destruir a esperança do povo. “E um fator comum: buscam as lideranças para acabar com a esperança de um povo refletida em um homem”, disse.

“O avance contra Dilma, Lula e o PT não é outra coisa senão uma perseguição judicial contra todo o movimento popular pelos avanços que conseguimos em nossas lutas, nas ruas, e no governo. Nos solidarizamos com vocês”, afirmou Javier Calderón, representante internacional da Marcha Patriótica na Colômbia.

Javiér Calderon, da Marcha Patriótica

Segundo ele, na Colômbia, a mídia local repetiu as informações dos veículos brasileiros “co-participes do golpe”. “Em Colômbia, se demonizou a Lula e Dilma para demonizar também o movimento popular colombiano, mostrando à classe trabalhadora que a esquerda não pode governar, que a esquerda é corrupta”, disse.

Para Xavier, a perseguição ao ex-presidente Lula está conectada com sua grande popularidade ao deixar o cargo. A senadora afirma que os governantes de esquerda, em geral, deixam o cargo com grande aprovação devido às grandes transformações sociais que promovem. “Quando têm chance de voltar, ou quando as pessoas pedem sua volta,  começa essa operação com os grandes meios de comunicação e a judicialização da política para evitar que isso ocorra, e vira um vale-tudo”, afirma ela.

Solidariedade

Os observadores internacionais são uma marca dos congressos petistas. Neste 6º Congresso, a presença dessas lideranças e representantes teve um caráter de reforçar a solidariedade com o PT.

“O PT precisa da nossa solidariedade, das forças progressistas de esquerda em todo o mundo”, afirmou Mohamed Zrug, representante da frente Polisário no Brasil. A frente luta pela emancipação e autonomia do povo saharaui. Ele conta que a chegada do PT ao governo brasileiro representou uma grande esperança. E o golpe, uma grande frustração.

Mohamed Zrug, da Frente Polisário

“Para nós é um compromisso estar no Congresso do PT demonstrando toda a solidariedade dos frente amplistas uruguaios e em particular no meu caso no socialistas uruguaios”, afirmou Xavier.

Calderón afirma ver com muita expectativas as grandes mobilizações contra o golpe, pelo Fora Temer e Diretas Já, e a grande greve geral que ocorreu em 28 de abril. “Entendemos que o movimento popular está na ofensiva tentando recuperar o governo, e nós vamos respaldar. Conte com a gente porque entendemos que é uma luta de toda América”, afirmou.

Por Clara Roman, da Agência PT de Notícias

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