Sob Bolsonaro, bancos públicos encolhem e classe média é alvo de mais juros

Com perfis privatistas, presidentes de bancos tomam posse e avisam: “classe média terá juros de mercado” para programas de habitação

Arte Agência PT

Depois de diminuir o salário mínimo como primeira medida de governo e acabar com sua política de valorização, Jair Bolsonaro agora mira em seu próprio eleitorado e fiel apoiador: a classe média. Essa parte da população, se ainda não “percebia” os efeitos nefastos das primeiras medidas do governo, agora vai sentir no bolso.

Nesta segunda-feira (7), durante a posse dos novos presidentes dos bancos públicos, o novo presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, foi enfático ao falar sobre programa Minha Casa Minha Vida: “Quem é classe média tem de pagar mais. Ou vai buscar no Santander, Bradesco, Itaú. E vai ser um juros de mercado [na Caixa Econômica Federal]. A Caixa vai respeitar os juros de mercado”, afirmou, citando diretamente a base de apoio central do novo governo.

Nesta terça-feira (8), o presidente da Caixa voltou atrás – como é de costume neste governo – e disse que a imprensa distorceu sua declaração. Porém, o vídeo com sua fala sobre a classe média está disponibilizado em sites de notícias.

A declaração só reforça o caráter privatista da equipe recém empossada por Paulo Guedes, ministro da Fazenda, nesta segunda-feira (7). Na ocasião, o governo também anunciou que vai reduzir o tamanho dos bancos públicos no País, “com venda de subsidiárias e a devolução de aportes feitos pelo Tesouro nessas instituições”, segundo noticiou o jornal Estado de S. Paulo. Para piorar, Banco do Brasil e Caixa Econômica vão reduzir o número de agências no país, seguindo a cartilha neoliberal implantada pelo governo de ultra-direita.

Encolhimento de bancos públicos prejudica o povo

Nem todos sabem, mas os bancos públicos cumprem uma função social de extrema relevância, equilíbrio em períodos de crise e ainda são responsáveis por programas sociais como Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida. “Encolhê-los”, como denunciaram os jornais nesta terça-feira (8), é um largo passo rumo à privatização, já anunciada e desejada pelo governo Bolsonaro.

Além de entregar um patrimônio do povo brasileiro ao capital estrangeiro, a privatização dos bancos públicos trará riscos para a economia, empresários, produtores rurais e programas sociais do país.

Bancos públicos e a oferta de crédito

Ao longo dos governos do PT, a Caixa e o Banco do Brasil foram fundamentais na oferta de crédito imobiliário e para os micro e pequenos empresários. Diretor-presidente da Fenae entre os anos de 2005 e 2014, Pedro Eugêncio Beneduzzi Leite, aponta que a privatização dos bancos públicos levará ao desmantelamento da políticas de crédito, o que pode impactar diretamente no mercado interno e criação de empregos.

“Cerca de 70% do financiamento de imóveis do país estão com a Caixa porque é um banco público voltado para o cidadão. Bancos privados não se importam com esse tipo de crédito porque não tem a mesma lucratividade que um cheque especial, por exemplo. Com a privatização, a oferta de crédito vai correr risco e vai cair na especulação. Vai encarecer o empréstimo para imóveis e o microcrédito para o empresário”.

“A Caixa teve um período, notadamente no governo Lula, em que ela regulou o mercado e foi importantíssima na concessão de crédito para a casa própria e não só do Minha Casa, Minha Vida, onde ficou mais conhecida, mas também para a classe média, a quem a Caixa financiou muito na questão da habitação”, aponta Leite.

A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvândia Moreira Leite, destaca o risco que a privatização também trará para a agricultura familiar. Segundo ela, o Banco do Brasil é líder na oferta de crédito para a agricultura, tendo uma participação de 8,4% no mercado, desde as grandes empresas até as pequenas propriedades. “Sem um banco público para oferecer crédito mais barato ao agricultor familiar, o preço dos alimentos será muito mais alto para o consumidor”, destacou Juvândia ao PT no Senado.

Caixa e BB contra a crise

Tanto Ferreira quanto Leite destacaram ainda o papel dos bancos públicos no enfrentamento da crise econômica de 2008. “Em 2009, os bancos públicos— e a Caixa, especialmente — cumpriram um papel essencial do enfrentamento da crise econômica internacional. Essas instituições ofereceram crédito mais acessível, ajudando a economia a se movimentar”, destacou o atual presidente da Fenae.

“Ainda não se fez um estudo para mostrar o quão o Banco do Brasil, o BNDES e principalmente a Caixa foram importantes para que o Brasil superasse a crise. Os bancos públicos mantiveram o crédito aberto para a habitação e também ao pequeno e médio empresário no período de crise”, lembrou Pedro Eugênio Beneduzzi Leite.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do PT no Senado e do Estadão

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