Tiago Soares: PT na Alesp comete erro tático que pode interferir no futuro do partido

Apoiar Cauê Macris coloca o partido em papel de submissão em relação ao seu principal adversário e cria aliança com os que deram sustentação ao golpe

Alesp
Tribuna de Debates do PT

Aliado de Alckmin, Macris representa mão do governador na Alesp

Primeiramente, fora Temer de verdade. Após a decisão polêmica tirada no Diretório Estadual de São Paulo em apoio à candidatura do PSDB para garantir a proporcionalidade na eleição da mesa diretora na Alesp, fui confrontado a apresentar meus motivos para estar em desacordo com a maioria esmagadora do diretório estadual.

Vivemos momentos da conjuntura que exigem dos dirigentes partidários, mais do que nunca, coerência, humildade e respeito com a nossa militância. Na véspera da reunião do diretório, inúmeros manifestos foram redigidos, por militantes de diversos agrupamentos, nos quais clamavam aquela instância a decidir em nenhum voto ao PSDB, e reafirmavam que a estrutura partidária não deveria estar subordinada à uma eventual aliança com o tucanato, sócio majoritário do golpe instaurado no país.

Os defensores de tal medida alegam que existe um histórico de ocupação da primeira secretaria a ser respeitado. Acho legítimo a bancada reivindicar a proporcionalidade vinda das urnas eleitorais, mas na Alesp para ocupar tal função é necessário fazer aliança partidária com o bloco da maioria, e isso significa ter que votar no tucano Cauê Macris.

O deputado é conhecido como antipetista e escreveu um artigo na “Folha de S.Paulo” no qual classifica o PT e os movimentos sociais históricos, como Une, MST e CUT, de batedores de carteira, motivos razoáveis para não votar nesse sujeito. Além disso, o partido coloca em xeque a tese do golpe, pois como pode permitir que seus parlamentares realizem aliança com aqueles que deram sustentação econômica e política para o golpe? Será que essa tática não é a tentativa de virar a página conforme relatado pelo senador Humberto Costa nas paginas amarelas da “Veja”?

O líder do governo Alckmin, Cauê, sendo eleito presidente da casa em ano pré-eleitoral é a mão pesada do governador na Alesp e irá restringir ainda mais a autonomia dos deputados governistas, promovendo o enfraquecimento da bancada de oposição que será perceptível a curto prazo. A lógica parlamentar moderada e aliancista coloca o partido em submissão ao seu principal adversário.

Respeito a opinião da maioria, mas fraternalmente tenho divergências dessa posição, que não é apenas um mero procedimento de definição da administração da casa legislativa, e sim de conveniência com o nosso principal adversário. É claro que a movimentação do governador é tão forte que coloca até o principal partido de oposição no seu esteio, é preciso reconhecer, e por isso votei contra, cada vez mais, motivos como esse exposto, nos leva para um suicídio político e a história nos cobrará essa fatalidade.

Por Tiago Soares, membro do Diretório Estadual, coordenador do Setorial Estadual de Direitos Humanos e da direção nacional da EPS, para a Tribuna de Debates do 6º Congresso. Saiba como participar.

ATENÇÃO: ideias e opiniões emitidas nos artigos da Tribuna de Debates do PT são de exclusiva responsabilidade dos autores, não representando oficialmente a visão do Partido dos Trabalhadores

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