Três ministros de Temer já caíram; outros 16 estão enrolados

As suspeitas sobre o primeiro escalão da Esplanada incluem citações comprometedoras na Operação Lava Jato, entre muitos outros problemas com a lei

Presidente interino, Michel Temer e o ministro da educação, Mendonça filho anunciando prorrogação do FIES. Foto: Lula Marques/Agência PT

O tsunami de suspeitas e investigações que recaem sobre o governo golpista de Michel Temer já provocou a queda de três ministros: Romero Jucá (Planejamento), Henrique Alves (Turismo) e Fabiano Silveira (Transparência, Fiscalização e Controle). Todos caíram por citações fortemente comprometedoras na Operação Lava Jato.

Mas, a depender das apurações sobre ilícitos envolvendo o primeiro escalão de Temer, outros 16 ministros estão na fila (72,7% do total) e podem acabar perdendo seus cargos na Esplanada dos Ministérios a depender das próximas revelações.

Ao todo, 19 dos 22 nomes escolhidos inicialmente por Temer para ministro estão implicados em alguma acusação, processo judicial, investigação ou são citados na Lava Jato. Ou seja: nada menos do que 83,3% do primeiro escalão está sob suspeita. O próprio Temer foi citado 24 vezes na delação de Sérgio Machado, em posse dos investigadores.

Hoje, depois da queda dos primeiros ministros, dos 22 titulares de pastas com status de ministério, há oito (um terço ou 36,3% do total de ministros) com citação na Lava Jato, seja menção em delações premiadas, seja em inquéritos ou na chamada “lista da Odebrecht”.

São eles: Eliseu Padilha (Casa Civil), Geddel Vieira Lima (Governo), José Serra (Itamaraty), Mendonça Filho (Educação), Ricardo Barros (Saúde), Bruno Araújo (Cidades), Osmar Terra (Desenvolvimento Social e Agrário) e Raul Jungmann (Defesa).

Ao incluir o nome do secretário de Privatizações e Concessões, Moreira Franco, que tem fortes vínculos com Temer, mas não possui cargo com status de ministério, esse número sobe para nove. Mas o total chega a 12 ministros se forem incluídos também os políticos cujos pais estão nas investigações da Lava Jato —Helder Barbalho (Integração Nacional), Fernando Bezerra Filho (Minas e Energia) e Sarney Filho (Meio Ambiente).

Ou seja, mais da metade do alto escalão do governo golpista de Temer está sob suspeição.

Finalmente, outros cinco ministros golpistas estão sob outras investigações, respondem a processos na Justiça ou são acusados de irregularidades. São eles: Maurício Quintella (Transportes, Portos e Aviação Civil), Blairo Maggi (Agricultura), Alexandre de Moraes (Justiça), Gilberto Kassab (Comunicação) e Leonardo Picciani (Esportes).

Conheça a seguir a lista de ministros golpistas que podem cair:

Alexandre Moraes (Justiça)
Reportagens de 2015 denunciaram que o ministro aparecia, no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, como advogado em pelo menos 123 processos na área civil em favor da Transcooper. A empresa é citada em investigação que apura formação de quadrilha e lavagem de dinheiro do PCC.

Blairo Maggi (Agricultura)
Investigado pelo Ministério Público Federal (MPF), no inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar indícios da prática do crime de lavagem de dinheiro (Inquérito nº 3842/2014). Responde também por dano ao erário no Tribunal Regional Federal da 1ª Região – Seção Judiciária de Mato Grosso (Processo Nº 0018845-96.2011.4.01.3600). Há também outras duas ações civis públicas movidas contra Maggi, ambas por improbidade administrativa (Processos nº 59959-05.2014.811.0041 e nº 59733-97.2014.811.0041).


Bruno Araújo (Cidades)
Com campanha para deputado federal financiada em boa parte pelas indústrias farmacêuticas, Bruno Araújo aparece na planilha de pagamentos do “departamento de propina” da Odebrecht na Operação Lava Jato, referente às campanhas eleitorais de 2010 e 2012.


Eliseu Padilha (Casa Civil)
O Ministério Público Federal (MPF) pediu à Justiça Federal o bloqueio dos bens de Padilha e a devolução de R$ 300 mil aos cofres públicos, sob a acusação de ter mantido uma funcionária “fantasma” em seu gabinete quando era deputado federal.

Réu no Escândalo dos Precatórios, é acusado de prejuízo aos cofres públicos, por acordo celebrado entre o extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) e a empresa 3 Irmãos. No esquema, um grupo de lobistas e funcionários públicos recebiam propina para favorecer o pagamento de altas indenizações pelo DNER, “furando fila”.

É investigado por ocultação de bens, formação de quadrilha, corrupção passiva, peculato, improbidade administrativa e acusado de irregularidades quando era secretário estadual do Trabalho, em 1995, na gestão de Antonio Brito (PMDB).

Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo)
Nome conhecido nos circuitos de investigação desde o escândalo dos “Anões do Orçamento”, em 1993, Geddel figura também em mensagens apreendidas pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, que revelam que o peemdebista teria usado sua influência política para atuar em favor de interesses da construtora OAS.

José Serra (Relações Exteriores e Comércio Exterior)
Era governador de São Paulo na época da formação do cartel para fraudar as licitações de compra de novos trens, o chamado “trensalão tucano”. Idealizador do processo de privatizações que dilapidou o patrimônio público brasileiro, Serra é associado à “privataria tucana”, que movimentou milhões de dólares em processos de lavagem de dinheiro via offshores no Caribe. Mais recentemente, apareceu na “lista da Odebrecht”, que integra a Lava Jato.

Maurício Quintella Lessa (Transportes)
Responde a processos judiciais no Supremo, por peculato (nº 2893/2009), e no TRF, por improbidade administrativa com dano ao erário e enriquecimento ilícito. A Justiça determinou o ressarcimento integral da quantia de R$ 4.272.021 aos cofres públicos, o pagamento de multa e a suspensão dos direitos políticos pelo prazo de oito anos. Lessa recorre da sentença.

Mendonça Filho (Educação e Cultura)
Investigação no âmbito da Lava Jato o coloca como suspeito de receber R$ 100 mil de propina da construtora UTC para as eleições de 2014. Mendonça Filho é um dos citados na lista da construtora Odebrecht e responde também por irregularidades na prestação de contas junto ao Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE), na condição de presidente estadual do DEM pernambucano.

Moreira Franco (Privatizações e concessões)
Um dos “homens” de Michel Temer. Moreira Franco já foi acusado, em 1982, de tentar fraudar as eleições, com falsificação de votos, para inviabilizar a candidatura de Leonel Brizola, no chamado Escândalo Proconsult. Moreira Franco é citado também na Lava Jato, em conversa de Léo Pinheiro (ex-presidente da construtora OAS) com Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O ministro golpista de Temer é citado por Cunha como destino de repasses pedidos por Cunha para Pinheiro.

Osmar Terra (Desenvolvimento Social e Agrário)
Já respondeu ao Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul (TCE-RS) por irregularidades em suas gestões na Secretaria de Saúde e na prefeitura de Santa Rosa. O resultado foi a aplicação de multas. Alvo de inquérito no STF por sonegação de documentos, Osmar Terra é um dos nomes que circulam nas mensagens do celular de Léo Pinheiro (OAS), condenado a 16 anos de prisão na Lava Jato. Ele admitiu ter pedido doações de campanha para o empreiteiro.

Raul Jungmann (Defesa)
O ex-deputado é um dos ministros do governo ilegítimo de Temer a figurar na “lista da Odebrecht”. Jungmann se afeiçoou a fazer inflamados discursos pela moralidade no trato da coisa pública, mas já foi investigado por fraude em licitação, peculato e corrupção em contratos de publicidade que somavam R$ 33 milhões. A investigação se refere à gestão nos ministérios de Política Fundiária (1996-1999) e do Desenvolvimento Agrário (1999-2002), nos governos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).


Ricardo Barros (Saúde)
Recentemente, o STF negou pedido de Ricardo Barros para arquivar a investigação sobre licitação dirigida. Em 2011, gravações telefônicas feitas pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) trazem Ricardo Barros orientando um secretário da prefeitura de Maringá (PR) a construir um “acordo” entre duas agências de comunicação que disputavam licitação de publicidade da administração municipal, no valor de R$ 7,5 milhões. Barros figura também na “lista da Odebrecht”, encontrada durante as investigações da Lava Jato.

Sarney Filho (Meio Ambiente)
Filho do ex-presidente, ex-governador do Maranhão, ex-deputado e ex-senador José Sarney, o ministro golpista do Meio Ambiente é investigado pelo Ministério Público por usar passagens áreas para voar ao exterior com a mulher e o filho. Foi atingido pela Lei da Ficha Limpa, mas conseguiu driblar a Justiça e se candidatar à Câmara dos Deputados. Já foi condenado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão a pagar multa por prática de conduta vedada.


Da Redação
da Agência PT de Notícias

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