UFRRJ prova importância de expandir ensino público superior

Baixada fluminense foi uma das regiões beneficiadas pela política de expansão do ensino federal no governo Lula que visita campus com Lula pelo Brasil

Kamilla Ferreira/Agência PT

Campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro em Nova Iguaçu

A política de expansão do ensino superior federal praticada pelo governo Lula causou fortes impactos na baixada fluminense, assim como em todo o Brasil.

A cidade de Nova Iguaçu, considerada o coração da baixada, recebeu um novo campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) em 2006 e a partir daí viu o número de cursos aumentar, dando oportunidades aos jovens da região.

Lula visita o campus de Nova Iguaçu durante a etapa sudeste da Caravana Lula Pelo Brasil nesta sexta-feira (8), e deve encontrar centenas de estudantes que querem expressar a gratidão pelas oportunidades geradas em sua região.

A estudante de história Luísa Helena Braga é uma dessas pessoas. “Estudar na Rural sempre foi um sonho, desde o Ensino Médio, inclusive no meu trabalho de conclusão de curso coloquei uma foto da universidade como se fosse uma continuidade do caminho”, conta ela.

Luísa relata que inicialmente pensava em estudar na cidade de Seropédica, onde fica o campus principal da UFRRJ, mas depois descobriu que também havia uma unidade em sua cidade natal.

“Pesquisando as universidades, eu vi que existia o campus de Nova Iguaçu, e pesquisando os cursos vi que existia o curso de direito e de história, que eram meus cursos de interesse.”

“Ter uma universidade federal em Nova Iguaçu, que muitos falam que é o coração da baixada, é fundamental. É uma oportunidade de formar pessoas na graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado. Tenho amigos que estudaram e conviveram comigo no campus e estão hoje escrevendo livros e publicando em editoras.”

Para ela, “isso é o reflexo de uma política que pensa a educação para a baixada fluminense, para o povo que mora aqui, e não pensa em elitizar ou relegar a universidade, e é uma política que vai contra a meritocracia que tanto persiste na sociedade brasileira”.

Alunas da UFRRJ em Nova Iguaçu

Até 2006, a graduação da UFRRJ estava centralizada campus Seropédica, e junto com o recém-criado prédio de aulas no município de Nova Iguaçu, a universidade oferecia um total de 23 cursos.

Neste mesmo ano, o governo federal e o Ministério da Educação (MEC) iniciaram uma discussão com as Instituições Federais de Ensino Superior (IFs) para aumentar o número de universidades federais, além de reestruturar e expandir todo o complexo das IFs já existentes no Brasil através do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni).

Na graduação, a UFRRJ abriu 34 novos cursos, totalizando 57, mais que o dobro em relação ao que disponibilizava em 2006. Foram criados cursos nas áreas de Ciências Humanas e Ciências Sociais Aplicadas e mais um campus em Três Rios.

Também após o Reuni, a pós-graduação na UFRRJ passou por um período de expansão. Entre 2004 e 2014, houve um crescimento de mais de 100%, passando de 17 cursos oferecidos na modalidade stricto sensu para mestrado e doutorado em 2004, para 41 em 2014.

Hoje, a UFRRJ tem cerca de 2 mil alunos matriculados em seus 41 cursos de pós-graduação stricto sensu.

Para a aluna de letras Fabiane Aparecida da Silva, o campus de Nova Iguaçu mudou a vida de milhares de pessoas na baixada. “Isso daqui não era nada, era um terreno baldio, eu me lembro porque morava aqui perto”, conta.

“Formar alunos, profissionais, na baixada fluminense, é maravilhoso. A gente não precisa ir para outro município, outro estado, para se formar em uma profissão, a gente estuda aqui, do lado da nossa casa. O impacto que a rural teve e tem aqui até hoje é fundamental.”

Fabiane ainda afirma que só a possibilidade de ingressar na universidade a “enchia de esperança”. “Quando eu vim fazer a matrícula, vim cheia de medo, de receio, que por algum motivo eu tivesse que trancar. Eu já tinha uma filha e a gente sabe que ser mãe e estudar não é fácil, mas a Rural me deu o suporte que eu precisei para continuar meus estudos.”

A estudante de letras Raquel Rocha destaca que o principal benefício de ter uma universidade perto de casa é a economia com meio de transporte, o que permite a continuidade dos estudos sem comprometer o orçamento.

“O impacto da universidade é muito grande, primeiro porque muitos jovens desistem do sonho de fazer um ensino superior por conta da passagem, estadia.”

“Lá na UFRJ, eu fiquei sabendo desse campus Nova Iguaçu, e foi quando me deu um estalo muito grande, porque eu sou moradora da baixada fluminense, sou moradora da área, e para mim é um sonho estudar aqui”, conta Raquel.

“Para minha família, foi uma emoção muito grande quando eu consegui fazer o Enem, passar para a Rural. O primeiro dia eu nunca esqueço, quando coloquei os pés aqui, em Nova Iguaçu, a minha cidade, fiquei extremamente emocionada e fico até hoje. Quando meu pai veio aqui pela primeira vez, me viu estudando aqui, era inacreditável.”

Raquel ainda destaca que a política de expansão do ensino superior federal nos governos do PT ajudou a democratizar a educação no país.

“É maravilhoso. Você vê jovens, mulheres, suburbanos, negros, a quantidade de jovens que têm essa oportunidade, que eu tive, que eu tenho, só tenho a agradecer esse governo que pensou nos mais humildes, nos mais pobres.”

Aluno do curso de direito na UFRRJ, Nuri Filho conta que sua mãe passava diariamente na frente do campus de Nova Iguaçu durante a construção e sonhava que ele ingressasse na universidade.

“Com o advento do Enem, com a construção dessa universidade na baixada, ajudando a gente a estudar perto de casa, porque é uma dificuldade a locomoção, pegar dois ou três transportes, então o povo de Nova Iguaçu, o povo pode ter uma universidade dentro no coração da baixada, foi importante para milhares de estudantes com certeza.”

Nuri avalia que “essa expansão do ensino superior foi importantíssima”. Para o jovem, “nesses tempos sombrios que a gente vive no Brasil, com uma direita cada vez mais raivosa, a gente percebe intrinsecamente os motivos, porque o filho do pobre poder estar na mesma sala do filho do patrão, isso incomoda muita gente”.

“Foi isso que o Lula ajudou a construir, então a gente tem que ser grato, tem que ter olhar crítico sobre todo mundo, mas temos que olhar para as coisas boas, e pelo que Lula fez, foi o melhor presidente do país, por sua política educacional, por ter levado universidades e centros técnicos por todo o país, tanto Rio de Janeiro como interior.”

Lula Pelo Brasil

A viagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Espírito Santo e ao Rio de Janeiro, que acontece em dezembro, é a terceira etapa do projeto que ainda deve alcançar as demais regiões do Brasil.

Em agosto e setembro, Lula pegou a estrada e percorreu os nove estados nordestinos, visitou inúmeras cidades, ouviu e conversou com o povo. Em outubro, foi a vez do estado de Minas Gerais.

O projeto Lula Pelo Brasil é uma iniciativa do PT com o objetivo de perscrutar a realidade brasileira, no contexto das grandes transformações pelas quais o país passou nos governos do PT e o deliberado desmonte dos programas e políticas públicas de desenvolvimento e inclusão social, que vem sendo operado pelo governo golpista nos últimos dois anos.

Por Pedro Sibahi, da Agência PT de Notícias, enviado especial à caravana Lula pelo Brasil – SE

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