Ultraliberalismo defendido por Bolsonaro levou a Argentina à falência

Prometendo “abrir a Argentina para o mundo”, Macri cortou direitos, deixou de investir, baixou salários – e colocou o país, quebrado, de joelhos ao FMI

Antonio Cruz/Agência Brasil

Maurício Macri e Michel Temer

A história recente da Argentina guarda uma valiosa lição para o Brasil. Após um segundo turno apertado, os hermanos elegeram um presidente “novo”, “reformista” e “liberal” – e hoje enfrenta a crise mais grave desde os anos 90 e coleciona casos de violação.

O direitista Mauricio Macri venceu com promessas de mudança e aplicou um programa ultraliberal que se parece muito com o de Bolsonaro e seu economista Paulo Guedes (já testado por Temer nesses dois anos).

A vitória foi muito celebrada pelo mercado financeiro. Mas a transformação trazida por ele não era a que os cidadãos esperavam: a inflação disparou e a economia do país entrou em queda livre, fazendo explodir o desemprego, a pobreza e a criminalidade. Dados oficiais mostram que 31 em cada 100 argentinos vivem na pobreza.

Sob o pretexto de “abrir a Argentina para o mundo”, Macri cortou direitos, deixou de investir em obras e no estado, baixou os salários da carreira pública e acabou com os subsídios da era Kirchner, fazendo explodir os gastos do povo com transporte, água e gás. A gasolina também aumentou.

Para a imprensa estrangeira, o presidente não soube lidar com a transformação na economia mundial – mais instável e protecionista. Sem proteção cambial, o dólar foi às alturas e o país, tão dependente da moeda americana, quebrou. O déficit fiscal supera 4% do PIB; a inflação passará dos 32%; o dólar já vale 37 pesos e o PIB, ao invés de subir 3,2%, como dizia o governo no ano passado, cairá 1%. O país enfrentou uma greve geral que paralisou até aeroportos.

Sem conseguir colocar o país nos trilhos, o governo já recorreu ao temido FMI pela primeira vez desde 2001. Em troca do socorro de 50 bilhões de dólares, o banco internacional exigiu que Macri aprofunde ainda mais os cortes no orçamento público. O presidente argentino eliminou 8 dos 18 ministérios de seu governo, extinguindo pastas como Trabalho, Saúde, Educação e Cultura.

O chefe do Banco Central – amigo do presidente – renunciou ao cargo após três meses. E o mercado? Perdeu a confiança e ensaia uma debandada geral. 

Repetição de fracassos

O plano de Bolsonaro é a receita ideal para um ciclo de hiperinflação a la Macri. Ele e Guedes querem vender estatais aos estrangeiros, tornando a economia do Brasil cada vez mais ‘dolarizada’. Além desvalorizar o salário pago em reais, preço dos serviços subiria vinculado à moeda americana.

Essa política é mesma que provocou a greve dos caminhoneiros ao vincular o preço do combustível ao vaivém diário do dólar.

Circula na imprensa que Bolsonaro busca executivos para compor seus ministérios e chefiar estatais. A mesma receita se provou um fracasso na Argentina, vide o episódio do Banco Central argentino.

O jornal argentino Página 12 aponta uma outra semelhança entre os dois. Aos moldes do candidato do PSL, Macri estaria escolhendo inimigos e alimentando o ódio social para desviar a atenção da economia. É comum vê-lo criticando ‘desempregados’ e ‘grevistas’.

Por Thais Reis, da Agência PT de Notícias

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