Um ano após o golpe, Dilma pode dizer: “Eu avisei”

O golpe foi dado para que um programa de governo que jamais venceria nas urnas fosse implantado. Leia artigo de Luis Nassif

Lula Marques/Agência PT

Usurpador Michel Temer garantiu o arquivamento da denúncia contra ele por corrupção passiva, em votação no Plenário nesta nesta quarta-feira (2)

Por Luis Nassif

Não foi pelo conjunto da obra. Não foi pela pedalada fiscal. Não foi pela corrupção do PT. Um ano após o julgamento final do impeachment, o alerta de Dilma Rousseff parece mais vivo do que nunca. O golpe foi dado para que um programa de governo que jamais venceria nas urnas fosse implantado com a mesma força com que uma presidente reeleita democraticamente era sacada do poder. “O que está em jogo no impeachment não é meu mantado, é o respeito às urnas, à soberania do povo, à Constituição, às conquistas sociais dos últimos 13 anos.” Dilma já pode dizer: “Eu avisei.”

​No dia em que defendeu seu governo antes da votação final no Senado, Dilma disparou: “Sempre que o interesse da elite econômica e politica é ferido nas urnas, conspirações são tramadas resultando em golpe de Estado.” E continuou: “Trata-se de ação deliberada que conta com o silêncio cúmplice de setores da grande mídia brasileira.”

O que estava em jogo era a entrega do pré-sal, o desmonte de programas federais, a inserção do Brasil no contexto internacional. O que corria risco de encolher, como disse Dilma, visivelmente emocionada, era a auto-estima do brasileiro que resistiu, em 2014, “aos pessimistas de plantão”, aqueles que apostaram no “quanto pior, melhor”.

Tudo isso estava em jogo, disse Dilma, desde o momento em que Michel Temer assumiu o comando do País e adotou um programa de governo que não foi aprovado nas urnas.

“O que está em jogo são as conquistas dos últimos 13 anos: os ganhos da população, das pessoas mais pobres e da classe média, a proteção às crianças, os jovens chegando às universidades e às escolas técnicas, a valorização do salário mínimo, médicos atendendo a população, realização do sonho da casa própria.”

No aniversário do impeachment, não há como dizer que ela estava errada. “De fato, o que se viu nesse último ano foram cortes no Bolsa Família, redução do orçamento das universidades e de programas como o Fies, a transformação do Minha Casa Minha Vida em programa para ricos e o fechamento de farmácias que vendiam remédios a preços populares. Também contrariando as promessas dos golpistas, o salário mínimo teve uma mesquinha redução de R$ 10, enquanto o desemprego atingiu cerca de 14,2 milhões de trabalhadores”, afirmou o PT em nota.

Recentemente, Dilma criticou o pacote de privatizações de Temer, que incluiu a Eletrobras e anos de planejamento estatal em produção de energia.

A ex-presidente também afirma, sempre que pode, que o golpe continuado também tem objetivo impedir o retorno de um governo preocupado com o povo em 2018. Para isso, a Lava Jato corre para inviabilizar Lula nas urnas.

A ilegalidade do impeachment – considerado um golpe parlamentar – é questionada em mandado de segurança que Dilma apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF). Relator da ação, o ministro Alexandre de Moraes “não se declarou suspeito para a tarefa – embora tenha se beneficiado da deposição de Dilma quando seu partido, o PSDB, derrotado nas urnas, passou a fazer parte do governo”, lembrou a RBA.

Moraes está com o recurso engavetado há pelo menos seis meses.

Do GGN

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