UNE vai bater de frente com conservadores do Congresso, diz Carina Vitral

Em entrevista ao Portal e Rádio Linha Direta, Carina Vitral falou sobre as bandeiras da nova gestão à frente da maior entidade estudantil da América Latina e o debate entorno da redução da Maioridade Penal, além da defesa da Petrobras, da reforma política e por mais investimentos em educação

Por Elineudo Meira, do Linha Direta – Encontramos a recém-eleita presidenta da União Nacional dos Estudantes, a UNE, a estudante, Carina Vitral coordenando na tarde de sábado, 27, na Universidade Estadual de Campinas, a UNICAMP, um ato contra a redução da maioridade penal, um dos pontos altos do 12º Congresso da UEE-SP e marcou a unidade de todas as forças políticas representadas no evento.

Ali, Carina fazia uma de suas últimas tarefas na União Estadual dos Estudantes de São Paulo, entidade que dirigiu nos últimos anos e deixou para assumir a presidência da UNE.

Estudante de Economia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, Carina é paulista, tem 26 anos e foi eleita, em Goiânia, durante o 54º Congresso da União Nacional dos Estudantes.  Na entrevista ao Portal e Rádio Linha Direta, Carina Vitral  falou sobre as bandeiras da nova gestão à frente da maior entidade estudantil da América Latina e o debate entorno da redução da Maioridade Penal.

A estudante é a primeira mulher a suceder outra à frente da maior entidade estudantil da América Latina, que tradicionalmente revela nomes para a política nacional, como: Aldo Rebelo, Orlando Silva e Lindbergh Farias.

Em quase 80 anos de histórias, essa é quarta vez que uma mulher assume a presidência da UNE. “É muito simbólico que eu tenha sido eleita presidenta da UNE, depois de uma mulher ter sido também presidenta da entidade. É a primeira vez depois de setenta e oito anos de história que a gente elege uma mulher depois de outra mulher e isso é uma resposta ao conservadorismo presente na sociedade. Se existe conservadorismo, existe resistência, com feminismo, empoderamento das mulheres  e no movimento estudantil esse empoderamento com as mulheres é muito forte. A gente começa essa gestão com muita luta, batendo de frente com os conservadores do congresso nacional, ocupando a comissão que analisa a PEC 171 da redução da idade penal e é expulso da comissão à gás de pimenta”. Segundo ela a UNE está pronta para lutar. “A União Nacional dos Estudantes vai estar em luta  contra a redução e contra qualquer retrocesso que vem ser proposto pelo congresso nacional”, destaca.

Entre os assuntos que a entidade defende, segundo Carina, estão um maior empenho da UNE na regulamentação do ensino superior privado e a ampliação da assistência estudantil. Além de ser contraria à redução da maioridade penal, Carina frisa o empenho por uma reforma política democrática, a luta contra projeto 131/2015, do senador José Serra (PSDB-SP), que visa a retirada da Petrobras como operadora única do pré-sal. “Tem alguns temas que unificam os estudantes brasileiros, a primeira é redução da maioridade penal, a segunda a luta contra a reforma política do Eduardo Cunha, esse processo de votação que ao invés de aprofundar a democracia, na verdade constitucionaliza o que é a raiz da corrupção do financiamento eleitoral, a partir dos políticos. Então, a luta contra a reforma política e a luta por uma reforma política democrática é uma luta que unifica os estudantes brasileiros, a outra luta é contra o corte de verba para educação e o ajuste fiscal do Levy e a terceira questão é a luta contra o projeto do Serra [Senador pelo PSDB] que visa tirar a Petrobras como operadora única sistema do pré-sal e depois também acabar com o regime de partilha. Então o movimento estudantil estará na luta em defesa da Petrobras, pela reforma política, contra a redução da maioridade penal e por mais investimento em educação”, destacou a dirigente.

A dirigente afirmou que muito do que se avançou na democratização do acesso à universidade se deu por meio de vagas em universidades privadas. “A UNE e a UEE-SP mudaram muito na sua composição social, por que a universidade brasileira mudou e a universidade paulista mudou. São milhares de estudantes negros, cotistas, Prounistas, estudantes dos Fies, cotistas das universidades publicas que adentraram nas universidades e que agora conhecem o movimento estudantil. Essa mudança de composição é um instrumento poderoso para o movimento estudantil por que agora passa falar cada vez mais para o povo, fala para o povo, não só para a universidade, mas para o povo que entra nas universidades através das lutas sociais que a gente empreendeu nos últimos anos, empreendeu e conquistou de uma forma muito vitoriosa e agora a UEE de São Paulo e a UNE” avalia.

No final da entrevista, Carina falou dos desafios e das conquistas, como o passe livre. “O desafio é avançar nas conquistas para estes estudantes, como foi a conquista do passe livre estudantil em São Paulo,  fruto da luta do movimento estudantil que em décadas pautava o passe livre para o Prouni e o Fies e hoje conquistou passe livre para todos os estudantes de baixa renda. Isso foi reflexo da luta da UEE no ultimo período, isso foi reflexo da luta histórica do movimento estudantil com relação o passe livre estudantil e, é claro, foi reflexo das lutas de junho [2013] que impulsionaram as demandas do movimento estudantil e poderão concretizar uma demanda tão forte colocando a mobilidade urbana no centro da luta da cidade, no centro da pauta política brasileira e tendo essa conquista no marco da gestão, então a gente começa  a gestão com junho de 2013 e finalisa a gestão conquistando um dos maiores direitos na cidade de São Paulo e a luta agora vai ser ampliar para todo estado de São e para todo o Brasil”, conclui.

Confira o áudio da entrevista.

PT Cast