Unilab faz 8 anos trabalhando pela integração Brasil-África

Universidade criada por Lula é a única no mundo que promove a integração de alunos de todos os países que falam português, especialmente da África

Ricardo Stuckert

Lula em formatura de turma da Unilab

No dia 20 de julho de 2010, Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei nº 12.289, criando a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). Com foco em promover a integração entre o Brasil e os membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), especialmente os países africanos, a universidade também promove o desenvolvimento regional e o intercâmbio cultural, científico e educacional.

Com alunos vindos de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, a Unilab possui mais de 6.000 estudantes, sendo 50% das vagas reservadas aos alunos da África.

A instituição oferece oito cursos de graduação e cinco especializações, com campus nas cidades cearenses de Redenção e Acarape, além de São Francisco do Conde, na Bahia. No Índice Geral de Cursos do MEC, a Unilab tem nota 4 de 5.

“A Unilab é uma universidade única no Brasil, que faz parte de um processo de interiorização, mas também de internacionalização das universidades públicas”, afirmou a professora do Instituto de Humanidades e Letras, Fábia Barbosa Ribeiro, em entrevista à Agência PT em 2017.

Ela destacou que a experiência da Unilab é fundamental. “A universidade trouxe impacto para o município sob todos os aspectos. Primeiro o impacto da integração com os alunos africanos, oriundos de variados países, com uma maioria de Guiné-Bissau e Angola”.

“O impacto foi extremamente positivo do ponto de vista de um olhar para o continente africano, mas também das relações do Brasil com a África. Somos o maior país do mundo em população negra afrodescendente. São Francisco do Conde é o município da Bahia que mais se identifica como negro e pardo”.

Ela ainda afirmou que “no meio acadêmico a Unilab tem sido muito bem vista como polo de formação de conhecimento e da aplicabilidade da Lei 10.639, que institui o ensino de história e cultura afro-brasileira na educação básica, lei promulgada por Lula”.

A importância de uma universidade de integração entre Brasil e África e o papel de Lula nessa história é reconhecido por toda a comunidade da instituição. Em abril, na véspera da prisão política de Lula, alunos e professores da Unilab se uniram em um ato em defesa do ex-presidente.

Meses antes, em agosto de 2017, durante a passagem da caravana de Lula pelo Brasil no nordeste, o ex-presidente também foi o patrono da segunda turma de Humanidades.

“Demorei 27 anos para realizar o sonho. Desejei isso esse tempo todo, e só realizei graças a Lula e à Unilab”, contou a formanda Katia Cristina de Jesus, 43, no dia da cerimônia. Mãe de uma jovem de 17 anos, ela também celebrava pela certeza de que sua filha iria ingressar em um curso superior de qualidade.

“Com certeza vai ser mais fácil para ela do que foi para mim, graças ao que Lula fez. Chegar à universidade é uma conquista muito forte para a minha família, e é muito satisfatório saber que para ela será mais fácil chegar lá”, comemorava.

Aluno do mesmo curso, Nando Paulo Suma, 20, veio de Guiné-Bissau para estudar e celebrou a instituição. “Saí do meu país com o propósito de estudar nesta universidade porque gostei da proposta de integração, na qual conheci colegas de diferentes países da África e também do Brasil. É uma experiência muito interessante, por isso fiquei muito satisfeito de ter Lula aqui, a pessoa que influenciou para esta universidade ser o que é”, contou.

Na cerimônia em que foi patrono, Lula fez questão de falar sobre a importância do Brasil pagar sua dívida histórica com a África, mas também reaproximar o continente da maior nação negra das Américas.

“Não era só a dívida por conta do trabalho, era por conta do aprendizado da nossa cultura, da nossa cor, do nosso jeito de ser, que tem muito a ver com o povo africano”, disse Lula no evento.

O patrono da turma ainda se disse preocupado com o preconceito existente na sociedade brasileira em relação aos negros e africanos. “Hoje eu fico triste de saber que aqui tem gente com preconceito dos benefícios que a gente dá em bolsa de estudo para os africanos. Eu sei que lá em Redenção já tem preconceitos e movimentos contra eles estudarem aqui”, contou.

Lula também reafirmou a importância da criação da Unilab e da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), mas reforçou que há muitos retrocessos em curso. “Nós chegamos a fazer a experiência da universidade à distância, que chegou a ter 900 alunos. Infelizmente sei que agora não existe mais”.

Da redação da Agência PT de notícias

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