41 anos: PT chega à maturidade com a disposição da juventude

Resiliente aos 41 anos de existência, o partido firma sua hegemonia no campo progressista nacional e se mantém como o mais importante da esquerda na América Latina. Novos militantes ocupam espaços e representam a diversidade sempre presente na formação petista

Ricardo Stuckert

PT nas ruas em defesa da democracia

Forjado pelas lutas populares, o Partido dos Trabalhadores chega aos 41 anos de existência nesta quarta (10) como a maior legenda de esquerda da América Latina e único partido brasileiro que colocou seus candidatos entre os dois primeiros em todas as eleições presidenciais desde a redemocratização, como lembrou recentemente o cientista político Luis Felipe Miguel.

Em um país polarizado e dividido por anos e anos de desconstrução da imagem do partido e seus integrantes por membros do Sistema Judiciário e da imprensa corporativa, o PT ainda é a principal referência política brasileira. Também é antípoda da necropolítica implantada pelos governos do golpe parlamentar, jurídico e midiático – apoiado e financiado por setores do capital financeiro nacional e internacional – que em 2016 afastou a presidenta legitimamente eleita Dilma Rousseff.

Na ocasião, Dilma proferiu um discurso na tribuna do Senado que hoje soa como profecia. “O que está em jogo são as conquistas dos últimos 13 anos: os ganhos da população, das pessoas mais pobres e da classe média; a proteção às crianças; os jovens chegando às universidades e às escolas técnicas; a valorização do salário mínimo; os médicos atendendo a população; a realização do sonho da casa própria”. E prosseguiu: “O que está em jogo é, também, a grande descoberta do Brasil, o pré-sal. O que está em jogo é a inserção soberana de nosso País no cenário internacional, pautada pela ética e pela busca de interesses comuns”.

Carreata em Brasília pelo impeachment. Foto: Lula Marques

Dilma prenunciou o que adveio com a ascensão do usurpador Michel Temer e a posterior eleição de Bolsonaro. As mesmas forças políticas que apoiaram o golpe contra ela ajudaram a eleger, de forma ativa ou passiva, o ex-tenente levado a se aposentar do Exército com a patente de capitão, representante da extrema direita bárbara tupiniquim.

Mas, a despeito do lawfare sofrido por Inácio Lula da Silva, que o retirou das eleições presidenciais de 2018 quando liderava a preferência dos eleitores, Fernando Haddad chegou ao segundo turno e ainda obteve 47 milhões de votos contra 57 milhões de Bolsonaro, em um pleito em que 30% do eleitorado preferiu se omitir: houve 2,4 milhões de votos em branco, 8,6 milhões de votos nulos e 31,3 milhões se abstiveram de votar.

Mesmo que a agenda ultraliberal implementada por Temer e, depois, pela dupla Bolsonaro-Guedes tenha intensificado a retirada de direitos do povo e a perda da soberania nacional, em benefício de interesses do mercado financeiro nacional e internacional, o PT continua ao lado do povo brasileiro.

Lula, Gleisi e Dilma em evento das carreatas de mobilização pelo país. Foto: Ricardo Stuckert.

A coragem, o espírito de luta e a resistência do Partido dos Trabalhadores, que nasceu para enfrentar retrocessos, ações antinacionais, agendas recessivas e ultraliberais de governantes não compromissados com as causas sociais e humanitárias, continuam intactas.

A história do PT é mais do que a de uma organização. É de todo o vasto campo popular que se constituiu através e além dele. Suas disputas internas são fruto de um processo de eleição direta (PED) de uma organização com mais de dois milhões de filiados.

Em quatro décadas, o PT fez avançar a democracia e promoveu mudanças na sociedade brasileira ao dar voz aos que sempre foram excluídos. As transformações dos 13 anos em que esteve na Presidência da República o fizeram ser conhecido internacionalmente como o partido que revolucionou a política brasileira, incomodando as oligarquias que há cinco séculos exploram o país.

Fernando Haddad na campanha de 2018. Foto: Ricardo Stuckert

As perseguições de setores conservadores e ultrarreacionários da sociedade brasileira, no entanto, não impediram que o PT permanecesse em um lugar cativo nos corações e mentes de milhões de brasileiros. Tais laços profundos entre o partido e a sociedade brasileira, nem mesmos os mais perversos regimes de exceção conseguiram destruir.

O PT tem enfrentado esse período nefasto no cenário político, econômico e social do País espelhado no povo brasileiro, combatendo a injustiça e lutando para restabelecer os direitos sociais e trabalhistas destruídos e. Para restituir ao povo brasileiro o sonho e a esperança de um Brasil melhor.

Nesta quarta, a celebração pelo aniversário do PT reúne os que ajudaram na sua formação e os novos militantes surgidos durante o combate contra o golpe e seus desdobramentos. Todos prontos para as batalhas que surgiram desde então. O desafio assumido pelo partido, que tem o trabalhador como nome, é carregar em seu cerne as bandeiras sociais, do trabalho, da equidade social e do bem-estar das pessoas.

Nas eleições municipais de 2020, o PT teve um papel fundamental no aumento da representatividade feminina e da diversidade nas cidades brasileiras. Foi o partido do campo progressista que mais elegeu mulheres, mulheres negras, LGBTQI+ e jovens em todo o país. O partido aumentou em 25% a representatividade feminina em relação a 2016.

Ao contrário da tônica produzida pelo pensamento único na grande mídia, o PT segue sendo um partido que elege mulheres com um projeto político progressista, diverso, representativo e com peso na sociedade.

Deputados petistas em manifestação pelo impeachment. Foto: Lula Marques.

Lula Livre, combate a fake news e reconstrução do País

Em 5 de abril de 2018, o então juiz federal Sérgio Moro decretou a prisão de Lula, condenado a 12 anos e um mês de reclusão. Após 580 dias preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, Lula foi solto em 8 de novembro de 2019, um dia após o Supremo Tribunal Federal (STF) ter considerado sua prisão inconstitucional.

A consumação da perseguição lavajatista a Lula levou à criação do Movimento Lula Livre e também do Comitê de Solidariedade Internacional em Defesa de Lula e da Democracia no Brasil (https://pt.org.br/tag/comite-lula-livre/).

O grupo de entidades e personalidades do Brasil, com o apoio de personalidades e organizações do meio político e social de outros países, luta para restituir os direitos políticos do presidente mais popular e bem-sucedido da história da República brasileira.

Bancada do PT no Senado Federal. Foto Alessandro Dantas

Após a onda de fake news fartamente exploradas por Jair Bolsonaro em 2018, o PT criou o projeto ‘Verdade na Rede’ (https://pt.org.br/verdade-na-rede/), em junho de 2020. Em um mês, a proposta já havia cadastrado mais de 1,5 mil caçadores de fake news pelo Brasil, recebido centenas de denúncias e desmascarado as mentiras com conteúdos inéditos para combater a desinformação – inclusive sobre a pandemia do coronavírus.

A Verdade na Rede também produziu uma linha do tempo interativa que resgata mentiras históricas contra o PT e uma galeria com o ABC da mentira, trazendo a fábrica de mentiras contra a educação.

Em setembro passado, o PT lançou Plano de Reconstrução e Transformação do Brasil (https://pt.org.br/a-integra-do-plano-de-reconstrucao-e-transformacao-do-brasil/), que reúne propostas para a retomada do desenvolvimento econômico e social do país. O partido apresentou à sociedade sua proposta para de saída para a crise sanitária, econômica e social em que o país está mergulhado desde o golpe de 2016.

É assim, lutando a boa luta, que o partido chega à maturidade com o ímpeto da juventude, se colocando à frente da trincheira na luta contra os retrocessos e na batalha por uma sociedade mais justa, igualitária e humana.

Petroleiros da Bahia defendem refinaria e empregos contra a privatização. Foto: Sindipetro/BA

Da Redação

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