A menos de 100m de Bolsonaro, assessor especial disparava ataques do ‘Gabinete do Ódio’

‘O Globo’ aponta que Tércio Arnaud, conselheiro do presidente da República, era responsável pelas páginas no Facebook que promoveram o linchamento virtual de Fernando Haddad nas eleições presidenciais de 2018. PT quer ampla investigação sobre o braço direito de Carlos Bolsonaro

A confirmação pelo Facebook do envolvimento direto de um assessor do presidente Jair Bolsonaro no esquema de ataques, campanhas de desinformação e linchamento de adversários políticos e – mais grave – contra instituições democráticas terá desdobramentos na CPI das Fake News e no Judiciário. O PT prepara uma ofensiva judicial contra o assessor especial de Bolsonaro, Tércio Arnaud Tomaz, para investigar crimes de calúnia, difamação e improbidade administrativa. Ele é apontado pela auditoria como responsável por duas páginas no Instagram e no Facebook promovendo a dispersão de conteúdos pró-Bolsonaro e de ataques a adversários políticos do presidente, principalmente o PT.

O partido estuda medidas judiciais cabíveis no âmbito do inquérito das fake news, em tramitação no Supremo Tribunal Federal, incluindo os relatórios do Facebook que revelaram a rede de bolsonaristas que intimidavam, atacavam e agrediam os adversários políticos do governo – além de distribuir fake news. O PT avalia ainda entrar com recurso no Tribunal Superior Eleitoral para incluir as informações relativas aos ataques a Haddad pelo esquema bolsonarista. O tribunal julgar o pedido de cassação da chapa presidencial apresentado em duas ações pelo PT.

“É muito grave que o assessor direto do presidente da República comandasse um esquema de desinformação de dentro do Palácio do Planalto, a pouco menos de 100 metros do gabinete de Jair Bolsonaro, no 3º andar da sede do Executivo Federal. Queremos uma investigação rigorosa”, anunciou a presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR).

Tércio é apenas um dos assessores diretos da Presidência da República envolvidos no esquema de fake news. Nesta sexta-feira, o jornal ‘O Globo” revelou que Tércio era responsável direto por uma das 88 contas bolsonaristas bloqueadas pelo Facebook, que atuavam em conjunto desde a eleição de 2018. Todas produziam e compartilhavam conteúdo atacando os adversários de Bolsonaro, usando perfis duplicados e falsos para evitar a fiscalização da plataforma.

Esquema direto da família

O Facebook apontou ainda o envolvimento de ao menos outros quatro funcionários da Presidência e dos gabinetes do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), além de membros das equipes dos deputados Alana Passos e Anderson Moraes, ambos do PSL no Rio de Janeiro. A equipe do Digital Forensic Research Lab (DRFLab), ligado ao Atlantic Council, coordenada pela pesquisadora Luiza Bandeira, identificou o assédio online direcionado pelo grupo ainda no processo eleitoral.

É a primeira vez que se consegue provar que aliados do presidente da República usam contas falsas nas redes sociais para atacar seus adversários políticos. Para o Facebook, a milícia digital bolsonarista removida agia para enganar sistematicamente o público, sem informar a verdadeira identidade dos administradores. Foram encontrados também, pelo DRFLab, ataques ao STF por meio das hashtags #STFVergonhaNacional e #STFEscritórioDoCrime.

O perfil ‘Bolsonaronewss’, operado diretamente por Tércio, teve como principal alvo em 2018 o candidato do PT, Fernando Haddad (PT), que disputou o segundo turno contra Bolsonaro. Em uma das publicações, Tércio compara o candidato petista ao ditador italiano Benito Mussolini. Vale lembrar que Tércio trabalhou diretamente com o gabinete do vereador Carlos Bolsonaro, a quem mantinha submissão respondendo diretamente no ‘Gabinete do Ódio’, no 3º andar do Palácio do Planalto.

Além de Tércio, outros dois envolvidos no ‘Gabinete do Ódio’ trabalham subordinados a Carlos Bolsonaro. Os assessores da Presidência José Matheus Salles Gomes e Mateus Matos Diniz também são funcionários que atuam dentro do Palácio do Planalto. O grupo é coordenado por Carlos Bolsonaro e é quem alimenta a milícia digital bolsonarista nas redes sociais. Nesta quinta-feira, Carlos anunciou que pretende se afastar. Segundo o ‘Estadão’, ele estaria estudando a possibilidade de vir a morar no Texas, nos EUA, onde tem amigos. 

Da Redação

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