Aglomerações levarão à explosão de casos de Covid-19, alertam especialistas

No fim de semana, praias do Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Salvador receberam multidões, que não hesitaram em desobedecer as regras de isolamento social e o uso de máscaras. Brasil ultrapassou a marca de 120 mil mortos e chega cada vez mais perto de registrar 4 milhões de casos de Covid-19. “A banalização da tragédia é comum no Brasil. Na Covid-19 isso é muito perigoso, porque o número de óbitos pode aumentar de forma trágica”, alerta Alexandre Naime, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia

Epicentro da pandemia do coronavírus na América Latina, o Brasil ultrapassou a marca de 120 mil mortos e chega cada vez mais perto de registrar 4 milhões de casos de Covid-19. Nesta segunda-feira (31), o consórcio de veículos de imprensa noticiou que o número de infectados chegou a 3.866.157 e o de óbitos, a 120.976. Apesar da manutenção do alto platô de casos e mortes, o país insiste em dançar na beira do abismo. No fim de semana, praias do Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Salvador receberam multidões, que não hesitaram em desobedecer as regras de isolamento social e o uso de máscaras.

Em Santos, as aglomerações ocuparam toda a faixa de areia da praia. O Estado responde, sozinho, por mais de 30 mil mortes por coronavírus, igualando-se à França e ultrapassando a Espanha. No Rio, a proibição de permanência na areia foi completamente ignorada. No momento em que o estado voltou a registrar crescimento da média de mortes – no total, já ultrapassa 16 mil óbitos -, a prefeitura anunciou nova etapa de retomada das atividades econômicas.

A partir desta terça (1º), poderão reabrir museus, galerias, parques, bibliotecas e centros culturais. O índice de isolamento social médio no país, que encontra-se há meses abaixo de 50%, deve cair ainda mais. O quadro sanitário preocupa especialistas de saúde.

De acordo com o último boletim epidemiológico da Fiocruz, que cobre o período entre 9 e 22 de agosto, o índice de mortes e casos continua alto em todo o país, com cerca de mil óbitos e 40 mil novas infecções diárias, em média. O Centro-Oeste é a região com maior incidência de casos e óbitos. O Rio de Janeiro e Distrito Federal mostram, de acordo com a Fiocruz, uma tendência de aumento no número de casos.

Já os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) continuam muito acima do nível alto, de acordo com a Fiocruz, apesar do registro de leve queda nos números de novos casos. Segundo último Boletim InfoGripe, que cobre o período de 16 a 22 de agosto, entre os casos confirmados de SRAG, 0,6% são de influenza A, 0,3% influenza B, 0,5% vírus sincicial respiratório (VSR) e 97,3% de Covid-19.

Ainda de acordo com a Fiocruz, os diagnósticos de SRAG por Covid-19  revelam que todas as regiões do país estão na zona de risco, com ocorrência de casos muito alta. Neste ano, já foram relatados 391.057 casos da síndrome.

“Capitais que passaram por longo período de queda e se encontram com tendência de estabilidade requerem atenção especial para evitar uma possível retomada do crescimento, como observado em semanas anteriores para Belém, Macapá, Maceió, Recife, São Luís e Rio de Janeiro”, relatou o coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes. 

Banalização da crise sanitária

Segundo o chefe de infectologista da Unesp e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alexandre Naime, a banalização da crise sanitária, demonstrada pelas aglomerações, levará a uma explosão de casos. “A banalização da tragédia é comum no Brasil. Na Covid-19 isso é muito perigoso, porque o número de óbitos pode aumentar de forma trágica”, alertou Naime, em depoimento à rede ‘CNN’.

“Está existindo uma grande confusão por parte da população do que significa flexibilização e normalização. Não vivemos, infelizmente, no Brasil, um período em que se permita voltar ao estado normal das coisas: aglomerar, ficar junto, confraternizar”, declarou.

Da Redação, com informações de ‘Fiocruz’ e ‘CNN

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