Artigo: Sobre o editorial da Folha ‘Clube autoritário’

Monica Valente rebate editorial do jornal: “Por ser uma “coisa banal” [sic], o Foro de São Paulo merecer um editorial da ‘Folha de S. Paulo’ pode parecer uma contradição em termos. Só que não…”

Joka Madruga

Monica Valente

No último dia 28 de julho, em celebração aos 30 anos do Foro, realizou-se uma conferencia que contou com a participação de presidentes da República de três países: Cuba, Nicarágua e Venezuela. Fazem parte do Foro de SP cerca de 123 partidos de 27 países. Muitos desses partidos participam ou participaram dos governos progressistas da região, e foram responsáveis pelos melhores indicadores sociais e econômicos na história da América Latina e Caribe.

Em sua trajetória, o Foro de São Paulo e seus partidos contribuíram muito na formulação de proposta de integração regional soberana, desde que a proposta da ALCA, a Área de Livre Comércio das Américas, foi derrotada em 2005. Frente a um mundo globalizado, os países em desenvolvimento precisam unir-se para que possam ter voz ativa no mundo.

Assim, o fortalecimento do Mercosul, a criação da UNASUL e da CELAC foram muito importantes. E não se tratam de propostas ”ideológicas”. Basta olhar o crescimento exponencial do comércio exterior do Brasil no Mercosul, ou a participação da Colômbia na UNASUL sob o governo de Gustavo Uribe, declaradamente de um partido conservador.

A UNASUL, por exemplo, antes de ser quase desativada pelos governos conservadores e neoliberais de plantão, estava em pleno trabalho de consolidação de propostas de integração produtiva através do COSIPLAN para desenvolver cadeias produtivas regionais, bem como o Banco do Sul.

Todo esse processo contribuiria muitíssimo ao desenvolvimento econômico e social de nossos países, o que interessa a qualquer governo, até mesmo do conservador, então presidente da Colômbia, Álvaro Uribe. Ops, exceto ao governo Bolsonaro, que não dá a mínima para isso! Ou melhor, um governo que quer voltar a ser o quintal dos EUA!

O governo de Alberto Fernández, na Argentina, apoiado e composto por diversos partidos do Foro, além do enfrentamento exitoso da pandemia, preservando milhares de vidas, acaba de assinar um acordo altivo e soberano sobre a dívida daquele país, evitando o colapso deixado por seu antecessor, Maurício Macri.

A Venezuela, como disse o presidente Nicolás Maduro, na Conferência,  sob o chavismo, em 22 anos de governos, fez 23 eleições, incluindo um inédito Referendo Revogatório em 2004 sobre a continuidade ou não do presidente Hugo Chávez. Em dezembro de 2020, haverá novas eleições para o Parlamento, sendo que, mais uma vez, o governo Maduro aceitou a mediação do governo da Noruega, país com tradição em mediação de conflitos, para a definição das regras eleitorais reclamadas pela oposição.

A Nicarágua, cujo governo foi reeleito pelo povo com 72% dos votos em 2017, vive uma tentativa de estrangulamento econômico através de sanções econômicas unilaterais por parte do governo Donald Trump ao arrepio do direito e das normas internacionais.

Cuba é um país com os melhores indicadores de educação,  moradia e saúde na America Latina e Caribe. Sob brutal cerco, através do bloqueio econômico desde 1960 e atual recrudescimento de sanções unilaterais, já condenados inúmeras vezes pela ONU, apresenta os melhores índices de preservação da vida e saúde na pandemia do COVID 19. Mais ainda, Cuba dá exemplo de solidariedade ao mundo graças às suas brigadas médicas em 21 países no enfrentamento do novo coronavírus.  Por isso, o Foro de São Paulo apoia a iniciativa da ONG estadunidense CODE PINK de coletar assinaturas para o Nobel da Paz de 2020 às  Brigadas Médicas Cubanas Henry Reeves.

Para o PT, que defende e sempre defendeu a autodeterminação dos povos e o respeito à soberania popular, qualquer crise em qualquer país deve ser resolvida através do diálogo, da mediação e das regras internacionais. Por isso, o PT participa do Foro, onde todas as resoluções são definidas por consenso entre todos os participantes, respeitando a soberania e a autodeterminação dos povos e países, atuando para fortalecer o multilateralismo e a cooperação.  Um outro mundo é possível:  de paz, solidariedade e cooperação!

Mônica Valente, membro da Comissão Executiva Nacional do PT e Secretária Executiva do Foro de São Paulo

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