Assista na CPI da Covid o depoimento da médica Luana Araújo

Infectologista foi anunciada como secretária de Enfrentamento à Covid-19, mas acabou barrada por Bolsonaro após prometer respeitar a ciência e colocar acima de tudo a população brasileira

Site do PT

A CPI da Covid ouve, nesta quarta-feira (2), a partir das 9h30, a médica infectologista Luana Araújo, que foi indicada pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para o cargo de secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, mas nunca chegou a ser efetivada. O anúncio de que Luana não seria nomeada ocorreu apenas 10 dias depois da cerimônia na qual ela foi apresentada para o cargo, realizada em 12 de maio passado.

Você acompanha o depoimento da médica aos senadores pela TVPT, que traz uma cobertura completa sobre a audiência a partir das 9h, incluindo comentários e análises de especialistas e parlamentares. Para assistir, basta clicar no vídeo abaixo.

Formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pela Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, Luana Araújo fez, na cerimônia em que foi apresentada como secretária extraordinária, um discurso que surpreendeu aqueles que acompanham a gestão que o governo Bolsonaro faz da pandemia.

A médica disse que assumiria o enfrentamento ao coronavírus e prometeu dialogar com prefeitos, governadores e comunidades científicas, algo que Jair Bolsonaro evitou desde o princípio. “O objetivo desta secretaria é coordenar a resposta nacional à Covid-19, em um diálogo permanente com todos os atores que fazem parte do processo: governo federal, estados, municípios, agentes públicos, sociedades científicas, organizações internacionais, imprensa. Mas, acima de tudo, com a população brasileira, que é, e deve ser sempre, o beneficiário maior de todo nosso trabalho”, falou.

Adiante, prometeu pautar suas ações em evidências científicas e levar em conta a realidade do país. “Trabalho duro, pautado na tecnicidade, nas evidências científicas, buscando sempre soluções eficientes e adaptadas às nossas vulnerabilidades socioeconômicas. De modo a oferecer à população da gente o que há mais atualizado e adequado à nossa realidade.”

Por fim, demonstrou humanidade e reconheceu que o país vive um “desastre sanitário”. “Como brasileira, como cidadã, como profissional de saúde, mulher, médica, filha, como alguém que atuou na linha de frente nessa pandemia e em outras epidemias no Brasil, eu sofro e me solidarizo com cada uma das pessoas que perderam a sua vida ou a de entes queridos nesse desastre sanitário. Mas é por isso que me coloco aqui hoje, junto à equipe do ministro Queiroga, ciente do desafio que vamos enfrentar juntos, mas confiante e cheia de esperança de que esse trabalho, que a gente vai desenvolver, vai contribuir com um trabalho de saúde para todos os brasileiros”, finalizou, visivelmente emocionada.

Bolsonaro não gostou

Ao anunciá-la, o ministro Marcelo Queiroga disse que o convite à médica atendia a recomendação que recebera de Bolsonaro: “a ocupação dos cargos do ministério com técnicos qualificados”. Dez dias depois, no entanto, informou, por meio de nota, que Luana não tomaria posse oficialmente e que havia deixado o ministério.

Dias antes, já havia circulado incessantemente nas redes trecho de uma live na qual a médica esclarecia sobre o uso da cloroquina e da ivermectina no combate à Covid-19. “Quando você emite uma opinião na ciência é porque está te faltando informação. E, quando te falta uma informação, você faz um estudo para descobrir o que está acontecendo. Então, o que a ciência fala hoje, não é minha opinião, mas o que a ciência mostra hoje: que nenhuma dessas medicações tem qualquer efeito positivo no combate à Covid”, disse (assista abaixo trechos recuperados por internautas).

No dia 26, ao comparecer a uma audiência da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, Queiroga praticamente admitiu que foi Bolsonaro quem vetou Luana no ministério, ao dizer que, além da “validação técnica”, era necessária a “validação política” para que alguém fosse nomeado. E ressaltou: “vivemos em um regime presidencialista”.

Da Redação

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