Até o ‘Financial Times’ duvida da capacidade de Guedes

Bíblia dos liberais, jornal inglês aponta que agenda econômica do ministro está marginalizada diante da emergência do coronavírus. “O ex-ministro estelar está sendo forçado a reconciliar sua identidade de ‘Chicago Boy’ do livre mercado com a necessidade de uma intervenção maciça do governo”, resume

Alessandro Dantas

Paulo Guedes: "Chicago Boy", adepto do neoliberalismo, decepciona com sua agenda econômica que força o país de atravessar a crise com mais arrocho e miséria

O jornal ‘Financial Times’, um dos mais tradicionais do Reino Unido e apontado como a “bíblia do mercado financeiro” e dos liberais, publica reportagem nesta terça-feira (28) apontando as dificuldades crescentes do ministro Paulo Guedes, em manter sua agenda econômica, tendo em vista à pandemia do coronavírus, que está forçando os “Chicago boys” do Brasil a rever os planos de reformas contínuas e ultraliberais.

“Nas semanas desde que o Covid-19 varreu a maior economia da América Latina no final de fevereiro, Guedes virou um solitário, pois seus melhores planos de reforma são pisoteados por medidas emergenciais de gastos do governo”, aponta a reportagem dos correspondentes Bryan Harris e Andres Schipani. “O ex-ministro estelar está sendo forçado a reconciliar sua identidade de ‘Chicago Boy’ do livre mercado com a necessidade de uma intervenção maciça do governo”.

O jornal informa que analistas estão questionando quanto tempo ele permanecerá no cargo. “Ele não tem perfil para fazer políticas expansionistas. E não quer. Com o evidente fracasso da política fiscal que se materializará este ano, não acho que Paulo Guedes possa cumprir esse mandato. Ele poderia sair este ano”, afirma Jose Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.

Diz o jornal: “É uma infeliz reviravolta para o homem que, até recentemente, era aclamado como o salvador da economia brasileira”. O FT diz que os planos do ministro vinham sendo implementados no país desde o ano passado, mas as brigas políticas entre o presidente Jair Bolsonaro e o Congresso dificultam a continuidade da agenda. “Com a resposta ao coronavírus dominando toda a agenda econômica, parece improvável que o programa do ministro seja retomado em breve”, diz o artigo dos correspondentes, que cita que o ministro estaria deprimido.

O jornal prevê que o impacto combinado do estímulo fiscal, além da redução da receita tributária, provavelmente elevará a dívida do Brasil para cerca de 90% do PIB este ano, contra 76% no ano passado, segundo cálculos de Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs para a América Latina.

Parlamentares e até colegas ministros relataram que Guedes hesita em aprofundar-se em um amplo “Plano Marshall” para ajudar uma economia que o FMI espera encolher 5,3% este ano. O jornal avalia que Guedes lamenta que o Brasil estava começando a desenvolver uma estrutura em sua organização econômica e isso não vai mais acontecer.

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