Bolsonaro desvia R$ 7,5 milhões destinados para testes de Covid-19 a programa de Michelle

Segundo revelações da ‘Folha de S. Paulo’, após doação feita pelo frigorífico Marfrig , governo se comprometeu a comprar 100 mil testes rápidos para diagnosticar Covid-19. A verba, no entanto, acabou transferida ao projeto Arrecadação Solidária, vinculado ao Pátria Voluntária, da primeira-dama. “Mais estranho que a tentativa de Michelle Bolsonaro de censurar quem denuncia os R$ 89 mil depositados pelo Queiroz e o desvio de função de R$ 7,5 milhões são o silêncio e a inação dos órgãos de fiscalização e controle”, denuncia o líder do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PR)

Foto: Isaac Nóbrega

A primeira-dama jura que atendimento à pessoa com deficiência é prioridade, mas o fato é que o Ministério da Economia cortou verba para pessoas com deficiência

O combate à pandemia do coronavírus no Brasil, ao contrário do que afirmou o presidente Bolsonaro na ONU, nunca foi responsável ou tampouco prioridade para o governo. Denúncia do ‘Folha de S.Paulo’ revelou que o governo desviou R$ 7,5 milhões doados para a compra de 100 mil testes rápidos para diagnosticar o coronavírus.  Segundo o jornal, a verba foi repassada ao programa Pátria Voluntária, liderado pela primeira-dama, Michelle. 

De acordo com o jornal, o dinheiro foi doado em março pelo frigorífico Marfrig. Segundo relato da empresa, a Casa Civil havia informado que a verba seria usada exclusivamente para a aquisição e aplicação de testes de Covid-19.

Segundo a empresa informou ao jornal, após a transferência concretizada, em julho, o governo chegou a consultar o frigorífico sobre eventual aplicação da verba em outras ações de combate à pandemia. “Como a ação estava diretamente ligada à mitigação dos danos causados pela pandemia, a Marfrig concordou com a nova destinação dos recursos doados”, disse a empresa, em nota ao diário. O caso ganhou ampla repercussão nas redes sociais, levando a denúncia a figurar entre os assuntos mais comentados do Twitter desta quinta-feira (1º).

“Mais estranho que a tentativa de Michelle Bolsonaro de censurar quem denuncia os R$ 89 mil depositados pelo Queiroz e o desvio de função de R$ 7,5 milhões são o silêncio e a inação dos órgãos de fiscalização e controle”, denuncia o líder do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PR). “Um menosprezo com a sociedade para quem deve satisfações”, observa.

“Hoje o Brasil foi surpreendido com a informação de que a empresa Marfrig fez doação ao Ministério da Saúde para combate à pandemia, mas verba foi parar em projeto da primeira-dama”, afirma o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho. “Essa não é a primeira vez que dinheiro vai misteriosamente parar nas contas de Michelle. Lamentável”, indigna-se o senador.

Repasses a ONGs ligadas à Damares

Na terça-feira (29), o jornal revelou  que o Pátria Amada repassou, sem passar por processo de concorrência, verbas de doações privadas para organizações evangélicas ligadas à ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos). Segundo dados do próprio programa coordenado por Michelle Bolsonaro, a Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMTB) recebeu R$ 240 mil por indicação de Damares.

O endereço da ONG é o mesmo da entidade Atini, fundada pela ministra em 2006, segundo a ‘Folha’. Outras duas organizações filiadas à AMTB também receberam verbas de doações sem edital. O Instituto Missional, com R$ 391 mil, e o SIM (Serviço Integrado de Missões), com R$ 10 mil.

O Pátria Amada foi criado pela Casa Civil para arrecadar dinheiro de instituições privadas e repassar para organizações sociais, dentro de uma estratégia de fortalecimento do terceiro setor.

De acordo com o jornal, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência já gastou em torno de R$ 9 milhões em publicidade com o programa.

Da Redação, com ‘Folha de S. Paulo

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