Bolsonaro presta continência a assessor de Trump e ratifica vira-latismo

Presidente eleito confirma sua servidão à Washington em visita de conselheiro sobre a política externa dos EUA; relações comerciais do Brasil serão afetadas

Arte Agência PT

Os anos de submissão às vontades de Washington D. C. voltaram. A escolha de ministros e os planos para a economia mostram que o próximo governo vai destruir de vez a política externa ativa e altiva do Brasil, um dos importantes legados de Lula e Celso Amorim. Desde o Golpe de 2016, o país deixou de ser o protagonista internacional e com Jair Bolsonaro (PSL) a soberania nacional ficará para segundo plano.

Prova disso é que o presidente eleito, em mais uma demonstração de servidão, bateu continência para um assessor do presidente estadunidense, Donald Trump. John Bolton, conselheiro sobre a política externa dos Estados Unidos, foi recebido por Bolsonaro, nesta quinta-feira (29), no Rio de Janeiro e o futuro Presidente do Brasil não hesitou em desfilar seu vira-latismo.

Após o gesto de subserviência, o presidente eleito mostrou inquietação e pediu para assessores dizerem ao estadunidense que o seguisse até a mesa de café da manhã, onde tentou oferecer algo para o representante de Trump, segundo a Revista Fórum. Confira no vídeo:

Bolsonaro se oferece a Trump

A servidão de Jair Bolsonaro aos EUA é uma guinada sem precedentes na história recente das relações bilaterais. Um “graduado membro da equipe de transição” de Bolsonaro, que tem acesso direto ao futuro ministro das Relações Exteriores, o trumpista e antiglobalista Ernesto Araújo, descreveu ao El País que o Brasil de Bolsonaro terá duas ambições: ser o principal aliado de Trump na América do Sul e servir – em todos os sentidos – de intermediador dos EUA com os países vizinhos.

Na prática, o Brasil reproduzirá o imperialismo estadunidense no continente. A publicação lembrou ainda que uma relação íntima com os Estados Unidos sempre foi uma tradição na Colômbia, país que recebe ajuda militar, ou sempre teve referências na Argentina, que nos anos 90 falava de uma “relação carnal” com Washington.

A política de servidão aos EUA por parte do Brasil, no entanto, representa uma guinada para o país, já que se trata da segunda maior economia do hemisfério ocidental, que deve sofrer um choque de interesses em matéria de comércio e indústria.

O El País destacou ainda que nem mesmo no período ditadura militar não houve nada nos mesmos parâmetros. Até o governo golpista de Michel Temer, embora tenha se aproximado dos EUA, não cedeu tanto à Casa Branca ao rejeitar a ideia de qualquer intervenção militar na Venezuela.

Diplomacia desastrosa para a economia brasileira

Como se não bastasse a servidão aos EUA, o governo Bolsonaro parece dedicado a destruir as relações comerciais e seu principal agente é o filho do presidente eleito, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL).  Ele tem atuado como uma espécie de chanceler informal do Brasil. O deputado, inclusive, foi mais um a demonstrar seu vira-latismo para Trump, ao posar com um boné do presidente estadunidense, nesta semana.

A atuação do filho de Bolsonaro na política internacional promete causar um choque interno no futuro governo, isso porque das forças que apoiam o presidente eleito podem ter prejuízos. Militares nacionalistas e o agronegócio já estariam descontentes, segundo o Brasil 247.

O conflito começou a se desenhar após Eduardo anunciar oficialmente a mudança da embaixada brasileira em Israel para Jerusalém, decisão que contraria os interesses econômicos nacionais e apenas evidencia a submissão da família Bolsonaro a Trump e ao líder israelense Benjamin Netanyahu. Com a decisão, o Brasil perderá bilhões de reais em exportações concentradas justamente no agronegócio.

Segundo apontou a publicação, as nações árabes são o segundo maior comprador de proteína animal brasileira. As exportações somaram US$ 13,5 bilhões em 2017 e o superávit para o Brasil foi de US$ 7,17 bilhões, enquanto o comércio com Israel é praticamente inexistente. Nesse contexto, até mesmo o vice-presidente eleito, Hamilton Mourão, se mostrou preocupado com o impacto e disse que os interesses nacionais não podem ser colocados em risco  “É óbvio que a questão terá que ser bem pensada. É uma decisão que não pode ser tomada de afogadilho, de orelhada. Nós temos um relacionamento comercial importante com o mundo árabe”, disse.

Mas ao que parece, a família Bolsonaro está disposta a arriscar a soberania, a economia e as relações exteriores em nome de um vira-latismo sem precedentes, capaz de causar vergonha em Nelson Rodrigues.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da Revista Fórum, El País e Brasil 247

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