Brasil e América Latina de mãos dadas nos governos de Lula

Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado de seu ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, foi o presidente que mais defendeu a integração entre os países da América Latina

Ricardo Stuckert

Lula recebe o prêmio de Estadista Global das mãos de Celso Amorim

O desenvolvimento do Brasil está intimamente ligado ao desenvolvimento da América Latina. É o que reforça Celso Amorim, diplomata e ex-ministro das Relações Exteriores no governo Lula. “Nós começamos a traçar uma política internacional que visava a menor dependência dos Estados Unidos e da Europa, não só o Brasil, tinha que ser a América Latina e do Sul como um todo, com a consolidação do Mercosul, a criação da Unasul, entre outras ações.”

“Nos primeiros 10 anos do novo milênio, houve um forte empenho para fortalecer a democracia, combater a desigualdade e, ao mesmo tempo, fazer uma reformulação da política externa, que colocou o Brasil numa nova posição no mundo”, relembrou o ex-ministro em evento recente.

Isso foi exatamente o que Luiz Inácio Lula da Silva implantou com sucesso em seus anos de governo: uma maior integração entre Brasil e América Latina, para que deixassem de ser o ‘quintal dos Estados Unidos’, como eram vistos até então. Foi com Lula que o Mercosul se desenvolveu, além de ter possibilitado a criação de outras iniciativas como a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila).

A seguir, uma retrospectiva de algumas das boas práticas de Lula para fomentar o estreitamento das relações entre Brasil e América Latina e que hoje fazem falta para o país:

Mercosul

 

Já no início do primeiro mandato de Lula em 2003, a cúpula do Mercosul realizada em junho do mesmo ano formalizou o começo do aprofundamento das relações do acordo. O Programa aprovado na reunião foi chamado de ‘Programa para a Consolidação da União Aduaneira e o Lançamento do Mercado Comum, Agenda 2006’ e propunha quatro eixos: um programa político, social e cultural; um programa para a União Aduaneira; um programa de base pró mercado comum e um programa para a nova integração.

Já em dezembro de 2003, o Conselho do Mercado Comum adotou o Programa de Trabalho 2004-2006, que abriu caminho para completar a liberalização do intercâmbio comercial e o desenvolvimento de uma nova agenda da integração. Em 2004, todos os países sul-americanos (exceto Guiana e Suriname) haviam se tornado membros associados do Mercosul.

Com seu carisma e ótima leitura política, Lula conseguiu, durante seus oitos anos de participação em fóruns do Mercosul, contribuir para fortalecer a dimensão política e humana do bloco, além de estruturar uma agenda política, social e cultural entre os países participantes.

Ao final do último mandato de Lula, o ex-presidente foi declarado “Cidadão Ilustre do Mercosul” na cúpula de chefes de Estado do bloco. A homenagem realizada visou reconhecer todos os esforços de Lula para o fortalecimento do bloco econômico.

Unasul

 

A União de Nações Sul-Americanas (Unasul) foi outra iniciativa para integração da América Latina fortalecida por Lula. Criada em Brasília, em 2008, tinha como propósito inicial permitir, através da implantação de uma zona de livre comércio, maior circulação de mercadorias e pessoas entres os 12 países: Brasil, Bolívia, Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela, além dos dois países latino-americanos observadores, México e Panamá.

O ex-presidente Lula na 2ª reunião da Unasul

Outro objetivo da organização era coordenar respostas a crises regionais e articular políticas em temas como defesa e saúde. Porém, nos últimos anos, a Unasul começou a ser esvaziada com a ascensão de governos de direita. Neste ano, o desgoverno Bolsonaro anunciou a saída do Brasil em abril.

Em uma reunião realizada pela Unasul junto ao Instituto Lula em 2015, o ex-presidente Lula afirmou que a direita não enxerga o potencial da integração da América Latina. “A direita, os conservadores, dizem que a exportação de serviços para fazer o porto de Mariel em Cuba ou o metrô em Caracas significa que a gente está dando dinheiro pros outros em vez de investir no Brasil. É o atraso político, é o atraso o discurso da integração. É a submissão ao que tem de mais atrasado no mundo”.

Celso Amorim disse, em entrevista à Revista Fórum, que a saída do Brasil da Unasul é parte da política externa subserviente e contraproducente de Jair Bolsonaro, que tem como norte o presidente estadunidense Donald Trump e os Estados Unidos. “O grande defeito da Unasul para eles é que não tem Estados Unidos. É um bloco que pensa a América do Sul para os americanos do sul e contraria a Doutrina Monroe”, afirmou o chanceler.

Unila

 

Um dos maiores exemplos do esforço de integração regional dos governos do PT foi a criação da Universidade Federal da Integração Latino-americana (Unila). A instituição foi criada pelo ex-presidente Lula em 2010.

Localizada na tríplice fronteira entre Argentina, Paraguai e Brasil, a Unila tem como missão oficial contribuir para o avanço da integração da região, com uma oferta ampla de cursos de graduação e pós-graduação em todos os campos do conhecimento abertos a professores, pesquisadores e estudantes de todos os países da América Latina.

A instituição abriga estudantes de outros 23 países, distribuídos por América Latina e Caribe. A partir de 2019, a universidade abriu suas portas para migrantes refugiados e portadores de visto humanitário de todo o mundo.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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