Cayres: “Intervenção militar no RJ é mais um passo no estado de exceção”

Em nota, secretário Nacional do Setorial Sindical do PT, Paulo Cayres, afirma que intervenção torna ainda mais urgente a greve geral do dia 19

Arquivo pessoal

Poucos dias depois de ser retratado como um enorme vampiro no belíssimo desfile da Escola de Samba Paraíso do Tuiuti, pela destruição de direitos da sociedade brasileira com os ataques sistemáticos à classe trabalhadora, com a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do teto que congela investimentos em políticas públicas, da Reforma Trabalhista que destrói as relações de trabalho e a ameaça da Reforma da Previdência que, na prática, inviabiliza a aposentadoria, Michel Temer resolve decretar intervenção militar na segurança pública em um dos mais importantes estados da federação, o Rio de Janeiro.

Não se trata de um reforço eventual, é um decreto que transfere para as Forças Armadas a responsabilidade total pela segurança pública no Rio, portanto uma intervenção do governo federal no Estado.

As Forças Armadas não são treinadas para exercer segurança pública, sua função é a proteção da Nação contra inimigos externos. Os soldados são treinados para eliminar o inimigo, não para reprimir o crime e proteger a população.

A presença de recrutas armados pelas ruas do Rio de Janeiro, portando muitas vezes armamento pesado, no máximo pode por um tempo passar a falsa sensação de segurança, mas na prática tende a ser ineficaz.

Não existe exemplo de país em que as Forças Armadas foram utilizadas nesse tipo de missão com resultados positivos. Os exemplos são inversos, em muitos casos, soldados expostos no combate ao crime, acabaram cooptados pelas organizações criminosas, ampliando ao invés de conter a violência, contaminando e colocando em risco o que deveria ser a verdadeira missão dos militares.

Ao que tudo indica, essa é uma nova etapa na escalada golpista que estamos vivendo no Brasil, com a participação escancarada dos meios de comunicação, que durante o carnaval do Rio, fizeram das notícias sobre violência o seu mote principal, preparando o ambiente para que Temer pudesse decretar a intervenção.

Nos próximos dias o que veremos acontecer no Rio, será o aumento da repressão à população mais pobre do estado, aos movimentos sociais e a tentativa de impedir mobilizações populares, quando não um ataque violento a elas, com graves consequências para a nossa já debilitada Democracia.

O estado do Rio que é, talvez a principal vítima das consequências do golpe, pois viu o suposto combate à corrupção que levou ao poder um grupo que está dizimando a soberania nacional, arrasar a indústria do petróleo e sua cadeia produtiva. Como é, por exemplo, o caso da indústria naval e da construção, gerando centenas de milhares de desempregados no estado, criando desesperança, aumentando a exclusão social e a pobreza, agora é outra vez vítima da tentativa de Temer tentar ganhar pontos com uma parcela da população que vê na militarização da segurança a tábua de salvação.

O que o Brasil e o Rio de janeiro precisam é de uma política responsável e preocupada com o bem-estar da maioria da população do país, uma política que combata a exclusão social, o desemprego, que devolva os direitos da classe trabalhadora, que gere empregos valorizando a produção nacional, que utilize as riquezas do Brasil em benefício da maioria do povo e não sirva apenas para a acumulação de fortunas para uns poucos rentistas.

É bom lembrar que para as grandes potências esse é o papel que elas sempre sonharam para os militares das nações em desenvolvimento.

O ato de Temer de faturar sobre o pânico criado pela questão da segurança pública é uma atitude irresponsável e que não aumenta a segurança do estado do Rio de Janeiro. E que, além de custar caro para a fragilizada Democracia brasileira, pode deixar um saldo de mortes e aumento da violência, servindo apenas de desculpa para o aumentar a perseguição e estigmatizar ainda mais amplos segmentos da população pobre, deixando profundas marcas nas Forças Armadas que poderão amargar um processo de desmoralização.

Neste sentido nossa ação de parar o Brasil no dia 19 de fevereiro de 2018, torna mais urgente e necessária!
19 /02/2018, Greve Geral

Paulo Cayres

Secretário Nacional do Setorial Sindical do PT

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