Como Temer e Bolsonaro empurraram o Brasil de volta ao Mapa da Fome

No Dia Mundial da Alimentação (16), não há o que celebrar: mais da metade da população sofre por insegurança alimentar. 2 milhões de famílias caíram na extrema pobreza durante o governo Bolsonaro

A apenas dois dias do Dia Mundial da Alimentação, comemorado no dia 16 de outubro, infelizmente não há nada a celebrar. Em centenas de cidades, aumenta nos açougues do país a fila por ossos e restos de carne, formada por um exército crescente de subnutridos. Após cinco anos de execução de um projeto de destruição do Estado brasileiro – iniciado pelo golpista Michel Temer a partir de 2016 e aprofundado por Jair Bolsonaro, o Brasil está de volta ao Mapa da Fome das Nações Unidas. Em dezembro de 2020, mais da metade da população, cerca de 55%, estava passando por algum tipo de insegurança alimentar, aponta um estudo da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan).

Os dados integram levantamentos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) e da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com as informações coletadas, quase 20 milhões de brasileiros passam um dia ou mais sem ter o que comer, 24,5 milhões não sabem se poderão comer no dia seguinte e 74 milhões temem passar fome.

O estudo foi feito em 1.662 domicílios urbanos e 518 rurais e, segundo a Folha de S. Paulo, “antes do repique inflacionário dos últimos meses —que deve ter agravado o quadro”. A realidade atesta a gravidade dos dados. Na quinta-feira (13), uma imagem emblemática do cenário de miséria que se tornou rotina no Brasil de Bolsonaro viralizou nas redes. Na cidade de Petrópolis (RJ), uma legião de famintos aguardava, ao lado de um caminhão, a vez para garantir alguma sobra de cortes bovinos.

“Sem palavras… Só tristeza! Onde estão os governantes?”, questionou a autora do registro, Sonia Cupido. Boa pergunta. A pobreza extrema é resultado direto da ausência de governo no Palácio do Planalto.

Em 2014, dois anos antes de Dilma ser golpeada da Presidência, o Brasil teve o indicador de Prevalência de Subalimentação abaixo de 5% da população, critério que retirou o país do Mapa da Fome. Um feito inédito na história nacional, fruto de uma série de políticas integradas de estímulo econômico e inclusão que mudaram o tecido social do país. Naquela época, o Brasil também atingia o chamado pleno emprego, encerrando o ano com a menor taxa de desocupação da história: 4,8%.

Golpe, o início do processo de destruição

Em 2016, já no poder, Temer anunciou a “Ponte para o Futuro”, um conjunto de reformas que prometia colocar o Brasil na trilha da prosperidade. O que se viu, no entanto, foi um ataque sem precedentes ao Estado brasileiro e às riquezas do país, com privatizações e a abertura à exploração do Pré-sal para grupos estrangeiros.

Do mesmo modo que promoveu uma melhoria de todos os indicadores sociais, por meio de políticas integradas, executadas nos 13 anos de governos do PT, o país foi rapidamente destruído com medidas simultâneas de sucateamento de áreas sociais distintas. O resultado foi o início de um retrocesso galopante, que convergiu para o quadro de fome e miséria atual.

Em menos de um ano, o golpista promoveu um desmonte de programas sociais, com reduções de aportes no Minha Casa, Minha Vida e a extinção de êxitos como o Farmácia Popular e o Ciência sem Fronteiras, um investimento no futuro do país, entre outros.

Temer também articulou a aprovação da Emenda Constitucional n.º 95, conhecida como Teto de Gastos, um saco de maldades que congelou gastos sociais por 20 anos. O mesmo que agora ameaça o Sistema Único de Saúde (SUS) com um corte de R$ 25 bilhões em 2022, caso o orçamento de guerra em razão da pandemia não seja mantido.

Bolsonaro aprofunda massacre contra o povo

Já no primeiro ano de mandato, antes, portanto, da pandemia de Covid-19, Jair Bolsonaro disse a que veio, mantendo os cortes de Temer na área social e aprofundando a agenda neoliberal vigente pelas mãos do ministro da Economia Paulo Guedes. A receita: desindustrialização, privatizações e massacre ao trabalhador, por meio de demissões, enfraquecimento da CLT e estímulo à precarização do mercado de trabalho.

Não demorou para que as consequências fossem sentidas no seio da família brasileira, um grupo que a retórica de Bolsonaro adora explorar. A realidade, porém, mostra que o chefe da nação jamais quis o bem das famílias. E isso não é efeito apenas da pandemia, como tenta justificar o inepto presidente.

Esperança

Somente entre janeiro de 2019 e julho de 2020, quando a crise sanitária ainda não refletia efeitos nos indicadores sociais, o número de famílias na extrema pobreza saltou de 12,9 milhões para 13,8 milhões, segundo dados do Ministério da Cidadania. Em junho deste ano, o número bateu 14,7 milhões de famílias vivendo com renda per capita de até R$ 89 mensais. Ou seja, só durante a gestão de Bolsonaro, mais de dois mihões de famílias cruzaram a linha da extrema pobreza.

“O Brasil já está dentro do Mapa da Fome”, denunciou, em junho de 2020, o ex-presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Francisco Menezes, em entrevista ao Brasil de Fato. “Vamos ter que fazer todo um esforço de reconstrução. Esperamos que um dia se reponha a participação social no país, de forma que possamos, novamente, sair do Mapa da Fome, e oferecer condições de alimentação com comida de verdade para nossa população”, diss, à época.

“A cabeça pensa de onde os pés pisam”, lembrou o presidente Lula, em entrevista, nesta quinta-feira (14). “Só vai cuidar do povo quem conhece o povo. Quem já passou fome, quem já teve a casa invadida por enchente. Por isso tenho orgulho de apesar de não ter tido diploma universitário, ter sido o presidente que mais criou vagas nas universidade”.

Da Redação, com informações de Folha de S. Paulo e Brasil de Fato

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