Cresce campanha pela indicação de brigada de médicos cubanos ao Nobel da Paz

A brigada Henry Reeve, formada por profissionais de saúde de Cuba, cresce em popularidade com a adesão de países da América Latina e Caribe, além de diversas organizações europeias, à campanha para indicação ao Nobel da Paz. Nesta quarta-feira (17), um tuitaço marcado para às 19h irá reforçar a justa indicação da brigada médica ao Nobel, somando forças à assinatura de uma petição pública pela proposta

Foto: Roberto Stuckert Filho

A ex-presidenta Dilma Rousseff, ao lado de profissionais de saúde cubanas

A brigada Henry Reeve, formada por médicos cubanos, cresce em popularidade com a adesão de países da América Latina e Caribe, além de diversas organizações europeias, à campanha para indicação ao Nobel da Paz. Nesta quarta-feira (17), um tuitaço marcado para às 19h irá reforçar a justa indicação da brigada médica ao Nobel, somando forças à assinatura de uma petição pública pela proposta. No Brasil, a iniciativa também é encampada pelo Coletivo das relações internacionais e setor de saude do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MTS).

Conhecidos por sua imprescindível atuação profissional de caráter humanitário em países diversos como Angola, Haiti, Paquistão, México, Chile, China, Guatemala e Bolívia por 15 anos, integrantes da brigada foram recentemente saudados como heróis na Itália pelo trabalho de enfrentamento do coronavírus.  No mês passado, a Henry Reeve, criada por Fidel Castro em 2005, foi homenageada na cidade italiana de Turim com uma pintura feita em um mural: acompanhado a obra, os dizeres “Médicos, não bombas. Obrigado Cuba. Obrigado, Henry Reeve Brigade”.

“Dispensa argumentos sobre a importância desse reconhecimento”, diz uma nota do Coletivo do MST. “As brigadas de médicas e médicos de Cuba já foram em  missões humanitárias em praticamente todos os países do hemisfério sul”, observa o MST. “Estiveram aqui no Brasil, com mais de 14 mil médicos e médicas nos ajudando a ir dar atenção em comunidades interioranas, povos indígenas, quilombolas, assentamentos do Sem Terra, favelas, lugares em que nenhuma médica ou médico brasileiro queria ir”, lembra o Movimento.

Apoio europeu

Na Itália, a Rede de Capítulos Italianos de Intelectuais e Artistas em Defesa da Humanidade utilizou o mural em defesa do Nobel para a brigada cubana. A campanha foi lançada em abril pelas associações Cuba Linda e France Cuba e ganhou o apoio de dezenas de organizações e sindicatos na França, Espanha, Irlanda e Itália.

A atuação dos médicos foi decisiva, por exemplo na região da Lombardia, na Itália, uma das mais afetadas pela pandemia do coronavírus. Os 52 membros da brigada médica Henry Reeve, 36 médicos, 15 enfermeiros e um especialista em logística, desembarcaram em na região em 22 de março. “Vocês chegaram no momento mais dramático e se esforçaram para transformar o lamento em dança, uma dança coletiva que mostra que heróis solitários não vencem as grandes batalhas”, afirmou a prefeita de Crema, Stefania Bonaldi, durante um evento em homenagem aos profissionais.

Trabalho no Brasil

Os médicos cubanos também notabilizaram-se por sua excepcional atuação no Brasil durante o mandato de Dilma Rousseff. Entre 2013 e 2016, um convênio do governo federal com Cuba garantiu o atendimento de saúde a mais de 63 milhões de brasileiros. Até a chegada dos mais de 14 mil médicos cubanos, 700 municípios não tinham profissionais de saúde para atender a população, muitos deles pelo fato de profissionais brasileiros se recusarem a trabalhar no interior. Com a eleição de Jair Bolsonaro, os profissionais cubanos foram rechaçados do país, deixando milhões sem atendimento.

“Para nossa gente mais humilde, a extinção do  programa será uma perda irreparável a curto e médio prazos”, previu, acertadamente, a ex-presidenta Dilma Rousseff, quando do fim do convênio, no fim de 2018. “O fim do Convênio entre o governo de Cuba e a Organização Panamericana de Saúde (OPAS), sob o qual era  garantida a participação dos médicos cubanos no “Programa Mais Médicos”, deve-se a declarações intempestivas do presidente eleito Jair Bolsonaro, que ignora  a dimensão diplomática que cerca a relação entre países”, apontou Dilma, lembrando os ataques de Bolsonaro aos profissionais de saúde.

“Em especial, ofende a exigência de respeito aos convênios legalmente firmados, bem como à civilidade necessária aos acordos  de cooperação entre nações”. Em abril de 2016, o programa tinha 18.240 médicos, a maioria cubanos.

“Cuba exporta vida”

Em março deste ano, diante da pandemia de Covid-19, o governo de Bolsonaro abriu edital de convocação para trazer de volta os médicos cubanos. Em maio, os primeiros 159 médicos cubanos autorizados a trabalhar novamente no programa foram anunciados pelo governo.

“Que bom seria se tivéssemos, como Cuba, médicos até para exportar para outros países! Que coisa bonita uma ilha latino-americana que exporta médicos para o mundo. Muito melhor do que países ricos que exportam soldados e derrubam bombas em comunidades pobres. Cuba exporta vida, carinho, saúde”, escreveu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em dezembro de 2018.

Campanha

As entidades criaram o e-mail nobelpaixmedcub@gmail e a página do Facebook ‘Prêmio Nobel das Brigadas Médicas Cubanas’ para angariar apoio público à campanha.

Acesse o link para assinar a petição:

https://www.cubanobel.org/assine_a_peticao

https://www.cubanobel.org/firma_la_peticion

Da Redação

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