CUT e movimentos entregam pedido de impeachment de Bolsonaro

Representantes de organizações populares entregaram na manhã desta terça-feira (14) à Câmara dos Deputados um novo pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Próximo passo é mobilizar sociedade pelo impeachment , afirmou o presidente da CUT, Sérgio Nobre.

Gabriel Paiva

Movimentos populares pedem impeachment de Bolsonaro em Brasília

O documento é assinado por mais de mil entidades, entre elas a Central Única dos Trabalhadores, Movimento dos Sem Terra, Movimento Negro Unificado, União Nacional dos Estudantes, União Brasileira dos Estudantes Secundaristas e Articulação dos Povos Indígenas. A iniciativa também recebeu o apoio de artistas como Chico Buarque, do economista Bresser-Pereira e do ex-jogador e comentarista Casagrande, entre outras personalidades.

Segundo o pedido de impeachment que soma mais de 130 páginas, desde o início do seu mandato, Bolsonaro “vem incidindo, de maneira grave, reiterada e sistemática em ofensas à Constituição da República. Ao adotar esse padrão de desrespeito à supremacia incontrastável do texto constitucional, o mandatário parece apostar na tolerância e naturalização de tais violações”.

Ainda segundo a justificativa das organizações, ao cometer os crimes listados, o presidente aposta na desconstrução de um projeto democrático iniciado a partir de 1988, com o estabelecimento da Constituição Federal atual.

A conduta do presidente vem “ocasionando graves violações de direitos humanos em diversos matizes e pondo em marcha severas ameaças à vida, à saúde, à integridade física, à higidez ambiental e à segurança alimentar de milhões de brasileiros”, cita um trecho do documento.

Foto: Gabriel Paiva

Fora Bolsonaro

Os militantes que participaram do ato simbólico de entrega do pedido de impeachment ocuparam o gramado em frente ao Congresso Nacional. Eles fincaram cruzes no chão para simbolizar as vidas perdidas em consequência do descaso do governo de Bolsonaro à pandemia do coronavírus no país.

O presidente da CUT, Sérgio Nobre, afirmou que as entidades não têm a ilusão de que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), dê andamento ao pedido de impeachment. Maia já havia anunciado publicamente que “impeachment se dá por clamor popular”, lembrou Sérgio que explicou que o pedido é apenas o primeiro passo da campanha pelo Fora Bolsonaro.

“Não temos ilusão de que eles vão aprovar o pedido se não tiver pressão popular. O passo mais importante vem agora e é mobilização com o povo brasileiro pedindo nas ruas para que o Brasil volte a ter esperança e volte a crescer”, disse Sérgio Nobre.

“Se Bolsonaro não for impedido, vai haver uma crise social sem precedentes no Brasil. É condição para a classe trabalhadora o ‘fora Bolsonaro’”, disse Sérgio, se referindo não só à crise sanitária, mas também à crise econômica que o Brasil enfrenta.

O coordenador-executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Kretã Kaingang, chamou a atenção para o genocídio indígena promovido pelo presidente. “O genocídio contra os povos indígenas sempre existiu, mas com o governo Bolsonaro a situação piorou. O presidente invadiu nossas terras permitindo a grilagem. Os povos indígenas pedem o Fora, Bolsonaro”, clamou.

Para Alexandre Conceição, do MST, a entrega do pedido de impeachment é “um passo para vencer Bolsonaro, destruir o governo e construir democracia e vida no Brasil”. “Estamos aqui contra um governo que destrói nossa soberania, nosso meio-ambiente, nossa Amazônia, que assassina indígenas, negros e quilombolas e que não se comove com as mais de 73 mil mortes no Brasil. Ao contrário, espalha mais o vírus”, disse.

Iago Montalvão, presidente da Une, afirmou ser porta-voz de mais de 200 entidades naquele momento, que se somaram à iniciativa e apoiaram o pedido de impechment. “No Brasil, os estudantes já entendem que não há mais possiblidade de continuar com esse governo, da morte, em meio à pandemia. Não é possível que haja um governo que não se preocupa com a vida do povo”, disse Iago.

Para Vilmara do Carmo, da Marcha Mundial das Mulheres, o pedido de impeachment é um passo essencial na luta contra o governo Bolsonaro, mas a mobilização é necessária para que o processo tramite na Câmara.“Temos certeza que ao nos livrarmos da pandemia seremos milhares em todas as cidades do Brasil para derrubar o governo que ataca direitos de mulheres, crianças, ataca a questão ambiental desrespeitando indígenas. Mas hoje estamos aqui para exigir que a chapa Bolsonaro/Mourão seja cassada e vamos seguir em marcha até que o país esteja livre desse tipo de gente”, enfatizou.

Foto: Gabriel Paiva

Mobilização popular

O documento foi recebido pelos deputados Carlos Zarattini, Erika Kokay, Paulo Pimenta e Natália Bonavides, todos do Partido dos Trabalhadores (PT), e deve brevemente ser repassado ao presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

“Vamos encaminhar o documento e lutar para que, dentro do Congresso, o pedido siga em frente, seja analisado, que Maia abra o processo, e para isso, precisamos de mobilização popular contra esse genocida entreguista que quer acabar com o povo brasileiro”, afirmou Zarattini.

A deputada Erika Kokay reforçou o empenho dos deputados para que o pedido tramite na Câmara. “É um pedido para que o país possa apurar os crimes desse [Bolsonaro], que estufa o peito do fascismo para se perpetuar no poder e só se preocupa em dominar o Estado brasileiro, colocando-o a serviço de seus interesses”.

O deputado Paulo Pimenta também apontou a necessidade de mobilização para que o processo de impeachment vá em frente na Câmara.

“Não existe outro caminho que não seja da luta, da organização e da resistência popular para derrotar esse governo genocida e criminoso de Bolsonaro e da gangue de milicianos que tomaram de assalto o país”, disse o deputado.

A deputada Natália Bonavides reforçou que “nesses momentos é que o povo brasileiro dispensa suas maiores energias em defesa da democracia”.

Da Redação, com Brasil de Fato e CUT

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