Democracia e Lula Livre são temas do 9º Congresso dos Metalúrgicos do ABC

Evento começou em 2018, mas foi interrompido com a prisão do ex-presidente Lula. Atividades foram retomadas nesta quinta-feira (18) e ocorreram até este sábado (20)

Paulo Pinto

É impossível falar sobre a democracia brasileira sem mencionar o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A entidade é precursora dos movimentos trabalhistas que culminaram com a queda do regime ditatorial no Brasil. É também berço da maior liderança política do país Luiz Inácio Lula da Silva, o homenageado do 9º Congresso da entidade realizado no final desta semana.

O evento havia começado em 09 março de 2018, mas foi interrompido no mês seguinte devido à prisão de Lula, após três dias de resistência histórica do povo e seu ex-presidente ali mesmo, no prédio da entidade que Lula chama de “sua escola política”.

Por tudo isso, o 9º Congresso do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC – retomado na quinta-feira (18) e encerrado neste sábado (20) – falou especialmente sobre a defesa da democracia, tendo a luta por Lula Livre como peça central desse processo.

A dependência entre esses dois pontos foi resumida pela presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, convidada da mesa de encerramento do Congresso:

“Nós queremos, em primeiro lugar, Lula Livre. Lula é vítima de uma prisão injusta porque é um homem inocente em um processo forjado. Mas sobretudo porque sua prisão representa a prisão do povo brasileiro. Do sonho das pessoas, de um momento diferente em 500 anos de história desse Brasil. A primeira vez em que as pessoas começaram a ter dignidade de poder consumir, trabalhar, ver o país respeitado lá fora…”, afirma.

Nesse sentido, destaca a simbologia da injustiça contra Luiz Inácio Lula da Silva para o povo brasileiro. “Eles prenderam Lula para dizer que o trabalhador não tem vez. E nós vamos dizer dizer ‘não’. Temos que lutar para libertar Lula para dizer que ‘não, os trabalhadores é quem tem que estar no poder'”.

Lula Livre foi grito uníssono no Congresso

A importância da luta pela liberdade do ex-presidente também foi um dos temas da fala do líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Guilherme Boulos (PSOL). Ele afirma que é preciso muita mobilização para reverter esse cenário de retrocessos que se instaurou pelo país e que essa mobilização passa pela luta por Lula Livre. “A luta por sua liberdade se confunde com a luta pela democracia brasileira porque Lula é um preso político”.

Ao falar sobre esses tempos sombrios, destacou a importância histórica do Sindicato dos Metalúrgicos, conclamando os trabalhadores brasileiros a manter esse espírito de luta contra os retrocessos do governo de Jair Bolsonaro (PSL), incluindo uma nova reforma trabalhista ainda mais nefasta que a aprovada por Temer em 2018.

“Essa categoria foi decisiva para que pudéssemos estar lutando contra Bolsonaro, decisivo para que se derrubasse a ditadura militar. As greves lideradas por esse Sindicato ajudaram a conquistar a democracia que temos hoje no país”, declara. E acrescenta que é preciso “luta junto” para “construir uma alternativa de futuro para o país”.

A fala vai ao encontro do que disse o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile que também demonstra esperança ao falar sobre o poder que a mobilização pode ter contra o retrocesso. “Na história, tudo tem contradição. E as contradições da direita, do capitalismo e do atual governo estão criando brechas para que a classe trabalhadora se reúna e crie unidade”, contextualiza.

Essa unidade, para Stédile, precisa ser feita a partir de quatro eixos: Lula Livre; defesa da educação brasileira e da soberania nacional e contra a reforma da Previdência.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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