Desemprego assombra EUA e deixa 14 milhões sem trabalho no Brasil

Enquanto Joe Biden busca saídas para a crise e a retomada da economia com geração de emprego na América, Jair Bolsonaro não tem qualquer proposta para reduzir a crise, que vai se aprofundar com o fim do auxílio emergencial a partir de janeiro. Nesta segunda-feira(21) , Congresso dos EUA aprovou pacote de US$ 900 bilhões de ajuda para enfrentamento da pandemia. Aqui, Bolsonaro suspende pagamento de benefícios a partir da próxima semana

A recuperação da atividade econômica e do desemprego nos Estados Unidos está deixando 10 milhões de trabalhadores para trás, sem perspectiva de trabalho. O presidente eleito Joe Biden sinaliza com medidas para a geração de emprego e garantia de renda. O Congresso dos EUA aprovou nesta segunda-feira um pacote de ajuda de US$ 900 bilhões para famílias e empresas atingidas pela pandemia do coronavírus.

Outras medidas estão em estudo mas, no Brasil, o governo de Jair Bolsonaro não tem qualquer proposta para atenuar a crise, que vai se agravar a partir de janeiro quando o governo cessa o pagamento do auxílio-emergencial, que aliviou a crise e só virou realidade por pressão da oposição no Congresso Nacional. O governo queria conceder benefício de R$ 200. Foi a oposição que pressionou por R$ 600. Agora, o país se aproxima de um abismo, com a suspensão da linha de benefício social que reduziu a crise e evitou que 15 milhões de brasileiros caíssem na pobreza.

O governo está paralisado e não tem qualquer proposta para reativar a economia. Enquanto a atividade industrial continua em ritmo lento, incapaz de retornar aos patamares anteriores a 2019, a falta de investimentos do Estado e o corte de gastos aprofundará a crise em 2021. A perspectiva para o próximo ano é sombria, na avaliação de economistas.

“Com o fim do auxílio, as pessoas vão procurar trabalho e o desemprego vai explodir”, prevê o economista Bruno Moretti, formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), mestre em economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e doutor em sociologia pela Universidade de Brasília (UnB). “Mesmo saindo muita gente do mercado de trabalho, a população desempregada subiu 1,5 milhão no terceiro trimestre de 2020 em relação ao mesmo trimestre de 2019”, aponta. “Se as pessoas não tivessem saído do mercado, seria uma tragédia ainda maior agora, adiada para o início de 2021”.

Desemprego recorde

Em setembro, o Brasil contabilizou oficialmente 14,1 milhões de desempregados. Em setembro de 2019, este contingente era de 12,5 milhões. O número é muito maior, entretanto, na opinião de Moretti. “O drama é que muita gente saiu do mercado de trabalho na pandemia, inclusive porque não tinha perspectiva de conseguir emprego. Então, a taxa de desemprego está ‘camuflada’ porque as pessoas nem estão procurando”, aponta.

Em um ano, o Brasil perdeu 1,3 milhão de postos de trabalho. Desde maio, menos da metade da população em idade para trabalhar está ocupada. O contingente equivale a toda a população de Cuba, a ilha caribenha que tem 11,4 milhões de habitantes. A previsão da própria equipe econômica liderada pelo ministro Paulo Guedes é que o desemprego deve chegar a 18% no próximo ano.

A edição desta semana da revista inglesa The Economist avalia que o Brasil terá escolhas difíceis para 2021 e que a pobreza no país vai aumentar, explodindo também a taxa de desemprego, a mais alta de todos os tempos, e que deve piorar no próximo ano. Tudo por conta do fim do pagamento do auxílio emergencial, que ajudou as famílias brasileiras a enfrentar a pandemia do novo coronavírus, mas que, apesar dos gastos extraordinários aprovados pelo Congresso – por força da pressão do PT e dos partidos de oposição – levou à perda de 28% dos rendimentos dos mais pobres no Brasil em 2020. Milhões cairão na pobreza. Estimativas apontam que o Brasil terá 25 milhões de pessoas na fila do desemprego em 2021.

Da Redação

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