Djamila Ribeiro é a nova secretária-adjunta de Direitos Humanos de SP

A filósofa ligada a luta por temas feministas e de valorização da população negra passa a integrar a prefeitura de Fernando Haddad

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Para ela, é importante o cargo ser ocupado por uma mulher negra

Filósofa, feminista e militante contra o racismo. Em convergência com a visão progressista do prefeito Fernando Haddad (PT-SP), a filósofa Djamila Ribeiro tomou posse nesta quinta (19) como secretária-adjunta na Secretaria Municipal de Direitos Humanos de São Paulo, pasta sob comando do advogado Felipe de Paula.

Djamila é mestre em Filosofia Política pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e escreve para a revista Carta Capital. Em seu gabinete, no centro da capital, a nova secretaria-adjunta recebeu a equipe da Agência PT. Ela exaltou a importância da Secretaria de Direitos Humanos e, em especial, o olhar que a pasta oferece à questão racial na cidade.

“Em tempos políticos tão conturbados, integrar a Secretaria Municipal de Direitos Humanos é uma resposta a todo retrocesso que vem acontecendo. É uma secretaria-chave de pensar em ações para os grupos historicamente discriminados”, afirmou.

“Em tempos políticos tão conturbados, integrar a Secretaria Municipal de Direitos Humanos é uma resposta a todo retrocesso que vem acontecendo. É uma secretaria-chave de pensar em ações para os grupos historicamente discriminados”

Para ela, é importante o cargo ser ocupado por uma mulher negra, mas não é o que basta por si só. “É óbvio que é importante ter mulheres nesses espaço, e ter mulheres negras, mas precisam ser pessoas comprometidas com uma agenda progressista. Na Secretaria, teremos condições de fazer um trabalho realmente comprometido, porque existe essa agenda e essa possibilidade”.

Ela diz que, inicialmente, vai dar prioridade às questões relativas à juventude. “Sabemos como a juventude negra, de maneira geral, ainda está extremamente apartada da cidade, a questão da violência que sofrem. É muito importante ter esse olhar e essa perspectiva racial das políticas”.

A filósofa destaca os cursos de formação aos professores em relação à Lei 10.639/03 como as ações importantes da Prefeitura, que determina o ensino de história africana e afro-brasileira nas escolas.

Retrocesso federal
Djamila vê com preocupação o fato de o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos tenha sido extinto. Ela se mostra ainda mais temerária que esses temas passaram a estar sob o Ministério da Justiça, comandado por Alexandre de Moraes, ex-secretário de Segurança do Estado de São Paulo, de Geraldo Alckmin (PSDB-SP).

“É um recado muito explícito de como esse governo ilegítimo que está agora no poder vai tratar as nossas reivindicações. É o olhar de reduzir  direitos, de criminalizar os movimentos e, com certeza, de pautar as nossas questões por um olhar violento, que não contempla de forma alguma o que nós reivindicamos”.

“É preciso entender o que significa de fato os efeitos do racismo. Quando se entende isso, jamais se vai ser contra políticas de ações afirmativas e políticas de inclusão”

De acordo com ela, é um desafio falar de questão racial para a população. “A gente vive em um país fundado sob o mito da democracia racial. As pessoas ainda não têm a percepção de quanto o racismo é um sistema de opressão que nega direitos à população negra no Brasil”.

Ela, porém, vê a questão com esperança.

“É preciso entender o que significa de fato os efeitos do racismo. Quando se entende isso, jamais se vai ser contra políticas de ações afirmativas e políticas de inclusão”, finalizou.

Por Bruno Hoffmann, da Agência PT de Notícias

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