Documento comprova esquema ilegal de mensagens no WhatsApp

Coordenador de campanha de Alckmin revelou ter sido procurado pela Croc Services, uma das empresas envolvidas no esquema que teria favorecido Bolsonaro

A Folha de S. Paulo obteve uma troca de emails que confirma que a Croc Services, uma das empresas envolvidas no esquema ilegal que teria favorecido Jair Bolsonaro (PSL), ofereceu disparos em massa por WhatsApp à campanhas políticas, nas Eleições 2018. Segundo a reportagem, a empresa ofertou, em 30 de julho, diversas opções de mensagens para Geraldo Alckmin (PSDB).

O coordenador da área digital da campanha do tucano, Marcelo Vitorino, disse que a Croc Services formalizou uma proposta de R$ 8,7 milhões, usando nomes e números de celulares obtidos pela própria agência, e não pelo candidato, o que é ilegal.

A compra de serviços de disparo de WhatsApp por empresas para favorecer um candidato configura doação não declarada, além de vir de pessoa jurídica, o que é vedado pela legislação eleitoral.

Segundo Vitorino, a campanha tucana comprou apenas a lista de telefones de militantes e membros do próprio PSDB e de apoiadores que forneceram dados nas redes de Alckmin, o que não é considerado ilegal. O coordenador disse ainda que pagou R$ 495 mil pelos disparos, a R$ 0,09 cada um.

Vitorino também revelou, ao jornal O Globo, que a empresa DOT Group ofereceu a entrega de disparo de mensagens por WhatsApp para até 80 milhões de pessoas, por meio de cadastro de terceiros. A oferta ocorreu na sede do PSDB em Brasília, em 11 de julho e também foi rejeitada, segundo o coordenador.

Bolsonaro beneficiado pelo esquema

Para o coordenador tucano, Bolsonaro foi beneficiado pelo esquema ilegal de mensagens. “Pelo volume de mensagens geradas em favor do Bolsonaro, é possível que sua campanha tenha sido beneficiada, mesmo que ele não tenha conhecimento pleno”, disse.

Vitorino afirmou que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já tinha conhecimento de que empresários estão violando a lei eleitoral e comprando serviços de propaganda para candidatos. O coordenador fez referência à denúncia que fez contra Luciano Hang, dono da Havan, que também é uma das envolvidas no esquema para favorecer Bolsonaro. O empresário foi multado em R$ 10 mil pelo TSE por ter impulsionado publicações no Facebook para promover o candidato do PSL.

“O envolvimento de empresários em defesa de candidatos já foi comprovado pelo TSE, que, ao receber denúncia da campanha de Alckmin sobre o impulsionamento irregular de conteúdo, multou um empresário. Como não há nenhum tipo de monitoramento ativo, por parte das autoridades, é provável que muitos outros empresários tenham também feito impulsionamentos de políticos”, disse.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da Folha de S.Paulo

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