Em plena seca, Exército corta fornecimento de água para o semiárido mineiro

Sob alegação de falta de dinheiro, os caminhões da Operação Pipa deixarão de fornecer o precioso líquido para cerca de 12 mil moradores da região

A tragédia proporcionada pela seca que atinge toda a região do semiárido de Minas Gerais poderá ficar ainda maior, após o anúncio feito pelo Exército Brasileiro de que irá corta a distribuição de água potável feita por caminhões-pipa para os municípios do Vale do Jequitinhonha e do norte de Minas Gerais. A decisão do Exército ocorre justamente no período de plena seca.

Somente este ano, um total de 127 municípios mineiros, localizados na região norte ou nos vales do Jequitinhonha e do Mucuri, já decretaram estado de emergência justamente por conta da seca que castiga essas regiões. E a situação da falta de água no semiárido piora a cada ano.

Reportagem do jornal Folha de S. Paulo teve acesso a um comunicado do Exército, emitido pelo 55º Batalhão de Infantaria do Exército, com base em Montes Claros, cidade polo do norte de Minas, que informa os prefeitos sobre a suspensão do fornecimento de água, através do programa denominado de Operação Pipa.

O programa foi criado há mais de 20 anos e chega a nove estados: além de Minas Gerais, atende ainda a Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Os caminhões do programa atendem as populações de localidades que ficam mais afastadas das suas sedes municipais.

“É um absurdo que as Forças Armadas, que tem feito muito pouco em relação ao combate à pandemia, agora também se neguem a dar continuidade a um programa de abastecimento de água em um momento em que o nosso povo do norte de Minas mais precisa. Estamos vivendo no país uma crise hídrica e é preciso que essas políticas públicas tenham continuidade”, afirmou o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG)

O deputado federal Reginaldo Lopes(PT-MG) informou que está apresentando um requerimento de pedido de informação via presidência da Câmara Federal e diretamente ao Ministério da Defesa e Exército a respeito dessa medida que terá efeitos drásticos para o semiárido mineiro.

“É um absurdo que as Forças Armadas, que tem feito muito pouco em relação ao combate à pandemia, agora também se neguem a dar continuidade a um programa de abastecimento de água em um momento em que o nosso povo do norte de Minas mais precisa. Estamos vivendo no país uma crise hídrica e é preciso que essas políticas públicas tenham continuidade”, afirmou Reginaldo.

O parlamentar destaca ainda que o governo Bolsonaro “acabou com o PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, que previa a construção de barragens, barraginhas e poços artesianos, que seriam obras mais estruturais para o combate à seca”.

Diante disso, o deputado petista enfatiza que o governo deve continuar dando apoio assistencial às pessoas que são atingidas pela falta de água, já que em pleno século 21 ainda não existe nenhuma política efetiva com relação ao problema.

O Exército alega falta de verbas para dar continuidade ao programa, sendo que o corte do fornecimento se dará a partir de 20 de setembro e ficará suspenso até o mês de dezembro de 2021.

A medida traz uma grande preocupação aos prefeitos dos municípios atingidos que afirmam não possuírem recursos para levar água potável às localidades atendidas pelos caminhões da Operação Pipa. Um total de 13 veículos faziam a distribuição de água na região, beneficiando 11.916 moradores, de acordo com os dados da reportagem.

Da Redação, com informações da Folha de S. Paulo

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