Em programa, Al-Jazeera expõe farsa do impeachment de Dilma

Em programa, debatedores explicaram para o público internacional porque o impeachment é golpe e porque o argumento do combate à corrupção é falso

Um programa televisivo de meia hora no canal Al Jazeera expôs mais uma vez, nesta segunda-feira (25), para o mundo a farsa que é o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. No programa, que ouviu debatedores brasileiros, os participantes abordaram a falta de base jurídica para o processo.

“Esse processo de impeachment é errado. É organizado por pessoas envolvidas em esquemas de corrupção. Eu não entendo o apoio disso por pessoas que querem o fim da corrupção. As pessoas estão sendo manipuladas”, afirmou a cineasta Betty Martins.

Já a economista da Universidade de São Paulo (USP) Laura de Carvalho lembrou que a presidenta Dilma Rousseff não cometeu nenhum crime. “Argumentos como impopularidade e erros do governo não são motivos para impeachment de ninguém. As pessoas estão esquecendo completamente das bases legais e jurídicas e dos fatos reais nesse processo”, afirmou ela.

Durante o programa, Carvalho também reforçou o Brasil vive no sistema presidencialista, que não suporta o voto de desconfiança. Ou seja: o Congresso não pode depor a presidenta, a não ser que exista um crime de responsabilidade – o que não houve. “Por isso é um golpe parlamentar”, explicou a economista. “Aconteceu no Paraguai (na deposição do então presidente Fernando Lugo, em 2012) e está acontecendo agora no Brasil”.

O programa também transmitiu a fala de Dilma em que ela afirma já ter lutado muito pela democracia em tempos de ditadura e que sente que, agora, seus sonhos estão sendo novamente torturados. Nesse momento, Martins afirmou sentir bastante empatia pela presidenta. “Acho que ela teve um papel importante na democracia do Brasil. Eu respeito ela. O impeachment não faz sentido. A corrupção nunca foi tão investigada quanto agora”, afirmou a cineasta.

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Em outro momento, foram mostrados ao público tuítes e uma charge do cartunista Carlos Latuff, em que a população se aperta em um pequeno buraco enquanto sustenta com os próprios braços a “Ponte para o Futuro Furto”, em uma paródia da  proposta econômica de Michel Temer que vai prejudicar a população mais pobre e ajudar os mais ricos.

“As pessoas que as apoiam o impeachment não estão felizes com os progressos sociais e políticos afirmativas implantadas pelo PT”, afirmou Martins, para quem o impeachment envolve uma questão de luta de classes.

Em determinado momento, a própria apresentadora do programa discordou de um dos argumentos da debatedora que defendia o impeachment. Renata Barreto afirmou que não gostava dos discursos da presidenta. E a apresentadora rebateu: “Mas isso você está falando que não gosta do estilo. Eu não estou segura se isso é motivo para um impeachment”.

Veja aqui o programa na íntegra.

Desde o início do processo de impeachment de Dilma, outros diversos veículos internacionais denunciaram o golpe em curso no Brasil e manifestaram preocupação com a condução do caso por Eduardo Cunha (PMDB).

Por Clara Roman, da Agência PT de Notícias

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