Email liga superintendente do DAEE de Alckimin ao trensalão

Tejofran é alvo de novo caso de irregularidades em licitação do governo paulista

O superintendente do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), Alceu Segamarchi, atrasou e direcionou as licitações a favor da Tejofran. É o que indica um e-mail encontrado por autoridades federais. De acordo com a mensagem obtida pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), o funcionário do governo Geraldo Alckmin (PSDB) deixou de realizar concorrências públicas para favorecer a Trail, do grupo Tejofran, também envolvido no escândalo do Trensalão tucano.

O e-mail foi escrito em 29 de maio de 2013, pela diretora da Tejofran, Henriqueta Giolito Porto. Na mensagem, ela conversa com seu irmão e diretor da empresa, Telmo Porto, sobre uma reunião que teve com Segamarchi. Segundo ela, o superintendente afirmou que deixou de realizar concorrências públicas para favorecer a empresa na construção e manutenção de piscinões no estado. O objeto da concorrência seria a implantação de uma Parceria Público-Privada (PPP), para a realização da obra.

O edital havia sido lançado em março de 2013, no valor estimado de R$ 3,8 bilhões. O DAEE é o órgão que gere os sistemas de água de São Paulo e é um dos responsáveis pela administração da atual crise decorrente da escassez de chuva no estado. Ainda de acordo com o e-mail, Segamarchi também propôs no negócio uma parceria da Trail com outra empresa de engenharia, a Enger.

“Para o Alceu, o gerenciamento dos piscinões é o melhor dos gerenciamentos e, se a Trail não levar a PPP, levará o gerenciamento. Se ganharmos a PPP, levaremos outro gerenciamento (Baquirivu, Barragens, Água Limpa, etc. etc.). Falou em nos casar com a Enger”, disse Henriqueta na mensagem.

Cinco meses depois do envio do e-mail, o DAEE classificou o consórcio integrado pela Trail e pela empresa Técnica, do grupo Delta, em primeiro lugar na licitação da PPP, como supostamente queria Segamarchi. Em janeiro deste ano, o governo Alckmin cancelou a licitação da PPP dos piscinões, alegando motivos técnicos para encerrar a concorrência.

Esse não é o primeiro escândalo envolvendo executivos da Tejofran com irregularidades de contratos do governo tucano. Outras duas mensagens achadas na busca apontam ação suspeita da Tejofran em relação ao Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e à Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). Ambas levaram à abertura de investigações pelo Ministério Público.

Além disso, a empresa é alvo de investigações sobre a participação no trensalão, cartel que fraudou licitações de trens em São Paulo entre 1998 e 2008.

 

Por Camila Denes, da Agencia PT de Notícias

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