Encontro do clima em Paris ressalta caráter obrigatório do acordo global

Discussões técnicas para conter aquecimento global prosseguem até próximo sábado, mas Dilma e Obama condicionam ações à compulsoriedade de sua aplicação

Paris - França, 30/11/2015. Presidenta Dilma Rousseff posa para foto oficial durante 21º Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima – COP21. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

O esforço dos 195 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) para conter o aquecimento global de 2 graus celsius, estimados pela ciência para até o final deste século XXI, pode salvar a sobrevivência de muitos de nossos descendentes, acreditam os participantes da COP21.

O evento que tenta um acordo multilateral para salvar o meio ambiente planetário teve início na última segunda-feira (30) e só termina no próximo sábado (12). Mais de 150 presidentes ou chefes de governo estiveram presentes à abertura, entre os quais a presidenta Dilma Roussef.

Evitar o “esquentamento” do planeta, provocado por gases de efeito estufa”, é a principal preocupação de todos os presentes à Paris pós-ataque terrorista.

O entendimento geral é que todos devem estar aliados e dispostos a cumprir o acordo – talvez essa mensagem seja o principal resultado da primeira semana do encontro das partes na capital francesa.

Mas, por enquanto, o que os primeiros dias de debates produziram de mais importante foi a proposta dos presidentes do Brasil, Dilma Rousseff, e dos Estados Unidos, Barack Obama, para que o futuro acordo tenha força de lei internacional, de aplicação obrigatória pelos signatários.

“Nosso acordo não pode ser apenas uma simples soma das melhores intenções de todos. Ele definirá caminhos e compromissos que devemos percorrer para juntos vencer o desafio planetário do aquecimento global”, discursou Dilma.

“A melhor maneira de construir soluções comuns para problemas comuns é a nossa união em torno de um acordo justo, universal e ambicioso, que limite neste século a elevação da temperatura média global em 2ºC. Para isso devemos construir um acordo que seja também, e fundamentalmente, legalmente vinculante”, defendeu a presidenta.

Reencontro com a vida futura – A sensibilização internacional com os acontecimentos do último dia 13 de novembro na capital francesa é vista como motivação central para o início do reencontro humano com a vida futura, após a cidade abrigar uma tragédia com 130 mortes patrocinadas pelo Estado Islâmico (EI).

Para os observadores internacionais, dar início a esse processo não é apenas uma questão de sobrevivência da espécie sobre a face maltratada do planeta terra, mas de revigoramento da clássica resistência parisiense à violência, que marcou a guerra mundial dos anos 40 – a maior de todas as violências humanas.

Se nada for feito – e disso todo líder que esteve em Paris sabe – o aquecimento global será imbatível no quesito aniquilação do semelhante.

A diferença é que, dessa vez, o inimigo é comum a todos: o efeito estufa provocado pela emissão de gases, especialmente o CO² da queima de combustíveis fósseis, não renováveis.

“Cabe ao acordo de Paris propiciar as condições para que todos os países em desenvolvimento possam trilhar os caminhos da economia de baixo carbono superando a extrema pobreza e reduzindo as desigualdades”, acentuou a presidenta Dilma, que se preocupa também com a adoção de mecanismo de revisão do acordo a cada cinco anos.

Entre as iniciativas para frear o aquecimento, a presidenta destacou os esforços brasileiros para conter o desmatamento na Amazônia ao longo da última década. “As taxas de desmatamento na Amazônia caíram cerca de 80%”, destacou Dilma.

Ela também citou o modelo de agricultura de baixo carbono adotado pelo país e a ampliação da participação de energias renováveis da matriz energética nacional como contribuições importantes.

O Brasil almeja ainda reduzir em 43% as emissões de gases causadores do efeito estufa até o ano 2030, com base no cenário de 2005.

“Trata-se de uma meta de redução absoluta para o conjunto da economia. Ela é, sem dúvida, muito ambiciosa e vai além de nossa parcela de responsabilidade pelo aumento da temperatura média global”.

Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias

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